Os moradores de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, ainda não esqueceram o dia 25 de janeiro de 2020. Era um sábado à tarde quando o rio começou a transbordar e a forte correnteza tomou conta das ruas do município, invadindo residências e estabelecimentos comerciais.
O Rio Itapemirim atingiu a marca de 12 metros acima do normal. Segundo a Prefeitura de Cachoeiro, foi a maior enchente da história do município. Muita gente não teve tempo de retirar as coisas antes que a água do rio chegasse.
Quando a água baixou, o que se viu no município foi sujeira, lama e muita destruição. Móveis, roupas, eletrodomésticos e produtos de lojas ficaram espalhadas pelas ruas em meio ao caos. A prefeitura informou que retirou mais de 14 mil toneladas de entulho e lama das ruas.
Um ano depois, a cidade se reergueu como conseguiu. Muitas fachadas de casas e lojas foram pintadas e refeitas. Foi preciso muita limpeza e obra para recuperar residências, lojas, pontes e ruas afetadas.
Em todo município, 1. 500 pessoas chegaram a ficar fora de suas casas e 1.624 pessoas realizaram o cadastro para receber o Cartão Reconstrução. Após a enchente, 2.271 imóveis foram vistoriados pela Defesa Civil.
A casa de Alfredo Martins foi totalmente inundada. Agora, ainda com medo da cena se repetir, ele monitora o nível do rio diariamente. “Quando ele (rio) começa a encher, eu já fico olhando. Tenho muito medo de acontecer de novo. Espero em Deus não ver outra enchente dessa. Muito triste. Não gosto de lembrar. Com 60 anos aqui, já vi muita enchente, mas igual a essa nunca tinha visto. Só sabia que tinha casa aqui quem conhece. A água tapou tudo”, contou.
Dulcineia Pereira disse que precisou comprar e reformar todos os móveis porque não deu tempo de tirar antes que a água invadisse a casa. “Nós saímos daqui. Falei com meu esposo: vamos deixar tudo aí. Foi muito triste. Foi tudo muito rápido. Tive que comprar tudo novo. Não deu tempo. Não gosto nem de lembrar. Nem eu que moro aqui há tanto tempo, nunca vi coisa igual", relatou a moradora.
Mais de 550 lojas foram afetadas. A associação comercial de Cachoeiro calculou que o prejuízo chegou a R$ 120 milhões. A prefeitura divulgou que em 2020, foram movimentados mais de R$ 3,4 milhões do programa Nossocrédito, para oferecer suporte a empreendimentos através de empréstimos com juros baixos.
Na loja onde Larissa Contarini trabalha, a água chegou a mais de 1,80 m na loja. Foi preciso reformar todo o imóvel e a obra terminou há três meses. “Quando nós chegamos aqui foi uma cena de terror. Foi muito triste e devastador ver o ambiente de trabalho daquele jeito. A gente não gosta nem de lembrar. Tivemos que reformar tudo. Agora a gente vive em alerta, porque foi um pânico.”
O Fernando Leal, que é dono de uma loja de colchões, contou que tentou subir com o que pode, mas o prejuízo foi grande. “Durante a noite, a gente foi passando e vendo a água subindo, passou de 2 metros e de manhã conseguimos ver a catástrofe. Vidros quebrados, tudo revirado. Aos poucos vamos reconstruir. Ainda estamos em reforma. Ninguém quer passar por isso de novo.”
De acordo com a Prefeitura de Cachoeiro, foram mapeados pontos estratégicos para instalação de equipamentos, pluviômetro e estações hidrológicas, que vão permitir a verificação do volume de chuvas e do comportamento da vazão do rio, com intuito de antecipar cenários e ações preventivas, em caso de risco de enchentes.
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