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Delegado que cobrou propina para liberar presos no ES é expulso da Polícia Civil

Delegado que cobrou propina para liberar presos no ES é expulso da Polícia Civil

Elizeu de Assis Oliveira estava afastado das funções desde 2011, mas continuava recebendo salário bruto de cerca de R$ 12 mil. Perda de cargo foi determinada pela Justiça

Publicado em 11 de fevereiro de 2022 às 11:45

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O delegado Elizeu de Assis Oliveira foi expulso da Polícia Civil do Espírito Santo após ser condenado por improbidade administrativa. Segundo a Justiça, ele forjou a prisão em flagrante de duas pessoas para cobrar propina de R$ 2 mil e liberá-las da Divisão de Repressão aos Crimes Contra o Patrimônio, em Vitória.

Elizeu de Assis Oliveira estava afastado das funções
Elizeu de Assis Oliveira estava afastado das funções desde 2011. (Arquivo/TV Gazeta)

O caso aconteceu em 2005, mas a condenação só transitou em julgado (quando não cabe mais recurso) em 2021. A perda de cargo foi publicada no Diário Oficial do Espírito Santo no dia 17 de janeiro deste ano. 

Perda de cargo do delegado foi publicada no Diário Oficial do Espírito Santo
Perda de cargo do delegado foi publicada no Diário Oficial do Espírito Santo. (Reprodução/Diário Oficial)

A ação que levou à expulsão do delegado é de autoria do Ministério Público Estadual (MPES). Segundo a denúncia, no dia 25 de julho de 2005, um comerciante e um camelô foram conduzidos por um policial até a Divisão de Patrimônio após uma prisão em flagrante forjada.

Ainda segundo a ação, as vítimas foram mantidas na delegacia sob ameaças e obrigadas a entregar mercadorias (tênis contrabandeados e roupas). Foi exigido que elas pagassem R$ 2 mil (parte em espécie e parte em cheque) para não ficarem presas.

Delegado que cobrou propina para liberar presos no ES é expulso da Polícia Civil

"Enquanto o Y [o nome da vítima foi ocultado] foi mantido na delegacia com o delegado,  uma terceira pessoa pegou o X [o nome da vítima foi ocultado] e, no carro deste, dirigiram-se até a agência bancária no Centro de Vitória, onde a vítima retirou mil reais. Após isto, entraram no carro e regressaram à delegacia, tendo antes exigido que a vítima preenchesse um cheque", diz um trecho da decisão judicial assinada em 2008 pelo titular da 3ª Vara da Fazenda Pública Estadual, Mario da Silva Nunes Neto, que determinou a perda de função do cargo.

Durante o processo, Elizeu teve a prisão preventiva decretada. Ele recorreu da condenação por improbidade administrativa, mas a decisão da Justiça de primeiro grau foi mantida. 

Em pedido de habeas corpus, negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2008, o ministro Hamilton Carvalhido afirmou, no voto, que Elizeu se aproveitou da condição de delegado para "efetuar prisões abusivas e ilegais, com o intuito de obter vantagem econômica".

Elizeu entrou na polícia em 2001. Em 2011, ele foi afastado, mas continuou recebendo o salário de cerca de R$ 12 mil. 

O ex-delegado responde a outros processos criminais por estelionato e corrupção passiva, alguns deles referentes a 2003, quando ele atuava como delegado em Cachoeiro de Itapemirim. 

Em nota, a Polícia Civil disse que o Elizeu já respondeu a Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e foi condenado por improbidade administrativa em ação civil pública, o que levou à demissão do cargo. Também informou que ele estava afastado de suas funções desde 17 de janeiro de 2011.

O OUTRO LADO

Durante duas semanas, A Gazeta tentou, mas não conseguiu localizar os advogados de defesa de Elizeu de Assis Oliveira nem fazer contato com o agora ex-delegado. A reportagem procurou o Sindicato dos Policiais Civis, mas foi informada que Elizeu não era sindicalizado e, por isso, não é representado por nenhum advogado da entidade. Caso haja manifestação, o texto será atualizado.

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