Todo segundo domingo de maio, filhos de todo o Brasil separam o dia para homenagear as mulheres que se dedicaram a sua criação. Apesar de o Dia das Mães também ser uma data comercial no país, a comemoração não surgiu com esse objetivo. Pelo contrário. A data traz consigo uma história de ativismo e apoio social.
Presentes, cartas e almoços em família são homenagens comuns nessa data. Mas o que poucos sabem é que o próprio Dia das Mães também surgiu como uma homenagem. No século 20 , Anna Jarvis criou a celebração em memória de sua mãe, a ativista norte-americana Ann Jarvis.
Segundo historiadores, Ann era conhecida por realizar trabalhos sociais de apoio com outras mães durante a Guerra Civil Americana. A ativista criou o "Mother’s Day Work Clubs", uma instituição para melhoria das condições sanitárias em sua comunidade. Ao fim da guerra, Ann também promoveu, junto a outras mães, a criação de um clube para garantir o convívio pacifico entre famílias de soldados que lutaram de diferentes lados durante o confronto.
A situação de quem exercia a maternidade não era a mais favorável na época, como conta a mestranda em História pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Pamella Turbay.
“ A situação era insalubre tanto nos subúrbios quanto nas fábricas. Os salários eram baixos, não havia saneamento básico, além de uma alta taxa de mortalidade infantil – e, junto a ela, uma alta taxa de natalidade – e uma baixa expectativa de vida. A assistência oferecida a essas mulheres que trabalhavam era considerada, pela classe média, como uma forma de se combater a pobreza, pois, ao cuidar das doenças e buscar reduzir as taxas de mortalidade infantil, as mulheres da classe trabalhadora poderiam continuar exercendo sua função e receber um salário”, explica Turbay.
Com a morte de Ann em 1905, sua filha Anna, enlutada, realizou um memorial para a mãe em maio de 1908 – considerado o primeiro Dia das Mães – e se engajou politicamente para que a data fosse celebrada permanente em todo os Estados Unidos, feito que foi alcançado em 1914.
Apesar de não haver muitas referências de celebração às mães, Turbay observa que elas sempre estiveram ativamente presentes durante a história. “No início da Revolução Francesa, em 1789, ocorreu a Jornada de Outubro, em que mulheres comerciantes parisienses, muitas delas mães, marcharam da capital francesa à Versalhes, para demandar pão e melhoria nas condições de vida diretamente ao rei. Não muito distante foi o movimento das Mães da Praça de Maio, durante o período ditatorial militar na Argentina, que ocorreu de 1976 a 1983, um dos mais violentos da América Latina”, relata a mestranda.
O Dia das Mães foi oficializado em 1932 nacionalmente pelo presidente Getúlio Vargas. Contudo, já era celebrado desde 1918 pela Associação Cristã de Moços.
Em 2024, a comemoração promete movimentar cerca de R$ 40,21 bilhões nos segmentos de comércio e serviços em todo o país, segundo a pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Os dados ainda mostram que 78% dos consumidores devem realizar pelo menos a compra de um presente no período.
Somente no Espírito Santo, neste ano, a data deve movimentar R$ 262 milhões de vendas, segundo o relatório da Fecomércio-ES. Entre os presentes que estão mais em alta, o ramo de vestuário, calçados e acessórios se destaca, com 43,1% do faturamento. Os filhos também estão à procura de itens de perfumaria e cosméticos para homenagear suas mães, produtos que serão responsáveis por 18,3% das vendas nesse período.
Mesmo a data caindo sempre no domingo, muitos trabalhadores se questionam se o Dia das Mães é feriado no Brasil. Assim como o Dia dos Pais, o segundo fim de semana de maio não é feriado, nem ponto facultativo, apenas um dia comemorativo.
Muitos países como Itália, Japão e Brasil seguem o modelo estadunidense e comemoram o Dia das Mães no segundo domingo de maio. Entretanto, em outros países a data é sempre a mesma, como no México, onde as mães são homenageadas sempre no dia 10 de maio.
Na Tailândia, a festa acontece em 12 de agosto, em homenagem à rainha Mom Rajawongse Sirikit. Já na Eslovênia o dia escolhido foi 25 de março. A data mais distante da comemorada aqui no Brasil é na Rússia, onde as mães são celebradas no último domingo de novembro.
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