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Delegado pede apuração da conduta de policiais em acidente que matou Amanda Marques

Delegado pede apuração da conduta de policiais em acidente que matou Amanda Marques

Corregedorias das Polícias Civil e da Militar vão avaliar as condutas dos policiais envolvidos, que não realizaram procedimento padrão com o motorista Wagner Nunes, que até tentou fugir do local do acidente

Publicado em 28 de abril de 2021 às 23:11- Atualizado há 4 anos

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As investigações sobre o acidente que provocou a morte de Amanda Marques, 20 anos, e que deixou namorado dela, Matheus José da Silva, 23, internado, apontaram falhas na conduta de policiais civis e militares responsáveis pela ocorrência, no dia 17 de abril. Ao final do inquérito, o delegado pediu que as atitudes fossem apuradas pelas corregedorias das corporações. 

O acidente em questão aconteceu na Rodovia Darly Santos, em Vila Velha. Amanda e o namorado, Matheus Jose Silva, 23, haviam saído da casa da mãe da jovem, no bairro Jockey, e seguiam de moto para o bairro Divino Espírito Santo, onde moravam. Era Matheus quem pilotava a moto, modelo Honda XRE 300, no momento em que o Toyota Corolla, que seguia no mesmo sentido na pista, atingiu a traseira da motocicleta. O Corolla arrastou vítimas e a moto por cerca de 50 metros até parar.

Amanda morreu no local, enquanto Matheus foi levado por uma ambulância do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência, em Vitória, onde permaneceu internado por 10 dias.

Segundo o levantamento da Delegacia de Delitos de Trânsito, testemunhas contaram no local que o motorista do Corolla, Wagner Nunes de Paulo, tentou arrancar com o carro para escapar, porém, foi impedido por outros motoristas que pararam no local para ajudar os envolvidos na batida.

O relatório final das investigações foi  adquirido pelo repórter Tiago Félix, da TV Gazeta, e apresenta mais pontos incoerentes. 

Ainda na cena do acidente, já com a chegada da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) e da Guarda Municipal, um policial civil chegou ao local em uma viatura descaracterizada e ficou próximo a Wagner, conversando. O policial é amigo da família de Wagner, que também tem policiais civis, e estava de  folga.

Toyota Corolla envolvido no acidente que matou Amanda Marques na Rodovia Darly Santos, em Vila Velha
Toyota Corolla envolvido no acidente que matou Amanda Marques na Rodovia Darly Santos, em Vila Velha. (Reprodução)

Ele tentou tirar o motorista do local para, supostamente, levá-lo à Delegacia Regional de Vila Velha.  Porém, foi impedido pela equipe do Samu e também da guarda municipal.

Ainda segundo consta o relatório da investigação do acidente, o policial civil  teria ameaçado de prisão uma das testemunhas que afirmava que Wagner estava embrigado.

OUTRAS FALHAS

Segundo o relatório da investigação, também houve falha dos PMs que assumiram a ocorrência ao não registrarem em momento algum que Wagner apresentava aparentemente sinais de embriaguez, como relatado por outras testemunhas, ou mesmo sobre a presença do policial civil  junto ao detido nos registros formais necessários. 

Os militares nem sequer completaram os autos de constatação de alteração psicomotora, como é solicitado em caso de acidente onde os condutores se recusam a fazer teste de bafômetro.

Na Delegacia Regional, Wagner permaneceu cercado de familiares durante todo o tempo, procedimento que não é o padrão da Polícia Civil.

Wagner Nunes de Paulo foi preso após acidente com morte em Vila Velha
Wagner Nunes de Paulo foi preso após acidente com morte em Vila Velha. (Redes sociais)

Outra conduta questionada no relatório da Delegacia de Delitos de Trânsito é o fato do delegado de plantão na Delegacia Regional de Vila Velha, para onde o suspeito foi levado,  não ter conduzido Wagner para o exame toxicológico junto à perícia da corporação, onde a recusa do exame - direito que o acusado possui - é documentada adequadamente. 

Uma cópia do procedimento da investigação foi encaminhada para as Corregedorias das Polícias Civil e da Militar para que sejam  avaliadas as condutas dos policiais envolvidos. 

POSICIONAMENTO 

A reportagem de A Gazeta procurou tanto a Polícia Civil quanto a Polícia Militar. A Polícia Civil informou que a Corregedoria da corporação apurará os fatos narrados no relatório do inquérito policial. Já a Polícia Militar respondeu que até o momento não recebeu nenhum documento relativo ao fato e, após tomar conhecimento de todo o conteúdo das peças que envolvem o acidente de trânsito e que foram encaminhadas à Corregedoria, irá instaurar o devido procedimento apuratório.

Amanda Marques e o namorado Matheus José. A moto em que eles estavam foi atingida por um carro em Vila Velha
Amanda Marques e o namorado Matheus José. A moto em que eles estavam foi atingida por um carro em Vila Velha. (Instagram)

INDICIAMENTO

Na data do crime, Wagner foi autuado em flagrante por homicídio culposo - quando não há intenção de matar -  na direção de veículo automotor, previsto no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro. Foi arbitrada uma fiança de R$ 10 mil, que não foi paga, por isso Wagner foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana no domingo (18). 

Dentro do prazo legal estipulado, o delegado Maurício Gonçalves encaminhou à Justiça a conclusão do inquérito policial que investigava o acidente e concluiu que se tratou de um homicídio qualificado por motivo fútil, uma vez que foram reunidos fatos que apontam que Wagner ingeriu bebida alcoólica antes de pegar a direção do Corolla. Fora isso, ainda tentou fugir do local e não prestou socorro às vítimas. 

Wagner continua detido no Centro de Triagem de Viana desde o dia do acidente. A reportagem entrou em contato com o advogado de defesa do motorista, Ramon Coelho, que disse ainda não ter se interado do conteúdo do inquérito e, por isso, não iria se manifestar.

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