Um vídeo com menos de um minuto de duração pode ajudar na investigação do acidente na tirolesa do Morro do Moreno, em Vila Velha, que matou o engenheiro mecânico João Paulo Moreira dos Reis, de 47 anos, no último sábado (1º). O vídeo mostra o exato momento em que João Paulo se choca contra a estrutura da base secundária e despenca da tirolesa, nos primeiros 100 metros da descida.
De acordo com familiares, era a primeira vez que a vítima, a filha dele, uma adolescente de 14 anos, e uma amiga dela, haviam ido ao local. As duas desceram no equipamento antes do engenheiro e não ficaram feridas.
As imagens foram gravadas por uma pessoa que estava na plataforma inicial da tirolesa. Alegando que o material seria publicado em uma página da internet, ela pediu autorização do João Paulo para registrar a descida. Neste sentido, João permitiu o vídeo.
No domingo (2), o pai do engenheiro, o aposentado João Reis, revelou que foi por meio desse conteúdo que descobriu que o filho havia morrido. "Vi meu filho nascer e, agora, o vi morrer por um vídeo", desabafou à reportagem da TV Gazeta.
Os familiares explicaram que, por orientação dos advogados, as imagens não podem ser divulgadas. O cunhado de João Paulo, o farmacêutico Antônio Carlos da Silva Bueno, de 46 anos, explicou que o conteúdo do vídeo já foi analisado pela equipe do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES).
Segundo ele, o material mostra quando João Paulo desce a tirolesa na primeira fase, que tem 100 metros de distância entre uma base e outra. O engenheiro aparece equipado de capacete e uma espécie de "cadeirinha que faz a ligação com o cabo principal", explica.
Após o impacto, o corpo do engenheiro ainda atingiu a amiga da filha dele, que estava em pé, na estrutura onde ficam os condutores da tirolesa. Com o segundo impacto, ele cai no chão, atrás da base de madeira.
"Você percebe ele se chocando com essa estrutura e o equipamento que segura ele naqueles dois cabos principais por onde eles descem, aquilo se rompe e até por isso mesmo que provavelmente aquele pedaço de equipamento que foi encontrado é parte do equipamento do João Paulo", analisa o cunhado da vítima.
O fragmento ao qual o farmacêutico menciona foi encontrado segunda-feira (3) durante vistoria realizada pela equipe do Crea-ES. O trabalho foi acompanhado com exclusividade pelo fotógrafo Fernando Madeira, de A Gazeta.
O engenheiro mecânico João Paulo Moreira do Reis, de 47 anos, era casado e deixou dois filhos, uma adolescente de 14 anos e um menino de 8 anos. O cunhado da vítima, o farmacêutico Antônio Carlos da Silva Bueno, 46 anos, disse que a família está abalada, sem condições de conversar sobre o acidente a morte de João. Segundo ele, era a primeira vez que João, a filha e amiga da adolescente haviam usado a tirolesa no Morro do Moreno, em Vila Velha.
"A família dele está extremamente abalada, sem condições de conversar. A esposa está abalada, os filhos não estão bem. É uma situação que ninguém esperava. A mãe tinha um filho querido e amado por todos que infelizmente teve uma vida ceifada, ao que tudo indica, ter sido uma negligência incrível. Todos nós estamos consternados com a situação", desabafou o parente.
Segundo o cunhado de João Paulo, a expectativa da família é de que as circunstâncias do caso sejam apuradas de "uma forma correta, ágil e evidente para que tudo seja esclarecido da melhor maneira possível. Se os fatos forem apurados de forma correta, isso evidentemente deixará de expor outras vítimas ao acidente. Foi a primeira vez de todo mundo [na tirolesa]", revelou.
Após tomar conhecimento do conteúdo do vídeo, A Gazeta questionou a Polícia Civil nesta terça-feira (4) com o objetivo de saber se o material já estava sendo analisado pelos responsáveis pela investigação do acidente.
Por nota, a corporação informou somente que "o caso foi encaminhado para Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa de Vila Velha, que aguarda o resultado da perícia realizada no local. Detalhes não serão divulgados durante as investigações para preservar a apuração do incidente".
O empreendimento foi inaugurado em dezembro de 2019. O topo tem uma altura de 173 metros acima do nível do mar e o ponto de chegada tem 95 metros. A descida tem um percurso de 500 metros.
A descida pela tirolesa é realizada em duas partes. A primeira, de 100 metros, é guiada. Ela sai da Praça das Antenas, com um posto de parada. A segunda etapa tem 400 metros de descida e pode chegar a 35 km/h. Nesta fase, um paraquedas controla a direção e velocidade até o fim, na Pedra da Testa.
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