Desbravar o Espírito Santo sempre foi um desejo na vida da aposentada Rogéria Siqueira Quintão, de 56 anos, mas a dedicação ao trabalho e à família ao longo de boa parte das últimas décadas a impedia de realizar essa meta. Com a aposentadoria, a vontade voltou à tona. E com a ajuda de três amigos, Rosane, Leonardo e a inseparável bicicleta, eles resolverem realizar o contorno geográfico do Estado sobre duas rodas.
Após se recuperar de um acidente sofrido no início do ano, em Piúma, quando fraturou a fíbula após ser atingida por um carro no acostamento, Rogéria e os amigos partiram da casa dela, no bairro Chácara Parreiral, na Serra, em direção à Região Norte do ES, iniciando uma jornada que se prolongaria por 23 dias, totalizando mais de 1,5 mil quilômetros rodados.
"Somos cicloturistas e, há uns quatro anos, depois que me aposentei, comecei a pedalar. Eu tinha essa vontade em conhecer o Espírito Santo todo, e esse desejo era compartilhado por eles também. Durante essa pandemia planejamos como a gente iria fazer e no dia 5 de outubro decidimos partir. Não era só fazer o contorno, nossa ideia era também desbravar e conhecer as belezas que nosso Estado possui", disse Rogéria.
O objetivo era ser o mais fiel possível ao mapa geográfico do Estado, mas como é de se imaginar, um desafio desse porte também conta com o inesperado. Por conta de motivos pessoais, o parceiro do trio teve de retornar para casa, ficando apenas a dupla de amigas no pedal.
"Infelizmente o Leonardo teve de voltar quando já estávamos em Barra de São Francisco. O inesperado faz parte e então seguimos nós duas. Quando adentramos na região Noroeste, não conseguimos margear o Estado tão precisamente porque era um trecho mais complicado. Teríamos de avançar muito para dentro de Minas Gerais e esse não era nosso objetivo, então tivemos que encurtar um pouco o trajeto, mas ainda assim tentamos nos aproximar do desenho do mapa capixaba", ressaltou.
Entre um quilômetro e outro, pausas para conhecer pontos turísticos, provar as delícias das cidades e reencontrar velhos amigos. Por segurança e praticidade, Rogéria e Rosane optaram em ficar em pousadas ao invés de acampar em barraca, mas também houve tempo em que a amizade as acolheu.
"A gente pedalava, mas também parava para comer umas coisinhas gostosas. Não tínhamos pressa ou meta de quilômetro estipulados, íamos de acordo com o que dava para fazer, até porque não usamos GPS para navegação. Era meio que na 'cara e coragem' e no boca a boca com as pessoas. Não chegamos a nos perder, mas passamos por alguns perrengues, especialmente à noite, mas felizmente deu tudo certo. Deu para tomar banho de cachoeira, bater um papo com amigos da bike de outras cidades e seguir nosso destino normalmente. Nem pneu furado nos atrapalhou", disse a aposentada.
Com o objetivo concluído com "95% de precisão", Rogéria já planeja as próximas aventuras. Além do Espírito Santo, ela também é apaixonada pelos estados vizinhos da Bahia e Minas Gerais, porém ela já sabe bem o que tem em mente: Aparecida do Norte. Religiosa, Rogéria aguarda a virada do ano para ir ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no interior paulista, sobre duas rodas.
"Eu já fiz esse percurso, mas fui pelo asfalto. Agora quero fazer pela estrada de chão. Tenho muita fé que conseguirei completar também esse objetivo. Só vou esperar passar o período de festas de fim de ano para em 2021 colocar o pé, ou melhor, o pneu, no chão. Nesta época do ano o fluxo nas estradas aumenta muito e fica perigoso para quem é ciclista. Na hora certa vamos iniciar esse pedal com a bênção de Deus", finalizou Rogéria, que leva o "capixabismo" até nas cores da roupa que usa ao pedalar.
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