Atuando na linha de frente no combate ao novo coronavírus, dois médicos do Espírito Santo morreram vítimas da Covid-19 apenas nos últimos dois dias. Adonai Albuquerque Machado, de 48 anos, trabalhava em Cachoeiro de Itapemirim e em Presidente Kennedy, Sul do Estado. Já o anestesista Vinícius Barbosa Santos, de 44 anos, trabalhava em três hospitais da Grande Vitória.
O Conselho Regional de Medicina do Estado (CRM-ES) definiu as vítimas como profissionais de qualidade, que prestavam um serviço importante para a população.
Adonai era servidor público há mais de 13 anos e atuava como médico lotado no pronto-atendimento de Presidente Kennedy. Ele, que também era um dos profissionais no combate ao coronavírus no Pronto-Socorro Paulo Pereira Gomes, em Cachoeiro de Itapemirim, morreu na última quarta-feira (17), vítima da Covid-19.
Na ocasião, colegas de trabalho em ambulâncias e amigos fizeram um cortejo pelas ruas de Presidente Kennedy em homenagem ao médico. Já o prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, Victor Coelho, manifestou-se nas redes sociais.
É com muita tristeza que recebi a notícia da nossa equipe da Secretaria de Saúde, que está profundamente comovida com a perda desse profissional, que tanto lutou conosco contra essa terrível pandemia e cuidou, de forma exemplar, de seus pacientes. A prefeitura se solidariza com as famílias e amigos de Dr. Adonai e das outras 29 vítimas da Covid-19 em Cachoeiro de Itapemirim, e continua pedindo que, quem puder, fique em casa, para que nossas equipes da Saúde continuem trabalhando com segurança, pelo bem de toda cidade, escreveu o prefeito.
Já na madrugada desta quinta-feira (18), a vítima da Covid-19 foi o médico anestesista Vinícius Barbosa Santos, 44 anos. Ele estava internado há três dias no Hospital Meridional, em Cariacica. Com obesidade e hipertensão, o médico narrava aos colegas o medo que sentia da doença.
De acordo com o presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado do Espírito Santo (Saes), Wellington Pioto, Vinícius já demonstrava preocupação com o coronavírus desde o início da pandemia. Por isso, decidiu sair da casa dos pais em março deste ano para não colocá-los em risco.
O médico sentiu os primeiros sintomas da Covid-19 na última semana. No dia 8, ele foi ao hospital e recebeu afastamento do trabalho por 14 dias, sendo liberado para o tratamento em casa. Mas dias depois, o anestesista pirou, retornou ao hospital e não resistiu. Ele deixou uma filha pequena.
Para Celso Murad, presidente do Conselho Regional de Medicina no Espírito Santo (CRM-ES), é preciso investimentos em equipamentos de qualidade para profissionais da saúde.
"Os médicos já estão sujeitos à contaminação como cidadãos. Com o trabalho que exercem, essa exposição fica muito maior. É preciso Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) de qualidade. Um médico frequenta vários hospitais diferentes. Se houvesse condições de salário e trabalho para atuar em um ambiente só, ele estaria muito mais protegido. Agora começamos a lidar com um quantitativo de profissionais de saúde infectados muito grande", disse, lamentando as mortes dos médicos.
Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que os hospitais da rede, referenciados para Covid-19 possuem atendimento exclusivo voltado para os profissionais de saúde que atuam de forma direta e indireta nas unidades.
"Foram montados consultórios específicos para o atendimento. Criou-se uma política de notificação de todos os profissionais que apresentam qualquer sintoma de síndrome gripal, para avaliação e afastamento. Além disso, o profissional assintomático que seja contactante familiar, ou contactante próximo, de pessoa confirmada com o novo coronavírus também é afastado de suas atividades", disse, por nota.
A Sesa completou que os profissionais possuem protocolos rigorosos de uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs ), seguindo as recomendações das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), e que todos os critérios de segurança são adotados em todos os hospitais.
De acordo com o Painel Covid-19 da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), ao todo, foram registrados 5.853 profissionais da saúde infectados até a última quarta-feira (17). Destes, 4.220 foram curados e 13 morreram - sendo dois de outros estados que estavam no Espírito Santo na data da morte.
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