Apesar de o momento aparentar que a pandemia do coronavírus está controlada, o Espírito Santo está voltando a ter motivos para se preocupar com uma nova onda de casos e mortes. Apesar da estabilidade no número de óbitos, a taxa de contágio pela Covid-19 está crescendo e as variantes Gama e Delta têm circulação predominante no Estado, como já apontou a Secretaria de Saúde (Sesa).
O temor, com a maior velocidade de transmissão e a disseminação das variantes, é que mais cidades capixabas deixem o risco baixo e voltem a ter restrições a atividades econômicas e sociais. Até o momento, a maioria dos municípios ainda está numa situação confortável — são 75 em risco baixo e três no moderado a partir de segunda-feira (6) —, porém, o sinal de alerta está ligado.
Ambas as variantes são preocupantes e têm diferentes características: a Gama pode induzir mais internações e mortes na população jovem. Já a Delta é considerada pela comunidade médica e científica mais contagiosa e com maior potencial agressivo em pessoas vacinadas com apenas uma dose da vacina ou que são idosas ou apresentam problema de imunidade.
O alerta foi feito pelo governador Renato Casagrande nesta sexta-feira (4) na entrevista coletiva em que foi apresentado o novo mapa de risco e anunciada a compra de 500 mil doses de vacina. Segundo ele, o ritmo de contágio no Estado está acelerando, o que é preocupante.
A taxa de transmissão (RT) do coronavírus está em 1,3 no Espírito Santo — o que significa que cada dez infectados pelo vírus contaminam, em média, outros 13 indivíduos. O ideal é que o RT se mantenha sempre abaixo de 1, o que representaria que o ritmo de contágio está desacelerando. Quando o número está acima desse índice significa que a transmissão está aumentando.
Casagrande destacou que, diante desse cenário, não é possível falar em ausência de risco e ainda são necessários cuidados.
Além da taxa de transmissão ter aumentado, o governador também apontou que a taxa de positividade entre o total de testes realizados passou de 11% para 18% no intervalo de apenas uma semana. Além disso, o número de casos ativos da Covid-19 nos últimos 28 dias apresentou um pequeno aumento.
Anteriormente, alertas parecidos já haviam sido feitos pela Sesa. No final de julho, a expectativa era de que o Estado conseguisse terminar o mês de agosto com 150 leitos de UTI ocupados por pacientes com Covid-19. O número, no entanto, se manteve acima de 200.
Em pronunciamento no início desta semana, o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, afirmou que o Espírito Santo vive um momento de "alerta epidemiológico" com aumento da demanda de pacientes com Covid-19. Considerando casos graves e moderados, agosto terminou com 381 internados na rede pública capixaba.
“Neste momento, reconhecemos o predomínio absoluto de duas variantes circulando: a Gama, também conhecida como P1, e a Delta, conhecida como variante indiana. Ambas têm características de preocupação. No entanto, a população capixaba precisa compreender que, independentemente das variantes, trata-se da mesma doença”, disse o secretário na ocasião.
Uma preocupação extra nesse cenário é a proximidade com o Rio de Janeiro, que vive um surto de casos e mortes em função da ampla circulação da Delta. A variante domina 86% dos casos analisados no Estado, tendo uma rápida transmissibilidade, como mostrou o G1.
A Gama, descoberta em Manaus (AM), foi anunciada no Brasil em janeiro deste ano. A cepa foi uma das responsáveis pelo colapso da saúde em Manaus e é uma das responsáveis pela maioria dos casos de Covid-19 no Brasil. Já foi detectada em 56 países. Ainda não há consenso sobre essa variante ser mais letal que as demais, mas ela é mais perigosa para a população jovem não idosa do que as variantes originárias.
Já a Delta, detectada em outubro de 2020 na Índia, tem características que indicam ser a cepa mais transmissível até agora. Já foi encontrada em 74 países. Na Índia, os pesquisadores investigam se ela é responsável pela perda de audição e gangrena dos pacientes diagnosticados com a Covid-19.
Mais rápida em se espalhar, a Delta tem uma forma de agir diferente da cepa original principalmente por conta dos sintomas, que se parecem mais com de uma gripe comum, embora a doença seja tão perigosa quanto à Covid-19 tradicional.
Devido ao seu potencial agressivo, alguns países, como Estados Unidos, Israel, entre outros da Europa, retornaram com medidas de restrições, além da obrigatoriedade do uso de máscara mesmo nas pessoas que já foram vacinadas.
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