Os Estados Unidos são há mais de uma semana o epicentro mundial dos protestos antirracistas desencadeados após a morte por do norte-americano George Floyd por um policial branco. O ex-segurança de 40 anos morreu depois ter o pescoço prensado pelo joelho do agente de segurança pública na cidade de Minnesota no dia 25 de maio.
A capital do país, Washington, é um dos locais que mais registram atos dos manifestantes. Em meio ao turbilhão de manifestações na cidade, está o delegado da Polícia Federal, Eugênio Ricas, que é adido da PF nos EUA - a função é um cargo diplomático mantido pelo Brasil em grandes centros mundiais, incluindo Washington. O adido trabalha dentro da embaixada brasileira e tem o compromisso de ser a "cara" da Polícia Federal em determinado país.
O trabalho serve tanto para apurações nacionais que envolvam brasileiros ou estrangeiros em outro país quanto para investigações relacionadas a estrangeiros no Brasil. Este, contudo, não interfere em investigações no país em que atua, porém faz importante papel de interlocução com autoridades locais.
"Realmente a situação não está fácil. Todos nós temos acompanhado essa situação da pandemia (do novo coronavírus), na qual os Estados Unidos é o epicentro da doença, com 106 mil mortes, e agora para agravar a situação temos esses protestos em mais de 30 cidades. Moro bem pertinho de Washington, e a capital tem sofrido muito tanto com a doença e também com as manifestações. São muitos saques, quebradeira e protestos em frente à Casa Branca", disse Ricas, que também já foi secretário de Controle e Transparência do Espírito Santo.
O delegado salientou que durante os dias, os atos são mais contidos, mas no período noturno o clima fica mais hostil.
"De dia é mais pacífico, mas conforme vão passando as horas e vai chegando à noite, os protestos se tornam violentos, entra uma turma mais propensa a saquear, fazer baderna do que a protestar propriamente dito. Tanto que anteontem (domingo) a prefeita da cidade decretou toque de recolher e ontem (segunda-feira) o toque foi ainda mais cedo. A Embaixada do Brasil orientou que ninguém permanecesse lá depois das 18 horas. A situação por aqui realmente não está fácil. Doenças, saques, protestos, há muita confusão por aqui", detalhou.
Os protestos, inevitavelmente, levam mais pessoas às ruas. Além da segurança pública, essa sequência de manifestações elevou a preocupação das autoridades de saúde norte-americanas em relação a uma segunda onda de casos de coronavírus, como dito pelo delegado federal.
"Sem dúvidas e é um ponto recorrentemente debatido. Existe essa preocupação, pois há muitas aglomerações. A polícia daqui tem utilizado gás lacrimogênio e balas de borracha. Isso faz com que os manifestantes lacrimejem muito, eliminem secreções, o que pode contribuir para uma contaminação ainda maior. Não somente aqui em Washington, mas como nas mais de 30 cidades onde se registram protestos", explicou Ricas em entrevista ao Bom Dia Espírito Santo, da TV Gazeta.
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