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Eco101 não terá que pagar multa por desistir de concessão da BR 101, diz ANTT

Eco101 não terá que pagar multa por desistir de concessão da BR 101, diz ANTT

Agência Nacional de Transportes Terrestres afirma que empresa não será punida por devolver a concessão da rodovia

Publicado em 18 de julho de 2022 às 20:38

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
BR 101 na Serra deve ser municipalizada após inauguração do contorno do Mestre Álvaro
BR 101 deve passar por um novo processo de licitação, após a desistência da Eco101. (Edson Reis / Prefeitura da Serra)

Após comunicado de que o grupo EcoRodovias, empresa que administra a Eco101, desistirá da concessão da BR 101, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) afirmou que não haverá multa para a concessionária. O pedido de devolução amigável foi protocolado junto à agência na última sexta-feira (15).

Segundo a agência não haverá multa pois a devolução é uma previsão legal na legislação.

O que ocorrerá, após o processo ser aceito, é a realização de um cálculo sobre o que a empresa arrecadou, investiu e gastou com a manutenção da rodovia federal desde 2013, quando passou a administrar os 457 quilômetros da BR 101, entre a cidade de Mucuri, no Sul da Bahia, e a divisa do Espírito Santo com o Rio de Janeiro.

A ANTT informou que recebeu o pedido de relicitação da Eco101 e conduzirá a avaliação considerando os limites técnicos e legais com base na Lei nº 13.448/2017 e no Decreto nº 9.957/2019.

Se aprovado pela Diretoria da ANTT, o processo será encaminhado para análise do Ministério da Infraestrutura (Minfra), que, entendendo o pedido ser pertinente, poderá direcionar para qualificação do Conselho do Programa de Parcerias da República (PPI). Depois disso, estando de acordo, o empreendimento será publicado no Diário Oficial da União com a estipulação de prazo para a assinatura do termo aditivo de concessão. Esse termo vai estipular as condições  para que a Eco101 fique responsável pela via até a realização de uma nova concessão.

Após o anúncio da desistência, organizações e parlamentares capixabas questionaram a decisão da concessionária.

O Sindiadvogados enviou um documento ao diretor-geral da ANTT, Rafael Vitale Rodrigues, com uma série de questionamentos sobre fiscalização dos serviços que deverão ser prestados, quais serviços serão mantidos, eventuais multas em caso de descumprimento e prazo para realização de uma nova licitação.

"Se houver a rescisão, que haja um novo edital um quanto antes. Que a empresa cumpra o que está determinado de acordo com o Tribunal de Contas e que haja uma fiscalização rigorosa. Os serviços devem ser mantidos até o final. As obras que não forem concluídas, que haja uma redução desse pedágio. Se for necessário vamos entrar na justiça. É um serviço essencial e a sociedade precisa de uma rodovia bem preservada. Na próxima concessão, que haja mais transparência no processo de concessão”, disse o presidente do Sindiadvogados, Luiz Telvio Valim.

Já deputados federais cobram mais esclarecimentos dos investimentos feitos na rodovia federal.

"É preciso construir uma solução com todos os órgãos envolvidos, para que o usuário da via não seja penalizado ainda mais. Assumi recentemente a missão de coordenar a fiscalização dos investimentos da BR-101, cobrando o cumprimento das normas do contrato em vigência, bem como as demais responsabilidades dos órgãos envolvidos", disse o deputado federal Neucimar Fraga (PP).

O deputado federal Amaro Neto (Republicamos) disse estar junto com toda a bancada capixaba para esclarecer o montante arrecadado até o momento nos pedágios.

“Queremos ter conhecimento do montante que foi arrecadado até agora nos pedágios. Não tivemos cumprimento do que foi acordado nos 10 anos em que a rodovia está concessionada, mesmo havendo cobrança de pedágios e gerando custo para quem transita”, disse.

