“Pinta um monte de cor, faz a bandeira LGBTQIA+”. Foi assim, de forma completamente extrovertida que Bruno sugeriu à mãe que mudasse a cor da casa da família. Tudo não passava de uma brincadeira, mas Adriana levou a sério e, por amor, transformou o desejo do filho em realidade. Há pouco mais de um ano, a residência colorida da família Fonseca Meneguelli virou uma espécie de “ponto turístico” em Iriri, balneário de Anchieta, no Litoral Sul do Espírito Santo.
Antes da pandemia de Covid-19 começar, Bruno Fonseca Meneguelli, de 22 anos, vivia no Rio de Janeiro, onde estuda artes cênicas. Quando as aulas foram suspensas, ele decidiu voltar para o Espírito Santo. A mãe pintou a casa e queria fazer uma surpresa para o filho, mas a ideia fez tanto sucesso, que antes de chegar a Iriri, o filho já havia recebido imagens da “nova” residência.
“Ela comentou comigo que tinha que pintar a casa, eu falei brincando para fazer a bandeira gay. Eu estava no Rio e ela quis fazer uma surpresa para mim, mas meus amigos começaram a me mandar foto da casa e eu acabei descobrindo antes. Fiquei muito feliz”, lembra Bruno.
A surpresa não deu tão certo. Mas Adriana, de 44 anos, conseguiu o que queria: deixar o filho feliz e gritar ao mundo por respeito.
“Era um final de ano e perguntei em um almoço de qual cor pintaríamos a casa. O Bruno respondeu: ‘pinta ela toda colorida’ e eu disse a ele que não era má ideia. Ele voltou para o Rio e eu comecei a mexer os meus pauzinhos. Conversei com o meu esposo, com os meus filhos e eles acharam a ideia maravilhosa. Não foi fácil achar todas as cores, mas com ajuda de alguns profissionais eu consegui. Era para ser uma surpresa, mas não deu. Mesmo assim, quando ele chegou foi muito emocionante, ele não teve palavras para nos agradecer. Esse é um momento que vai ficar para sempre nas nossas lembranças", conta a mãe.
Eles sempre superaram preconceitos. A sexualidade de Bruno nunca foi problema para os pais ou para os irmãos. Mas Adriana lembra que a luta da família por respeito é antiga, desde os tempos em que o filho mais novo era o balizador de uma equipe de fanfarra da escola. Bruno, o único menino do grupo, ficava à frente das meninas e fazia a demonstração das coreografias.
"Todos nós sofremos preconceito, não só o Bruno, mas a família toda. O Bruno sempre gostou de dançar, sempre foi extrovertido, participava dos eventos da escola e nessa época foi muito difícil para mim. As pessoas comentavam ‘esse menino vai ser gay, como os pais permitem uma coisa dessas?’. Isso porque eu fiz um macacão, coladinho, para ele acompanhar as meninas, ficar mais confortável para ele nas coreografias. As pessoas julgavam muito e ele era só uma criança”, recorda.
Desde que a casa ganhou novas cores, no começo de 2020, o local virou uma espécie de ponto turístico em Iriri. Não há quem passe por lá sem querer saber o motivo da residência ser colorida. Muita gente já tirou foto em frente ao local, o que fez a casa colorida viralizar nas redes sociais.
"Todo mundo que passa tira foto. Em um primeiro momento a gente achou loucura, mas a casa virou um sucesso. Quem nunca viu, passa admirando a coragem da família", conta Regiane Carvalho, proprietária de um comércio que fica em baixo da residência.
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