Em julho, dias após sentir febre, dor de cabeça e enjoos, uma moradora da Serra de 29 anos confirmou em teste que estava com a Covid-19. Quase três meses depois, ao voltar a sentir os sintomas, acompanhados desta vez de perda de paladar e do olfato, veio a surpresa: o novo teste voltou a confirmar a mesma doença.
O primeiro teste (PCR) foi feito em 17 de julho, em um laboratório particular, cinco dias após aparecerem os sintomas. Dias antes o marido dela havia tido o mesmo resultado positivo. O casal manteve a quarentena em casa, sem contato com familiares e amigos.
A jovem conta que nesta primeira fase os sintomas da doença foram mais leves. Senti febre por dois dias, mas nada grave, além de dor no corpo e de cabeça. Não perdi o paladar e nem tive problemas na garganta. Comecei a sentir os sintomas depois que o meu marido positivou para a Covid-19, relata.
Após algumas semanas, o casal melhorou e manteve as atividades, com ela trabalhando em casa. Para sua surpresa, no início do mês de outubro, ela voltou a sentir os sinais da doença, mas desta vez com mais sintomas, incluindo a perda do paladar e olfato.
Começou no dia 5 de outubro com dor de cabeça forte, tomei dipirona, mas ela voltava. Achei que era gripe, mas foi piorando. No terceiro dia comecei a perder paladar e olfato, a ter dores de cabeça, nariz congestionado, garganta irritada e dor nos olhos, dor no globo ocular, relata.
Ao consultar o médico em uma unidade de saúde da Serra, ela foi avaliada com sintomas gripais e até suspeita de sinusite. Como a situação piorou, ela foi em outra unidade de saúde. Não melhorei, continuei com muita dor de cabeça e comecei a suspeitar de Covid-19. No dia 9 de outubro fiz outro exame (PCR), contou.
Ela só teve acesso ao resultado no último dia 17. O exame foi feito pelo Laboratório Central (Lacen) do Estado, e, para sua surpresa, voltou a ser positivo para a Covid-19. Como os sintomas permaneceram, voltei ao posto de saúde e ele constatou que estou com pneumonia por causa da Covid-19. Passou antibiótico, corticóide, e orientou a ficar de repouso porque ainda tenho sintomas fortes do vírus no corpo, relata a jovem.
Surpresa com o novo resultado, a jovem, que pediu para não ter o seu nome divulgado, conta que sempre manteve cuidados, evitando exposição e aglomerações. Na primeira vez fui contaminada porque meu marido também teve a doença. Mas sempre me cuidei, uso máscara, álcool em gel, saio o mínimo possível, e não faço ideia de onde posso ter pego o vírus, conta.
O médico, segundo a jovem, apontou que ela pode ter sido reinfectada ou que o vírus permaneceu em seu corpo de forma mais branda, voltando a causar a doença uma segunda vez.
De acordo com a chefe da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Larissa DellAntônio, mesmo com dois testes positivos para a Covid-19, em meses diferentes, não é possível afirmar que se trata de uma caso de reinfecção pelo novo coronavírus.
Ela explica que a secretaria aguarda a divulgação de um protocolo a ser divulgado pelo Ministério da Saúde para conduta a ser adotada para a identificação de possíveis casos de reinfecção, estabelecendo prazo, testes, condições, dentre outros detalhes.
Os testes feitos pela paciente foram em laboratórios diferentes, observa Larissa, e no primeiro deles não há muita informação sobre a clínica, ou seja, sobre os sintomas apresentados pela paciente, o que dificulta a análise. O primeiro teste foi feito em um laboratório particular e não temos a amostra para fazer uma análise, esclarece.
Outra dificuldade é que não houve um teste negativando a doença, no intervalo de tempo entre os dois resultados positivos, o que levaria a uma possibilidade de reinfecção.
Outra possibilidade, aponta, é o vírus ter permanecido no corpo da paciente, de forma residual. E com uma oscilação da imunidade, pode ter ocorrido uma recidiva da doença, mas é uma possibilidade, observa Larissa.
Larissa destaca que a paciente deve manter o isolamento, seguindo as orientações médicas, evitando contato com outras pessoas. Ela lembra ainda que, desde setembro, nos casos das pessoas com contaminação, os familiares precisam também ser testados, o que precisa ser feito pelo município.
A moradora da Serra informou que recebeu apenas uma ligação da Secretaria de Saúde do município, solicitando informações sobre o seu estado de saúde.
A Prefeitura da Serra, por nota, informa apenas que o município não tem casos confirmados de reinfecção até momento.
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