Um cemitério particular da Serra registrou o maior número de sepultamentos de sua história no mês de junho. Em 37 anos de existência, o Jardim da Paz, localizado no bairro Alterosas, realizou 176 enterros e/ou cremações no mês passado. De acordo com a administração do local, foi o máximo de sepultamentos em apenas um mês desde o início das atividades na década de 80.
Em meio à pandemia do novo coronavírus, o número de mortes pela doença ou suspeita dela representou uma parcela significativa do recorde registrado. De acordo com os números enviados pelo Jardim da Paz à reportagem de A Gazeta, dos 176 sepultamentos e/ou cremações em junho, 81 foram de casos confirmados ou suspeitos de Covid-19, o equivalente a 46%.
Nos meses anteriores, o cemitério também registrou quantidade considerável de sepultamentos e/ou cremações de pessoas que faleceram em decorrência da Covid-19 ou com suspeita da doença. Em maio, dos 166 registros, 56 tinham o novo coronavírus ou estavam com suspeita o equivalente a um terço do total no mês. Em abril, foram 19 sepultamentos e/ou cremações por Covid-19 ou suspeita, do total de 105 realizados no cemitério equivalente a 43,9%.
Em comparação com o ano passado, o cemitério registrou menos enterros durante os meses de março e abril. No entanto, o aumento observado em maio e junho compensou a queda dos dois meses anteriores, fechando o período dos quatro meses deste ano com um aumento de 70 enterros, comparando com os mesmos meses de 2019.
Em nota, a administração do Jardim da Paz informou que "embora o número de sepultamentos em junho de 2020 tenha sido alto, o aumento na média de atendimentos no período de março a junho de 2020 foi de aproximadamente 10% comparado ao mesmo período de 2019, índice plausível e razoável para o momento de pandemia que estamos vivendo. Em julho deste ano, os índices já estão se normalizando, e a empresa acredita que a tendência de queda da pandemia no Estado logo será refletida inclusive no número de sepultamentos".
Segundo a pesquisadora em Epidemiologia e professora titular da Ufes, Ethel Maciel, os números são resultados do impacto causado pelo novo coronavírus no Espírito Santo. Para ela, o enterro é a ponta do iceberg e a pandemia deixará marcas ainda maiores.
O enterro é a ponta do iceberg. São aqueles casos que evoluíram para o óbito. Mas você tem um número grande de pessoas que foram internadas e conseguiram sair, mas que vão ficar com sequelas. A pandemia, mesmo quando acabar, vai deixar muitas cicatrizes, muitas marcas. Porque as pessoas perderam, porque famílias tiveram pessoas internadas. Essas marcas da pandemia vão ser perdurar por muito tempo, disse.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta