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"É possível a presença de variações do vírus em solo capixaba", diz secretário

"É possível a presença de variações do vírus em solo capixaba", diz secretário

Durante a coletiva na tarde desta segunda-feira (11), o secretário Nésio Fernandes disse que as mutações do coronavírus estão sendo consideradas até mesmo para o retorno das aulas

Publicado em 11 de janeiro de 2021 às 17:21- Atualizado há 4 anos

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Coronavírus
Coronavírus. (Pixabay)

O governo do Espírito Santo trabalha com a hipótese de alguma variação do coronavírus já estar circulando no Estado. A afirmação foi feita pelo próprio secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, na tarde desta segunda-feira (11), durante coletiva virtual. 

"O Espírito Santo não é uma ilha, temos uma circulação liberada em todo País de pessoas por via aérea e terrestre. É possível que novas variações do vírus estejam presentes em solo capixaba e que elas sejam responsáveis pelo comportamento da segunda expansão da doença nos territórios que tiveram uma primeira onda muito bem caracterizada e definida", pontuou o secretário. 

Desde que o novo coronavírus teve o seu genoma divulgado, em janeiro do ano passado, várias cepas já foram identificadas. Uma delas levou o Reino Unido, onde ela se alastrou, a decretar logo no início de janeiro um novo lockdown.

Secretário de Saúde diz que as mutações do coronavírus já podem estar em solo capixaba

Outra surgiu na África do Sul, com múltiplas mutações e, na sequência, uma nova versão do vírus também foi identificada no Brasil. Todas aumentaram a capacidade do vírus de contaminar, inclusive afetando também mais crianças, o que ameaça até a volta as aulas.

“O coronavírus encontrou uma forma de ser mais transmissível. Embora não provoque casos mais graves da Covid-19, por ser mais contagioso a partir destas mutações, provoca mais mortes, por afetar um volume maior de pessoas, incluindo as que possuem comorbidades, que fazem parte dos grupos de risco”, aponta Ethel Maciel, que é pós-doutora em Epidemiologia pela Johns Hopkins University, nos EUA, e professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Apesar do secretário Nésio Fernandes reconhecer que novas variações do vírus podem estar circulando no Estado, ainda não há registro oficial, o que deve acontecer ao longo do ano de 2021.

Exames feitos na Fiocruz, no Rio de Janeiro
Exames feitos na Fiocruz, no Rio de Janeiro. (Fiocruz)

RASTREAMENTO

A confirmação científica de mutações do coronavírus deve vir por meio da análise de materiais coletados de capixabas que apresentam doenças respiratórias e procuram atendimento médico ao longo do ano. A  coleta também acontece  em outros estados do País, pois trata-se de uma método nacional para a construção da vacina antigripal distribuida anualmente.

O material é encaminhada para a Fiocruz, onde é realizada a análise de identificação dos vírus predominante que circula em determinada população e, assim, é confeccionada a vacina adequada. 

 O subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin, explica que o Espírito Santo já pensou na hipótese de mutação desde o início da pandemia, quando ampliou os postos de coleta de material de doença respiratória. 

"Nós tínhamos dois pontos de coleta no Estado. No início da pandemia, porém,  o secretário nos deu uma diretriz para que fossem ampliados para 12 pontos de coleta de material, que já é encaminhada periodicamente para a Fiocruz , onde se faz exames próprios de identificação de um vírus e isso constrói uma base nacional para se compreender a predominância da circulação viral. Especificamente para o Espírito Santo, nós ainda não tivemos nenhuma identificação de uma nova cepa circulando e que tenha sido identificada pela Fiocruz", esclareceu. 

AS MUTAÇÕES

Uma nova cepa do coronavírus pode ter um impacto negativo para a volta às aulas não apenas no Espírito Santo como em todo o mundo. As cepas que já existem  mostram que as mutações estão “mais eficiente” em contagiar as crianças, fato que se reflete diretamente na reabertura das escolas. 

É comum vírus sofrerem mutação. À medida em que vão trocando de hospedeiro, o material genético que é replicado gera pequenas diferenças, como se fosse uma adaptação a uma nova espécie. Cada vez que estas mudanças ocorrem vão surgindo novas cepas - também chamadas de linhagens ou variantes - que podem conter uma ou mais mutações.

No caso do novo coronavírus, já ocorreram várias mutações, uma delas, identificada na Espanha em 2020, foi responsável por cerca de 40% dos contaminados na 2ª onda que atingiu o país e ainda outros do continente. Outra, identificada na Dinamarca, levou ao sacrifício de 17 milhões de visons. O Instituto Statens Serum, que lida com doenças infecciosas naquele país, anunciou que uma mutação do SARS-CoV-2 (novo coronavírus) tinha sido encontrada em doze pessoas que estavam em cinco fazendas de criação de visons.

No fim de dezembro de 2020, a chamada B.1.1.7 foi identificada no Reino Unido. Duas semanas depois ela estava em mais de 27 países. Logo em seguida foi identificada a mutação da África do Sul. Em matéria da CNN Brasil, o ministro de Saúde britânico, Matt Hancock, relatou que a variante sul-africana é ainda mais perigosa do que a mutação altamente infecciosa identificada no Reino Unido.

O retorno das atividades escolares poderia ampliar a transmissão do vírus, aumentando também o número de novos casos e de internações. Isso porque embora crianças e jovens não tenham tendência a desenvolver a forma mais grave da doença, eles teriam mais chances de serem infectados pela cepa mais contagiosa e podem acabar contaminando pessoas do grupo de risco.

VOLTA ÀS AULAS

O secretário Nésio Fernandes  afirmou essas mutações também estão sendo consideradas pelo comitê que trata a volta às aulas. O grupo foi criado na última semana pelo governador Renato Casagrande e contará com a Associação de Municípios do Espírito Santo (Amunes), Ministério Público Estadual, Secretaria Estatual de Educação  e Secretaria Estadual de Saúde. 

"Em nenhum momento o Estado menosprezou a força de transmissão da doença, a proporção da pandemia.  Todas as decisões são orientadas pela ciência, estamos considerando os estudos e publicações sobre novas cepas. Nós reconhecemos que as atividades escolares são atividades essenciais e que, sempre desde que não incrementem o risco de transmissão e se respeite os protocolos e distanciamento, elas devem ser preservadas. Novas atualizações vão ocorrer ao longo desse mês, na medida que exista segurança para preservar  o acesso ao direito à educação sem nunca menosprezar evidências e riscos e sem colocar nossa população sobre o risco de transmissão", descreveu  Nésio Fernandes. 

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