O Espírito Santo teve uma explosão de casos de dengue em 2023 em comparação ao ano anterior e registrou a maior incidência do Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). O número de casos da doença e a incidência cresceram quase dez vezes no Estado de um ano para o outro.
Em 2022, o Espírito Santo registrou 20.929 casos. Já em 2023, foram 191.131 registros. A incidência saiu de 514,98 casos por 100 mil habitantes para 4.702,97 casos por 100 mil habitantes. A quantidade de mortes também cresceu consideravelmente, passando de seis para 98.
A incidência por 100 mil habitantes do Espírito Santo foi mais que duas vezes superior a de Estados como Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. Em relação ao número total de casos, o Estado ficou em quinto. Confira os dados no infográfico acima.
Na avaliação do subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Orlei Amaral Cardoso, a alta tem relação com os sorotipos da dengue que circularam no Estado no ano passado, além das condições climáticas favoráveis a proliferação do mosquito Aedes aegypti.
“Começamos com o sorotipo 1 até o mês de fevereiro e depois identificamos o sorotipo 2, e verificamos uma aceleração do número de casos com dois sorotipos funcionando ao mesmo tempo. Temos também uma quantidade muito grande de mosquito circulando muito grande. 2023 foi muito seco e com chuva intermitentes, condições favoráveis para o vetor. A alta infestação, as condições favoráveis e os dois sorotipos ajudaram no aumento da epidemia”, explica.
A respeito da vacinação contra a dengue, o subsecretário informou que a previsão é que os imunizantes sejam liberados para os Estados a partir de fevereiro, mas de forma limitada.
“O grande problema é que a empresa que fabrica a vacina tem uma produção pequena. O Ministério da Saúde colocou que eles devem entregar 5 milhões de doses para o Brasil”, destaca Orlei.
Como a quantidade é pequena, o Ministério da Saúde vai verificar como será a aplicação, levando em conta o critério populacional e as faixas etárias, procedimento semelhante ao realizado no início da vacinação contra a Covid-19. “É um indicador, mas só vamos saber ao certo quando o Ministério da Saúde finalizar essa avaliação”, pontua Orlei.
O imunizante protege contra os quatro sorotipos da dengue, mas, apesar de ser importante para evitar a contaminação com a doença, ainda será necessário manter medidas de combate e prevenção ao mosquito.
“A vacina tem fator limitante: crianças até 4 anos não vão poder tomar, nem as pessoas acima de 60, e se pegarmos os óbitos por dengue, a maior faixa etária que morre é acima dos 60. Além disso, a quantidade de doses é limitada. Estamos felizes com esse movimento da chegada das vacinas, mas sabemos que ela não vai resolver o problema de imediato”, observa o subsecretário.
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