A empresa responsável por confeccionar um outdoor com um pedido de reconciliação em Cachoeiro de Itapemirim vai fazer uma campanha educativa sobre violência contra mulheres. A decisão faz parte de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), e contará com cinco banners espalhados pela cidade. O objetivo é disseminar informações educativas sobre o enfrentamento à violência doméstica.
A campanha começará a ser veiculada na próxima segunda-feira (19). A ideia é que seja divulgada uma contrapropaganda em relação à mensagem veiculada em abril, que dizia "Julia, se você não aceitar voltar, vou colocar sua foto aqui. Ass: Carlos (seu amor)".
Além da contrapropaganda com conteúdo sobre enfrentamento às violências contra as mulheres no mesmo espaço, o TAC, que foi firmado de forma consensual com a empresa, estabelece que mais quatro outdoors com o mesmo teor sejam divulgados em diferentes locais da cidade, contando também com informações sobre canais de denúncia.
O proprietário da empresa, Ozéias Mello, confirmou para a reportagem de A Gazeta que irá veicular a campanha e acredita que a ação será importante para a cidade. “Vai ser muito bom para Cachoeiro”, adiantou nesta quinta-feira (15).
O termo foi firmado após o Ministério Público ser comunicado pelo Conselho Municipal de Direitos da Mulher de Cachoeiro de Itapemirim sobre a instalação do outdoor.
Além de levar em consideração o Código de Defesa do Consumidor que proíbe publicidades abusivas, que incite à violência, explore o medo, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial, o TAC também ressalta o contexto social de violência contra mulheres.
“O Brasil é o 5º país do mundo onde mais se matam mulheres e esse grave cenário é fruto do machismo enraigado em nossa sociedade, que faz perpetuar esteriótipos de gênero que inferiorizam o sexo feminino frente ao masculino, subjugando e vulnerabilizando mulheres, justificando contra elas práticas violentas que por vezes culminam em morte”, diz um trecho do documento.
Após conversas com representantes da empresa, o termo foi firmado por meio da 2ª Promotoria de Justiça Cível de Cachoeiro de Itapemirim, da 3ª Promotoria de Justiça Criminal do município e do Núcleo de Enfrentamento às Violências de Gênero em Defesa dos Direitos das Mulheres (Nevid).
A multa estabelecida em caso de descumprimento do TAC é de R$ 100 por dia, valor que será revertido ao Fundo Estadual dos Direitos Difusos Lesados.
A mensagem que culminou no Termo de Ajustamento de Conduta foi publicada em abril, em um outdoor na Avenida Francisco Lacerda de Aguiar, uma das vias mais importantes de Cachoeiro, com a mensagem "Julia, se você não aceitar voltar, vou colocar sua foto aqui. Ass: Carlos (seu amor)".
Na época, apesar de muitas reações apontando o homem como apenas “um apaixonado”, comentários nas redes sociais já diziam que o morador tinha passado dos limites, sendo invasivo com a mulher, apontando até indícios de um relacionamento abusivo.
A identidade de Julia e Carlos não foi revelada na ocasião, mas, em entrevista ao site A Gazeta, o proprietário da empresa garantiu que não se tratava de uma ação de marketing. Na época, também foi informado que a produção em papel e fixação custava R$ 890 e ficava no local pelo período de duas semanas.
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