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Delegado diz que Georgeval comeu lanche e parecia "frio" em depoimento

Delegado diz que Georgeval comeu lanche e parecia "frio" em depoimento

Júri popular começou nesta terça-feira (18) e outras testemunhas ainda serão ouvidas. Primeiro a ser ouvido foi o delegado do caso

Publicado em 18 de abril de 2023 às 15:41- Atualizado há 2 anos

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Delegado  Romel Pio de Abreu Júnior
O delegado Romel Pio de Abreu Júnior foi o primeiro a ser ouvido no júri. (Bernardo Coutinho)

O delegado Romel Pio Abreu Junior foi a primeira testemunha a ser ouvida no primeiro dia de julgamento do pastor Georgeval Alves Gonçalves, 41 anos, no fórum de Linhares nesta terça-feira (18). Em depoimento, ele afirmou que estranhou o comportamento do pastor dias depois do incêndio que matou os meninos Kauã e Joaquim, de seis e três anos, respectivamente.

Segundo ele, Georgeval "pareceu frio" em depoimento colhido por ele apenas alguns dias depois da morte das crianças. "Nas raras vezes que esboçou o sofrimento, a percepção que tivemos é que ele lembrava que tinha que chorar, demonstrar sofrimento.  (durante o depoimento) Recebeu lanche e comeu. Acho que se eu tivesse feito uma piada ele teria rido."

O delegado presidiu a força-tarefa da Polícia Civil responsável por investigar o caso. Ele apontou que, inicialmente, não chamou a família para depor porque acreditava se tratar de um incêndio comum. Dessa forma, contou que, para preservar o luto da família, optou por intimá-los apenas na semana seguinte. O fogo aconteceu na madrugada de sexta para sábado, entre os dias 20 e 21 de abril de 2018 e o depoimento foi colhido na terça-feira seguinte (24).

Durante esse primeiro depoimento, Georgeval deu a versão de que teria aberto a porta do quarto e tateado a beliche onde dormiam as crianças para tentar salvá-las. A versão foi dada pelo pastor várias vezes na época. Mais recentemente ele deu outra versão, dizendo que não entrou no quarto.

Ainda de acordo com o delegado, testemunhas que chegaram ao local no momento do fogo teriam afirmado que o pastor não teria entrado na casa para resgatar os meninos. 

"As pessoas tentaram entrar sozinhas, em nenhum momento ele tentou fazer alguma coisa, ele ficou inerte, do lado de fora. Outras pessoas entraram na casa e tiveram dificuldade de encontrar o quarto. Ele não tentou entrar, só apontou com gestos como as pessoas deveriam fazer para entrar no quarto das crianças", disse.

A respeito de ferimentos no pastor, o delegado disse que, durante o primeiro depoimento, Georgeval chegou a tirar o sapato para mostrar um ferimento na sola do pé, segundo o delegado, de tamanho "ínfimo" e que ele acredita que tenha sido causada pelo fato de Georgeval ter andado descalço de um lado para o outro no dia do incêndio.

A informação foi rebatida pela defesa do pastor, que apresentou laudo de perito feito na época informando que todos os ferimentos identificados em Georgeva tinham característica de ferimentos provocados pelo fogo.

Questionado pelo Ministério Público se havia indícios de que as crianças tenham tentado fugir ou escapar do fogo, o delegado afirmou que não.

"O beliche ficava a um passo da porta de saída e elas não esboçaram reação, o que ficou comprovado pela prova pericial. Mas o nível de carboxihemoglobina era tão baixo que era incapaz de causar sonolência, o que mostra que elas foram incendiadas, carbonizadas, e morreram dessa forma. Elas foram colocadas naquele local desacordadas e isso impediu que elas tentassem fugir do local", afirmou.

A carboxihemoglobina é uma substância encontrada no sangue de pessoas que respiraram fumaça durante um incêndio e que aumenta quanto mais tempo a pessoa inala fumaça.

O julgamento começou às 9h45 desta terça-feira no Fórum Desembargador Mendes Wanderley, em Linhares. Georgeval será julgado por um conselho de sentença formado por seis mulheres e um homem.

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