Frito, cozido ou mexido. Na comida, no pão ou sozinho. Gema mole ou dura. Não tem como dizer qual é o melhor jeito de comer ovo. Não tem nem como dizer qual é a melhor hora do dia. Há quem prefira no café da manhã; outros, no almoço; e há quem goste na janta. O alimento chegou a ganhar um rap escrito por Sérgio Malandro e cantado por Faustão na década de 1990, que é lembrado até hoje na internet. O que pode ter mais cara de Brasil que isso?
Não é à toa que os brasileiros quase dobraram o consumo de ovos nos últimos dez anos. O alimento virou o queridinho das mesas e dietas, independentemente da classe social. De acordo com dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), enquanto em 2010 o brasileiro consumia uma média de 148 ovos por ano, em 2021, esse número chegou a 257 ovos.
Esse dado, porém, não é alavancado somente pelo valor nutricional do alimento, com o consumo cada vez maior em dietas para ganhar massa muscular, mas também pelo que é pago no caixa.
O preço das carnes suína, bovina e aviária (de frango) fez com que os consumidores procurassem substitutos para esses itens. E o ovo acabou sendo a opção de proteína mais em conta.
Se alguém te perguntasse se ovo faz bem ou mal, você saberia responder prontamente? Se não, é provável que você justifique a própria falta de certeza, lembrando que, há não muito tempo, o alimento figurava nos noticiários ora como vilão da dieta, ora como mocinho.
Hoje em dia, além de ser visto como um alimento rico em nutrientes, seus benefícios à saúde são um dos fatores que embalaram o consumo.
No “alfabeto” das vitaminas, ele tem A, grupo B (B1, B3, B12, ácido fólico, biotina e colina), D, E e K. De minerais, possui magnésio, potássio, selênio, zinco, fósforo e ferro. Na gema, há também ômega 3, uma gordura saudável que não é naturalmente produzida pelo corpo, importante para o funcionamento do cérebro.
Então, a resposta é: ovos fazem bem. Muito bem. Estão em quase todas as listas de alimentos mais saudáveis. Em algumas, aparece abaixo apenas do leite materno.
E, mesmo que essas listas gerem discussão entre cientistas de nutrição, há consenso ao afirmar que o ovo é um alimento saudável.
O consumo de ovo também é impulsionado pelo preço de outras proteínas, sendo consumido como uma alternativa mais em conta. Nesse caso, não são, necessariamente, os benefícios à saúde que estão sendo levados em conta, mas a relação entre o poder de compra da população e o preço do produto.
Preço que tem ficado salgado. Na média, o preço do ovo de galinha subiu 18,70% nos últimos 12 meses, três vezes acima do IPCA, que acumula alta de 5,77%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“É o aumento do milho e do farelo de soja. Esses dois insumos, juntos, representam algo como 80% dos custos de produção dos ovos, e nesses últimos dois anos aumentaram 150% em média”, explica Luis Rua, diretor de mercado da Associação Brasileira de Proteína Animal.
Mesmo com todos os nutrientes, “substituir”, nesse caso, não é algo simples. Como explica a nutricionista Rayanne Pimmentel, nenhum alimento é igual ao outro.
“É importante pensar que cada alimento tem sua particularidade. Alguns vão se destacar com algum tipo de substância e outros com substâncias diferentes. Para substituir, é necessário saber como completar tudo”, explica.
Segundo a nutricionista, é possível substituir a carne pelo ovo, mas, para isso, é preciso entender algumas proporções: “Cem gramas de um bife, de carne, têm cerca de 23 gramas de proteína. Cem gramas de ovo têm, mais ou menos, 11 gramas de proteína. Então, para atingir a quantidade de proteína de um bife, a gente teria que comer por volta de três unidades de ovos”.
A carne vermelha tem uma quantidade maior de proteína se comparada ao ovo. Porém o ovo tem mais cálcio do que a carne vermelha. "Ter esse equilíbrio é importante. A gente balanceia a alimentação para ter equilíbrio no consumo desses nutrientes."
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