A Grande Vitória vivenciou horas de tensão com o temporal que assolou a Região Metropolitana do Estado na noite desta quarta-feira (17). A chuva forte veio acompanhada de raios e rajadas de vento, provocando a queda de árvores árvores pelas raízes, o que ocasionou falta de energia, rompimento de fios, interrupção de vias importantes e muitos outros prejuízos aos moradores.
É óbvio que com a força atuante sobre as árvores eventualmente algumas não resistiriam, mas é possível amenizar os estragos e até mesmo evitar que caiam, como defendido pelo arquiteto Tarcisio Bahia, que há anos vê na arborização eficiente uma alternativa para melhorar a qualidade de vida nos grandes centros. Mas de antemão ele alerta: é um esforço que demanda investimentos em múltiplas áreas.
Para ele, é preciso inicialmente pensar no sistema de fiação existente nas cidades. O modelo aéreo atual, no qual os fios ficam suspensos e ligados por meio de postes, é um complicador em situações que combinam chuva forte, ventos e árvores.
"Moro em Santa Lúcia (Vitória) e fiquei sem energia até pouco tempo atrás. Tudo isso porque uma árvore grande caiu sobre a rede elétrica, veio repuxando fios, quebrou postes e consequentemente o fornecimento teve de ser interrompido por segurança. Saí para caminhar mais cedo com um vizinho e observamos inúmeros galhos caídos. São situações que sobrecarregam os serviços públicos, interferem na vida dos cidadãos, quando poderia ser amenizado se os fios fossem aterrados como ocorrem em grandes cidades como Madri e Barcelona, e trazendo para cá, em Copacabana, no Rio, por exemplo. Uma árvore apenas caída sobre uma pista causa um problema menor do que como vimos aqui em Santa Lúcia", analisou Tarcísio, citando também a questão da poluição visual provocada pelo emaranhado de fios.
Aterrar os fios é apenas parte da solução. Para que menos árvores caiam e de fato atuem como se espera, é necessário mapear as espécies, áreas onde estão plantadas, poda entre outros fatores. Este conjunto de ações é o que ele define como plano de arborização urbana.
"É preciso esclarecer que as árvores são um fator positivo para as cidades e não ocupam espaço, elas têm papel importante, pois diminuem a poluição sonora, visual, melhoram a qualidade do ar, refrescam o ambiente, além de embelezar. Só que não se pode sair plantando qualquer espécie. É preciso conhecê-las, ter um controle sobre as podas, idade, o tipo de enraizamento e por aí vai. Uma árvore na cidade é plantada, ela não nasce ali. As prefeituras têm condições de fazer esse mapeamento detalhado e, assim, consequentemente irá promover mais qualidade à população e segurança urbana, pois os riscos de acidentes são potencialmente menores", pontua o arquiteto, que também é professor da Universidade Federal do Espírito Santo.
Na visão dele, muitos dos incidentes registrados são provenientes da junção destes fatores: fiação suspensa com árvores antigas e inapropriadas para determinado espaço. Para Tarcísio, a arborização precisa ser vista como uma necessidade pelos gestores.
"Conheço muitas cidades pelo mundo e posso afirmar que uma cidade arborizada é melhor para se viver. Ganha-se em muitos aspectos, mas por aqui ainda estamos atrasados neste contexto. Ainda presenciamos bastantes espécies que trazem problemas, como as castanheiras. De fato proporciona uma sombra boa, mas a queda de folhas e frutos entopem galerias, as raízes comprometem calçadas e vias. Quando plantadas não foram observados estes aspectos, mas em uma gestão eficiente tudo deve ser levado e consideração", analisou.
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