O deputado Felipe Rigoni (União Brasil) disse que acompanha o  novo processo de licitação. “O que podemos fazer é acompanhar para acelerar o processo de relicitação para que outra empresa entre com novo contrato, mais eficiente, e consiga acelerar essa obra que os capixabas esperam tanto”.

A deputada Norma Ayub (PP) disse que na Câmara Federal há uma comissão especial exclusiva para tratar do Contrato de Concessão da BR 101. "Vamos debater essa situação na comissão e encontrar, em consenso com o próprio governo estadual, ações que protejam os interesses do Espírito Santo", disse. 

SERVIÇOS SERÃO MANTIDOS

Nove anos depois de assinar contrato de duplicação da BR 101 no Espírito Santo, a Eco101 comunicou que desistirá da concessão da rodovia federal. O pedido de devolução amigável foi protocolado junto à ANTT na sexta-feira (15). Apesar de ter solicitado a extinção do contrato, a empresa pediu para que fosse celebrado um termo aditivo com novas condições contratuais até que seja feita uma nova licitação para entregar a via para uma nova empresa administradora. Com isso, todos os serviços continuarão a ser prestados normalmente.

Até um novo leilão, a empresa continuará operando a rodovia e desempenhando as funções já realizadas, com prestação de serviços de atendimento aos usuários, incluindo socorro médico e mecânico, veículo de inspeção de tráfego, caminhões para captura de animais e caminhões-pipa para combate a incêndios. A cobrança do pedágio continua. A empresa ainda alega que serão mantidas as obras em andamento e os investimentos necessários para manutenção.

ENTENDA O CASO

A Eco101 informou que a "complexidade do contrato, marcado por fatores como dificuldades para obtenção do licenciamento ambiental e financiamentos; demora nos processos de desapropriações e desocupações; decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de alterar o contrato de concessão; não pedagiamento da BR-116; não conclusão do Contorno do Mestre Álvaro e o agravamento do cenário político, tornaram a continuidade do contrato inviável."

Segundo a ANTT, para processo de relicitação seja concluído, há uma série de etapas a serem respeitadas, assim como em toda concessão. Entenda:

OS PRÓXIMOS PASSOS

  • 01

    Pedido de relicitação

    A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) recebe o pedido de relicitação e conduzirá a avaliação considerando os limites técnicos e legais que permeiam a boa gestão regulatória com base na Lei nº 13.448/2017 e no Decreto nº 9.957/2019.

  • 02

    Processo encaminhado para análise

    Se aprovado pela diretoria da ANTT, o processo é encaminhado para análise do Ministério da Infraestrutura (Minfra), que, entendendo o pedido ser pertinente, poderá direcionar para qualificação do Conselho do Programa de Parcerias da República (PPI). Depois disso, estando de acordo, o empreendimento será publicado no Diário Oficial da União com a estipulação de prazo para assinatura do termo aditivo de concessão.

  • 03

    Termo aditivo

    Assim que qualificado o trecho para relicitação, a ANTT assina com a concessionária o termo aditivo (TA). Esse instrumento visa estabelecer as condições de prestação dos serviços de manutenção, conservação, operação e monitoramento da rodovia. Também estão abrangidas no TA as penalidades em caso de não cumprimento das novas obrigações estabelecidas, a fim de assegurar a segurança dos serviços essenciais relacionados à rodovia. Os investimentos ficam para serem executados no próximo contrato de concessão a ser celebrado posteriormente.

  • 04

    Não há multa

    Não há multa para a concessionária que entra com pedido de relicitação, pois é uma previsão legal na legislação. Em todo processo de devolução amigável ocorre um cálculo de deveres e fazeres, que incluem valores arrecadados e valores investidos. Esse cálculo é feito durante o processo de relicitação, após admissibilidade do pedido. A ANTT também ressalta que não existem empecilhos com relação ao processo. O que existem são etapas a serem respeitadas, assim como em toda concessão.

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