Acionada há mais de três semanas, a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) ainda não autorizou pesquisadores capixabas a coletar amostras de esgoto para detectar a presença do novo coronavírus - o que ajudaria a dimensionar o número real de casos de Covid-19 em bairros da Grande Vitória.
Integrante do grupo responsável pelo estudo, o professor Ricardo Franci explicou que a demora implica em sérias consequências. "A pandemia está passando, e quantos menos doentes, menor será a concentração do material genético viral (RNA) no esgoto. Ou seja, mais difícil será para calibrar a metodologia ao nosso Estado", afirmou.
Vale lembrar que o estudo conta com recurso público, destinado por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes); e que, ainda na primeira quinzena de julho, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) demonstrou expectativas positivas sobre a análise que pode revelar dados inéditos sobre a pandemia.
De acordo com o professor Ricardo, o atraso já causou um "importante impacto documental" interno à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). No entanto, ele garantiu que o principal prejuízo se dá pela ausência das informações para o Governo do Estado - e que a população é "sem dúvidas" a maior prejudicada.
A partir das amostras, o projeto consegue verificar a concentração do material genético do novo coronavírus nas águas residuais e, assim, estimar a quantidade de pessoas infectadas de uma determinada região, incluindo os assintomáticos. O método é conhecido como "balanço de massa".
Embora a metodologia não seja tão precisa quanto a testagem em massa, estudos em outros Estados apontaram a circulação do novo coronavírus no esgoto antes dos primeiros casos oficiais. No Espírito Santo, os pontos de coleta previstos ficam em Araçás e Manguinhos, nos municípios de Vila Velha e Serra, respectivamente.
"A Cesan analisa todos os projetos de instituições acadêmicas voltados para pesquisas científicas relacionadas ao saneamento, sobretudo neste momento de pandemia. As diretrizes de compliance da companhia definem que as solicitações sejam feitas oficialmente, observando prazos e documentação a serem apresentados.
A Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional e Trabalho (Secti), solicitou a Cesan prioridade na análise do projeto formulado pela (Ufes) Universidade Federal do Espírito Santo para levantamento de dados epidemiológicos sobre a presença de Sars-CoV-2 em esgoto bruto. A Secti fez contato também com os pesquisadores para informar sobre a solicitação feita à Cesan, entretanto, eles dispensaram a cooperação e não formalizaram o processo junto a empresa.
Atendendo ao pedido da Secti, a Cesan enviou aos pesquisadores a lista de documentos a serem preenchidos. As informações sobre o projeto foram recebidas e a análise técnica será feita dentro do prazo regular que é de 20 dias."
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