No último fim de semana, uma blitz realizada em Vitória flagrou mais de 100 motoristas suspeitos de embriaguez, incluindo um condutor que estava totalmente nu – algo, no mínimo, inusitado. Na mesma noite, ainda na Praia do Canto, uma mulher vomitou durante a abordagem.
Foram tantas "peculiaridades" em apenas algumas horas de trabalho que a reportagem de A Gazeta se questionou: o que não terá acontecido em anos de carreira? Para descobrir a resposta, entramos em contato com quem atua no Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran).
Por meio do capitão Anthony Costa, chefe do setor de comunicação da corporação, chegamos a histórias quase inacreditáveis: há episódio de sexo oral e até de simulação de infarto pelas ruas da Grande Vitória durante as abordagens. Sem contar tentativas de "carteirada" e sedução de policiais militares para tentar escapar da multa.
Tem hora e lugar para tudo, mas parece que há quem não possa esperar. Em uma das fiscalizações do BPTran, o motorista foi abordado recebendo sexo oral. O condutor tentou passar na blitz como se nada estivesse acontecendo, e a mulher só notou quando o carro parou. Já imaginou o constrangimento?
...e fui parado em uma blitz. Poderia me ajudar?" Se a sinceridade fosse total, o diálogo seria praticamente esse. De acordo com relatos de policiais, eram recorrentes casos em que homens foram pegos dirigindo alcoolizados e tiveram que pedir ajuda às esposas, mandando as amantes embora às pressas. Em uma das ocasiões, a mulher chegou com um bebê no colo, e os policiais se revoltaram, ficando em dúvida se contavam a ela que o marido não era fiel.
Há quem recorra a um parente conhecido ou a um flerte para tentar escapar de uma multa, e há quem finja uma parada cardíaca. Essa foi a alternativa encontrada por um senhor que se negou a soprar o bafômetro, quando parado perto de um barranco. O mais curioso é que, antes de cair no chão e rolar morro abaixo devido ao suposto infarto, ele teve o cuidado de tirar os chinelos. Quando a ambulância chegou, o homem se recuperou "milagrosamente". Ou seja, pagou mico e sofreu a infração do mesmo jeito.
Seguindo em direção a Vitória, um motociclista viu uma blitz da Polícia Militar no sentido contrário da Segunda Ponte e teve uma "brilhante" ideia: parou a moto em cima da calçada, atravessou a via e perguntou a um dos policiais se havia outra blitz na Capital. O comportamento, lógico, chamou atenção, e o motorista foi submetido a um teste do bafômetro, que deu resultado positivo. Além disso, ele estava com a CNH suspensa e o licenciamento do veículo atrasado. A moto, então, foi levada para um pátio do Detran e o homem ganhou mais multas para a coleção.
Verão, calor e praia no Espírito Santo: está formada uma ótima oportunidade para se deparar com um mineiro. O problema é que uma turista ficou indignada ao ser abordada na fiscalização da Lei Seca porque estava gastando e contribuindo com a economia do Estado. O policial, claro, explicou que ela era bem-vinda e que podia se divertir à vontade, desde que não pegasse o carro após beber. De bate-pronto ela respondeu: "E quem é que vem à praia e não bebe, meu filho?".
Na blitz do último fim de semana, um motorista desceu do carro e se recusou a fazer o teste do bafômetro. Ao perceber que ele estava mancando, a capitão Melaine perguntou o que tinha acontecido e ouviu que o homem tinha sido atropelado por um motorista bêbado. Quando ele se tocou que estava, agora, na posição do condutor irresponsável, ele começou a chorar e pedir desculpas sem parar. Inconsolável.
Apesar de poder soar como algo proibido, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) não tem artigo que trata de vestimenta mínima necessária para dirigir. O capitão Anthony Costa, do BPTran, confirmou que não há crime ou infração administrativa em dirigir totalmente nu – se for, realmente, apenas isso.
"Se ele estiver em um carro com insufilm escuro, por exemplo, onde ninguém consegue visualizá-lo, é só algo curioso, mas, se ele importunar alguém ou praticar ato libidinoso, é outra história", esclareceu. Nessas hipóteses, o condutor pode ser enquadrado em crimes previstos no Código Penal.
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