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Em crise, viação de ônibus em Vitória se desfaz de linhas e de veículos

Em crise, viação de ônibus em Vitória se desfaz de linhas e de veículos

Trajetos até então operados pela Tabuazeiro passarão a ser de responsabilidade da Viação Grande Vitória, que vai absorver cinco linhas da empresa

Publicado em 2 de outubro de 2020 às 07:21

Paralisação dos funcionários da Viação Tabuazeiro por falta de pagamento.\
Viação Tabuazeiro é uma das três empresas do sistema municipal de transporte de Vitória Crédito: Vitor Jubini
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Em crise, viação de ônibus em Vitória se desfaz de linha e de veículos

Para regularizar o pagamento dos funcionários e aliviar seu caixa, a Viação Tabuazeiro – uma das três empresas que operam o sistema municipal de transporte de Vitória – se desfez de linhas e ônibus.

Trajetos até então operados pela empresa passarão a ser de responsabilidade da Viação Grande Vitória. A informação, apurada pela reportagem de A Gazeta, foi confirmada pela Secretaria de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana de Vitória (Setran).

A pasta informou que a empresa Grande Vitória absorverá cinco linhas antes realizadas pela Tabuazeiro: 310, 124, 175, 172 e 010A – a viação Tabuazeiro é responsável por 26 linhas municipais.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Espírito Santo (Sindirodoviários), a negociação envolveu a venda de cerca de 20 ônibus que eram usados pela Viação Tabuazeiro para operar essas cinco linhas.

A Metropolitana – empresa do Sistema Transcol e que pertence ao mesmo grupo da Tabuazeiro – também vai entregar veículos para a Viação Grande Vitória, de acordo com o Sindirodoviários.

A Secretaria de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana de Vitória informou que a negociação foi entre as empresas e o pedido para mudança na gestão das linhas foi enviado à prefeitura. "Após análise, não houve impedimento legal, e a prefeitura autorizou a nova operação, que será iniciada na próxima segunda-feira (5). Não haverá alteração nos trajetos e horários das linhas", destacou a pasta.

O Sindirodoviários diz que participou das conversas entre as empresas para garantir que a Grande Vitória também absorva os motoristas e cobradores dessas linhas. "Em cada ônibus, são pelo menos dois cobradores e dois motoristas, geralmente. Para essa negociação acontecer, foi a primeira prerrogativa do sindicato: que a Grande Vitória também aproveitasse os funcionários", afirmou José Carlos Sales, um dos diretores do sindicato trabalhista.

O Sindirodoviários e a Prefeitura de Vitória não informaram o valor da negociação. Com o dinheiro, a Viação Tabuazeiro conseguiu pagar os salários e benefícios atrasados dos funcionários. Os motoristas e cobradores, que faziam uma paralisação desde a semana passada (pela quarta vez, só em 2020), voltaram ao trabalho na última segunda-feira (28) após a regularização.

O Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Setpes) confirmou o fim da paralisação, mas disse que não participou das negociações e não tem detalhes do que foi acordado.

O sistema de transporte coletivo de passageiros passa por uma forte crise em Vitória. Reportagem de A Gazeta mostrou na última semana que as empresas de ônibus acumulam um prejuízo que pode chegar a quase R$ 1,5 milhão por mês na capital. Elas apontam que apenas a integração do sistema ao Transcol pode salvar as viações da crise.

Só a Tabuazeiro chegou a somar um prejuízo mensal de mais de R$ 500 mil. Para agravar a conjuntura, as empresas tiveram uma queda acima de 80% no número de passageiros durante a pandemia de coronavírus. E as passagens pagas são as únicas fontes de recurso dessas viações já que elas, diferentemente das empresas do sistema Transcol, não recebem subsídio do poder público.

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