Uma das principais demandas dos moradores do Centro de Vitória ganhará um novo passo para ser atendida no início de 2025. É quando deverá ser entregue um plano estratégico para a requalificação urbana do Centro, que tem objetivos como a melhora da infraestrutura, aumento da segurança, atração de investimentos, valorização local e melhor qualidade de vida para os moradores.
O serviço foi contratado pela Prefeitura de Vitória ao custo de R$ 1.171.061 à empresa dinamarquesa Ramboll, que teve suas operações no Brasil adquiridas pela multinacional suíça de engenharia e consultoria EBP. O documento, firmado entre a Prefeitura e a companhia em julho de 2023 prevê a “elaboração de plano estratégico de conservação integrada e planejamento da área central de Vitória, do programa de requalificação urbana e segurança cidadã”. Para custear os serviços, a Prefeitura recebeu um empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Em entrevista à reportagem de A Gazeta, o secretário municipal de Desenvolvimento da Cidade e Habitação de Vitória, Luciano Forrechi, citou a necessidade de investimento para buscar soluções para uma demanda complexa.
“O plano vai apontar ações de médio, longo e longuíssimo prazo. É uma área que exige muito planejamento, e tem alguns fatores importantes a se observar. O primeiro: não tem área de expansão, de um lado está a Baía de Vitória e, do outro, o relevo não permite, além das fundamentais áreas de proteção ambiental”, elencou, demarcando o centro expandido entre a Curva do Saldanha e o Sambão do Povo.
“Tem também a questão da preservação histórica do centro, um grande número de prédios exige essa observação. O retrofit, por exemplo, já é uma realidade. Temos quase 1350 unidades beneficiadas porque passaram por intervenções que se enquadram na legislação do retrofit”, disse, em referência à modernização de edifícios antigos, mantendo suas características arquitetônicas. A Capital conta com parâmetros construtivos mais flexíveis e incentivos fiscais para esse tipo de ação.
“O governo também tem que fazer sua parte, reformando praças, reorganizando ruas, construindo escolas, mirando o adensamento populacional do Centro”, reconheceu o secretário. Forrechi lembrou que uma das bases para esse processo foi uma pesquisa realizada em parceria com a Faesa, em 2022, que mapeou 217 imóveis vazios ou subutilizados na região.
Além do Centro em si, constam no escopo do contrato para a realização do plano os bairros adjacentes: Ariovaldo Favalessa, Caratoíra, Do Quadro, Do Cabral, Santa Clara, Do Moscoso, Piedade, Fonte Grande e parte do bairro Forte São João.
“Cumpre notar que os bairros citados beneficiam-se da área central de Vitória para uso do comércio, serviços e lazer. Assim sendo, devem ser incorporados a esses estudos”, diz o texto.
O contrato diz ainda que “a necessidade de intervir é para qualificar, conservar e preservar sua identidade e suas características marcantes, além de potencializar a dinâmica urbana. Isso constitui a condição para garantir a sustentabilidade urbana e afastar a postura predatória que utiliza o espaço além dos limites da sua resiliência”.
O contrato também cita que as intervenções devem garantir a participação popular. Para isso, já foram realizadas dez audiências públicas entre março e abril deste ano. Walace Bonicenha, presidente da Associação de Moradores do Centro de Vitória (Amacentro), vem participando das reuniões e avalia que o diálogo tem sido produtivo. “Os diagnósticos vêm muito próximos do que nós pensamos”.
“Nós não esperamos uma revitalização, o Centro já está revitalizado. Já estamos em outra fase de valorização do Centro. Quando se fala em revitalizar, parece que o Centro está morto, e não está. Temos áreas que, de fato, precisam ser retrabalhadas, valorizadas, requalificadas, como é o caso da Avenida Jerônimo Monteiro”, avaliou ele, que integra a associação há seis anos e assumiu a presidência há quatro meses.
“Também já temos muitos aparelhos sendo restaurados, caso do Mercado da Capixaba, a Fafi, a praça do Teatro Carlos Gomes. É importante ressignificar esses espaços. Estamos participando ativamente e o que o Centro deseja é discutir mesmo, acatar as ações, buscar também a perspectiva da criação de moradias”, acrescentou ele.
Mais uma audiência pública deve ser realizada em dezembro, antes da entrega do plano, mas a data ainda não foi divulgada.
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