Ter filhos mais inteligentes é o desejo de muitos pais ou mães. Para isso, desde o nascimento, famílias investem no aprendizado sistemático da criança, a fim de potencializar suas capacidades cognitivas. Mas será que isso faz efeito? Afinal, é possível tornar o pequeno mais genial?
Para especialistas, em parte, isso é possível. Segundo o neurologista infantil Thiago Gusmão, a inteligência não se trata apenas de um conhecimento acadêmico, como, comumente, a sociedade acredita. Mas, sim, um conjunto de habilidades que podem ser potencializadas durante a vida, sobretudo na infância.
"A inteligência tem um fator genético importante que deve, sim, ser levado em consideração. No entanto, vale lembrar da Teoria de Gardner sobre as inteligências múltiplas. Segundo o cientista, existem oito tipos de inteligências, e o conhecimento acadêmico contempla apenas algumas delas", explica Gusmão.
O especialista salienta que há formas de potencializar as habilidades cognitivas e intelectuais do cérebro por meio de alguns hábitos. Quando são inseridos na rotina da criança no momento certo, surtem efeito positivo para o seu desenvolvimento.
“Se, por um lado, existem hábitos que potencializam as habilidades cognitivas de crianças, por outro há hábitos prejudiciais, como o consumo excessivo de telas. Alguns estudos mostram que as gerações, a partir de 2010, estão com índice de atenção menor do que as décadas passadas, justamente por causa disso”, acrescenta.
O médico esclarece ainda que, para que a criança tenha pleno desenvolvimento de sua inteligência, deve ter contato com a maior variedade de estímulos. É importante manter a interação social, o olho no olho, o contato com seus pares, o incentivo à leitura, à música, ao esporte, além de uma boa noite de sono e uma boa alimentação.
“Todo esse conjunto de hábitos vai ser o diferencial”, destaca o neurologista.
Também há o senso comum de que vitaminas, como o ômega 3, podem estimular, nas crianças, habilidades atribuídas à inteligência, fala e audição. No entanto, segundo a pediatra e nutróloga infantil Tânia Perini , isso é mito.
“A capacidade cognitiva da criança é formada ao longo da vida, com estímulos que elas recebem, como carinho, conforto, incentivo à leitura e a prática de esporte. É dessa forma que ela vai potencializar a sua inteligência, entender quem é no mundo e como se relacionar com as outras pessoas", explica.
Tânia acrescenta ainda que qualquer vitamina que o pai ou uma mãe dê ao filho deve fazer parte da alimentação unicamente por orientação médica, devido ao risco de hipervitaminose.
“Determinadas vitaminas têm o limite estabelecido em nosso organismo e, a partir daquele limite, podem se tornar nocivas ou até letais. As crianças, por sua vez, são muito mais sensíveis. Antes de dar suplementação, o pequeno deve passar por uma consulta médica e uma análise alimentar minuciosa para verificar a sua necessidade ou não”, explica.
Para a nutróloga, a melhor suplementação vitamínica é aquela em que a criança tem acesso a uma alimentação equilibrada, à base de alimentos naturais, que são adquiridos nas feiras livres e nos supermercados.
“Alimentação infantil deve ser o mais natural possível. Ou seja, desembalar menos e descascar mais. Deve ser focada em verduras, vegetais e cereais. De preferência, sem o consumo de alimentos processados, ultraprocessados e também os hiperpalatáveis, que são aqueles que dão ao cérebro uma sensação de prazer e recompensa", disse.
"Experimente dar ao seu filho um chocolate e, em seguida, uma cenoura. O prazer que os alimentos hiperpalatáveis, com alto índice de gordura, sódio, açúcar e carboidratos, proporcionam ao cérebro faz com que ele recuse e até passe a não gostar do alimento mais natural", alerta a nutróloga infantil.
Da primeira infância à juventude, apostar em atividades extracurriculares é a forma que muitos pais encontram para desenvolver habilidades e estimular a inteligência dos filhos. A oferta de cursos é diversa: idiomas, música, esportes, robótica, programação, entre tantos outros.
A maioria das atividades vai proporcionar ganhos, desde que a criança goste do que está fazendo e possa sempre equilibrar com períodos de descanso e brincadeiras livres. Afinal, o excesso de estímulos também atrapalha. Esses ganhos, porém, não necessariamente se referem à inteligência e, sim, a habilidades que podem ser úteis posteriormente na vida adulta.
No entanto, se você é pai, mãe ou responsável por uma criança, saiba que o segredo para potencializar a inteligência do pequeno está mais perto do que você imagina: o amor.
INCENTIVO À LEITURA
Já o estímulo à leitura desenvolve o pensamento semântico na criança, ou seja, a sua capacidade imaginativa. Alguns ganhos são para toda a vida, como a aquisição de um vocabulário maior tanto para a fala quanto para a escrita.
INCENTIVO À MÚSICA
Quando o assunto é ganhar inteligência, a música é a campeã de indicações entre os especialistas.
“Ter contato com música, seja aprendendo a tocar um instrumento ou cantando, estimula o lado direito do cérebro, desenvolvendo a cognição da criança. Melhora a fala, o comportamento, a concentração e tem ganhos para toda a vida”, explica o neurologista infantil Thiago Gusmão.
INCENTIVO À ATIVIDADE FÍSICA
As atividades físicas (dança ou esportes coletivos e individuais) também entram para a lista de recomendações. Além do óbvio ganho para a saúde, elas auxiliam o desenvolvimento motor e a percepção corporal, a concentração e as relações interpessoais, além de estimular o trabalho em equipe e contribuir para a construção da autoestima.
REFORÇO POSITIVO
Outra metodologia que estimula o desenvolvimento da inteligência na infância é o chamado reforço positivo, muito mais benéfico para o aprendizado da criança do que o castigo. É simples e eficaz: após cada ação bem-sucedida, aplica-se um incentivo. Assim, as probabilidades daquele comportamento se repetir no futuro aumentam.
Por exemplo, quando uma criança diz “obrigado” ou “por favor” por iniciativa própria, os pais devem demonstrar orgulho, elogiar. Dessa forma, os pequenos certamente irão fazê-lo mais vezes.
“O castigo extremo ou bater na criança nunca agrega um bom comportamento. Punir por punir não gera bom comportamento. Pais e responsáveis devem colocar regras, limites e reforçar positivamente comportamentos para seus filhos a fim de que as crianças compreendam a importância de um hábito adequado”, explica o neurologista.
BOA NOITE DE SONO
De acordo com Thiago Gusmão, quando se fala em potencializar inteligência, também é importante falar da memória. Por isso, uma boa noite de sono é fundamental para que o cérebro descanse e a criança tenha um bom rendimento.
LIMITE DE USO DE TELAS
De acordo com o neurologista, quanto mais horas em frente às telas (TV, tablets, telefone, computadores etc.), menor a capacidade atencional da criança para as obrigações e responsabilidades de rotina, como a escola.
“Isso acontece porque, quando sou um ouvinte na tela, não tenho interação ou contato social. Eu gasto a dopamina do meu organismo, que é um neurotransmissor importante, e, quando tenho que fazer outras atividades, não tenho ânimo”, explica.
Estabelecer o limite do uso de telas para as crianças é fundamental para garantir o seu plano desenvolvimento, diz Gusmão.
“Deve sempre ser evitado 1 hora contínua de uso de telas e, em todos os casos, o responsável deve supervisionar o que a criança está assistindo”, finaliza o médico.
A orientação do neurologista é:
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