O Espírito Santo registrou 150 internações por Covid-19 na última sexta-feira (12). Destas, 48 foram em leitos de UTI, 97 em enfermarias e cinco em leitos semi-intensivos. A informação foi publicada pelo secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, em suas redes sociais na madrugada deste domingo (14).
Em uma longa explicação, o médico admitiu que o sistema de saúde capixaba opera há dias acima dos 80% de ocupação de UTIs, mas negou que qualquer paciente esteja esperando mais de 24 horas por leitos. Ele apontou ainda para uma expansão do atendimento do Serviço de Atendimento Móvel e Urgência (Samu) para a região de Linhares nos próximos dias.
"Neste momento a Central de Leitos possui 9 pacientes suspeitos/confirmados de COVID-19 aguardando disponibilidade de vagas na 'regulação de leitos', destes somente 1 para UTI, demais são para internação em enfermaria. Nenhum deles com mais de 24h", escreveu.
A publicação foi feita após viralizar um vídeo em que o médico infectologista Fernando Aché, que atua no Hospital Geral de Linhares, desabafa sobre a lotação da unidade e afirma não ter mais leitos para receber pacientes. Sobre o caso, a Secretaria Estadual de Saúde informou, por nota, que não há colapso no sistema de saúde e que os pacientes graves são atendidos diretamente pelo Samu e encaminhados para os hospitais "sem a necessidade de regulação nos municípios atendidos pelo serviço."
Esses pacientes têm a prioridade "vaga zero" estabelecida ainda no primeiro atendimento prestado pelo Samu. Atualmente, de acordo com o secretário, o Estado conta com 34 municípios atendidos pelo serviço que, nos próximos dias, deve chegar à região de Linhares.
"A partir desta semana o Samu será expandido para a região de Linhares, ampliando para mais sete municípios, garantindo cobertura do Samu para 60% da população. Ainda em março a ampliação alcançará a região Sul. Com o Noroeste ampliando em abril, 100% de cobertura da vaga zero", publicou.
As "vagas zero" são garantidas por hospitais que são referência no tratamento da Covid-19, como é o caso do Hospital Jayme dos Santos Neves, que tem 250 leitos para atender pacientes infectados pelo coronavírus. Até as 21 horas de sábado, de acordo com Nésio, o Jayme recebeu 22 internações.
Ao todo, o Estado conta com 725 leitos Covid-19, distribuídos em 31 hospitais. Nésio voltou a lembrar que a estratégia do governo, em vez de criar hospitais de campanha, foi a de investir na ampliação de leitos e na infraestrutura de unidades de saúde consideradas de "baixa complexidade", que tiveram os perfis revistos.
"A rede hospitalar do ES foi ampliada e organizada para suportar a pressão da pandemia e de outras doenças. Hoje são 31 hospitais com 725 leitos COVID-19, no total temos mais de 1300 leitos de UTIs a disposição dos usuários do SUS. Chegaremos em abril a mais de 1500 leitos de UTI. Outra ação importante no ES foi o investimento em infraestrutura hospitalar. Hospitais de baixa complexidade foram ampliados e tiveram seu perfil revisto. Não construímos 'Hospitais de Campanha', investimos no SUS", escreveu.
Apesar de defender que o sistema de saúde capixaba foi fortalecido para conseguir atender todos os pacientes nos momentos mais críticos da pandemia, o secretário finalizou sua explicação fazendo um apelo para o uso da máscara e alertando para o perigo da automedicação. O médico enfatizou que é preciso "romper a cadeia de transmissão da doença, da negação e do escárnio", disciplinando o uso de máscara e testando e isolando todos os pacientes com qualquer sintoma respiratório.
"Pacientes suspeitos, mesmo com quadros leves, devem ser isolados até descartar o diagnóstico, todos os contatos dos positivos devem ser testados. A rede pública oferece amplamente a testagem de sintomáticos e de contatos. Nossa capacidade de testagem está ociosa", apontou.
A automedicação com remédios sem eficácia comprovada configura, para o secretário, um dos "maiores riscos à transmissão descontrolada". "Pacientes com poucos ou muitos sintomas estão deixando de procurar avaliação médica e a testagem para usar medicamentos sem evidências, escondendo a prevalência real da doença nos indicadores epidemiológicos", assinalou.
O secretário alertou, ainda, para medidas mais restritivas para conter a transmissão do vírus no Estado. "Diante do risco de colapso, não hesitaremos em adotar medidas enérgicas e duras para conter a transmissão da COVID-19 e evitar o colapso da rede assistencial. Medidas já foram tomadas e novas poderão avançar na medida que o quadro da pandemia avance", finalizou.
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