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Em 8 dias, ES bate três recordes de novos casos da Covid-19

Em 8 dias, ES bate três recordes de novos casos da Covid-19

Com este saldo, o Espírito Santo chega, somente em dezembro, a 30.926 novos casos da doença e 384 mortes, sendo que a média mensal chega a 1.932 casos diários da Covid-19

Publicado em 16 de dezembro de 2020 às 22:01

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Praia da Costa, em Vila Velha, lotada no dia 13/12/2020, em meio a pandemia e ao crescimento de casos da Covid-19 no ES
Praia da Costa, em Vila Velha, lotada no último dia 13, em meio à pandemia e ao crescimento de casos da Covid-19. (Ricardo Medeiros)

Na metade do mês de dezembro os números da Covid-19 seguem chamando atenção e acendendo um alerta para o avanço da doença no Espírito Santo. Desta vez, em apenas oito dias foram registrados três recordes de novos casos de infecção pelo coronavírus em um intervalo de 24h. Inicialmente, no dia 8 deste mês foram computados 2.418 casos, ao passo que no dia seguinte, quarta-feira (09), foram contabilizados 2.419 novos casos, um a mais do que no dia anterior. Nesta quarta-feira (16), uma semana depois, o Estado chegou aos 2.989 registros e 33 mortes nas últimas 24h.

Com este saldo, o Espírito Santo chega, somente em dezembro, a 30.926 novos casos da doença e 384 mortes, sendo que a média mensal chega a 1.932 casos diários da Covid-19.

Vale lembrar que todos os dados utilizados nesta reportagem por A Gazeta consideram as atualizações diárias do Painel Covid-19, feitas pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

PANORAMA

No total, desde o início da pandemia, o Estado registrou 220.927 casos do novo coronavírus e 4.663 mortes pela doença. O município de Vila Velha, com 31.312 registros, mantém o maior número de moradores infectados. Em seguida, estão Serra (27.804 casos), Vitória (26.541) e Cariacica (19.142).

Dentre os bairros, Jardim Camburi, na Capital, segue no topo do ranking, com 3.928 pessoas infectadas, seguido pela Praia da Costa, em Vila Velha, com 3.488.

A quantidade de curados também subiu, chegando a 202.608. A taxa de letalidade da Covid-19 se mantém 2,12% e 709.261 testes já foram realizados no Espírito Santo.

"CONTEXTO DE ALTO RISCO", DIZ SECRETÁRIO

Em entrevista à reportagem de A Gazeta, o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, afirmou que há de fato um explícito aumento de casos da Covid-19 no ES. Segundo o médico, o Laboratório Central (Lacen) liberou 3.478 laudos nesta quarta-feira (16), sendo que, destes, 1.911 foram positivos, o que significa falar em 54,95%. Para a autoridade, o contexto atual é de alto risco e a sociedade precisa se conscientizar.

Questionado sobre a possibilidade de adoção de medidas mais duras para evitar o contágio, como o lockdown, Fernandes explicou que medidas extremas se darão pela iminência de colapso da rede assistencial, que, até o momento, não aconteceu. "Temos a Matriz de Risco que nos orienta e enquanto não chegarmos no risco extremo por ocupação hospitalar, ou seja, de 90% de ocupação dos leitos potenciais, os quais queremos chegar a 900 unidades disponibilizadas, medidas radicais não serão tomadas", afirmou.

Para ele, até o final do mês de janeiro não há, aparentemente, o risco de colapso. "Queremos que a população entenda que há muitos óbitos e casos na sociedade agora, é um risco real. As vidas perdidas não são só números, mas pessoas próximas. De fato, o risco de situação equivalente ou pior do que a primeira onda é grande se não forem reduzidos comportamentos que levam ao contágio. Em conversa com o secretário do Paraná, ele apontou que todos os Estados do Sul do país já estão piores do que na primeira expansão de casos. E eu não tenho ilusão de que aqui seja diferente, temos que nos preparar", acrescentou.

Em se tratando do pior cenário visto no Estado, Nésio Fernandes apontou o caso de Vila Velha. "A situação lá é um alerta para o ES. No dia 10 deste mês tivemos no Estado 35 óbitos e 10 deles foram somente em Vila Velha. Precisamos prestar atenção nisso e iniciar uma mudança clara de comportamento, porque o que ocorreu lá pode ser também a realidade de outros municípios capixabas. Precisamos nos antecipar e aumentar a fiscalização para evitar este contexto generalizado. Não é adequado antecipar a previsão em mais de três semanas, mas, observando a tendência, poderemos ter um janeiro muito duro", disse.

Com relação à fiscalização durante as festas do final do ano, o secretário destaca que será intensa, apesar de que não é possível garantir a possibilidade de fiscalizar "todo mundo o tempo todo, em especial as atividades privadas". Neste sentido, Fernandes ressalta que as pessoas precisam entender que é um momento para evitar encontros, em especial com os idosos e que as celebrações devem ocorrer em formato alternativo neste ano.

"COMPRAS NÃO SÃO SEMPRE ESSENCIAIS", AFIRMA ESPECIALISTA

De acordo com a médica infectologista Rúbia Miossi, o cenário de aumento dos casos denota a consequência da maior circulação de pessoas, mesmo havendo orientação em sentido contrário. "A gente consegue ver cada vez mais pessoas circulando em vários ambientes, sem necessidade. Trabalho em consultórios localizados em shoppings e os vejo cada vez mais cheios e as compras não são sempre essenciais", iniciou.

A especialista ainda afirma que para um aumento expressivo é possível que tenha acontecido represamento de casos, já que há atrasos de mais de 10 dias nos resultados de exames do Lacen.

Com relação à imposição de medidas mais extremas, como o lockdown, Miossi acredita que não é a atitude ideal para o momento. "Vivemos em um Estado Democrático de Direito, em que as pessoas têm o direito de ir e vir. A pandemia é uma questão de saúde pública no sentido de que o Estado deve orientar, mas decretar fechamento de tudo precisa ser melhor organizado, não pode ser como se pensava no começo, quando precisávamos garantir que teríamos leitos suficientes. Hoje o Estado diz que temos o suficiente, cabe a nós confiar. Teoricamente a atividade comercial pode continuar sendo desenvolvida de acordo com os dados que temos agora", afirmou.

Apesar de não defender o fechamento das atividades, a infectologista não acredita que apostar no bom senso das pessoas esteja sendo o suficiente. "Mas também não há nada muito além disso a ser feito. É continuar reforçando as medidas, mas não consigo ver outra solução. Infelizmente as pessoas estão cansadas e optam por não se protegerem. Elas entenderam que 80% dos casos são leves e topam contar com a sorte. Mas a gente tem que continuar apelando para que coloquem a mão na consciência e ajudem a diminuir a transmissão, mas são medidas que necessitam do envolvimento de cada um", pontuou.

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