O terceiro dia de julgamento começou já em clima tenso entre defesa e acusação durante o depoimento do delegado Janderson Lube, primeira testemunha de acusação a prestar depoimento nesta quarta-feira (25), no Fórum Criminal José Mathias de Almeida Netto, em Vitória. O delegado presidiu o inquérito que apurou a morte da médica Milena Gottardi.
Ao falar sobre o comportamento do réu Hilário Frasson, ex-marido da vítima e acusado de ser um dos mandantes do crime, o delegado afirmou que ele não amava Milena, e sim odiava.
O advogado de defesa do Hilário destacou que essa observação era um julgamento pessoal do delegado. Em seguida, o delegado deu mais detalhes sobre os acessos de Hilário a conteúdos pornográficos logo após a morte de Milena e afirmou que as situações apresentadas "mostram como estava o sentimento dele em relação a esposa".
O advogado de defesa do Hermenegildo observou que o delegado dava pequenos risos durante seu depoimento ao relatar os fatos, o que, na avaliação dele, causava constrangimento.
A defesa pediu que o delegado se abstivesse de julgamentos pessoais e que falasse "de forma objetiva a respeito dos fatos".
As discussões jurídicas entre os advogados e os promotores interromperam os depoimento do delegado, que só foi retomado depois que todos fizeram seus comentários. Houve reclamações de que alguns advogados foram desrespeitosos em sua maneira de falar.
O delegado confirmou que no sábado após o crime, e antes de ir ao Departamento Médico Legal (DML), Hilário Frasson fez acesso a conteúdos pornográficos logo após a morte de Milena. "A esposa tinha morrido 48 horas antes. Chama a atenção da pesquisa pelos conteúdos, sempre com a palavra 'esposa' e 'loirinha'", relatou Janderson Lube. O réu também fez contato com garota de programa cerca de uma semana após o assassinato, segundo confirmação do delegado.
A médica Milena Gottardi, 38 anos, foi baleada no dia 14 de setembro de 2017, quando encerrava um plantão no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam), em Maruípe, Vitória. Ela havia parado no estacionamento para conversar com uma amiga, quando foi atingida na cabeça.
Socorrida em estado gravíssimo, a médica teve a morte cerebral confirmada às 16h50 de 15 de setembro.
As investigações da Polícia Civil descartaram, já nos primeiros dias, o que aparentava ser um assalto seguido de morte da médica (latrocínio). Naquele momento as suspeitas já eram de um homicídio, com participação de familiares.
Ao liberar o corpo de Milena no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, Hilário teve a arma e o celular apreendidos pela polícia. Ele não foi ao velório e enterro, que aconteceram em Fundão, onde Milena nasceu.
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