O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021 será aplicado a mais de 3 milhões de brasileiros neste domingo (21), entre eles 58.590 inscritos do Espírito Santo, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Nesta primeira etapa, serão aplicadas 45 questões de Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias (língua portuguesa, literatura, língua estrangeira, artes, educação física e tecnologias da informação e comunicação), 45 questões de Ciências Humanas e Suas Tecnologias (história, geografia, filosofia e sociologia), além da redação, que, sozinha, vale mil pontos.
A avaliação é uma das principais portas de entrada nas universidades públicas do país, e, segundo declarações recentes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), já "começa a ter a cara do governo”.
A fala ocorre após uma debandada de servidores do Inep, no início do mês de novembro. No total, 37 profissionais ligados ao órgão federal pediram a exoneração, alegando interferências no Enem.
Os servidores falam em pressão para trocar questões e, segundo informações apuradas pelo Estadão, já houve supressão de itens "sensíveis" na prova que será aplicada nos dias 21 e 28 de novembro. No total, 24 questões teriam sido retiradas após uma “leitura crítica”, sob o argumento de serem “sensíveis”. Depois, 13 delas voltaram a ser incluídas e 11 foram vetadas.
Apesar da confusão, professores apontam que os alunos não devem se preocupar, afinal, independente de quaisquer situações, a prova ainda busca avaliar os conhecimentos dos estudantes, com base naquilo que aprenderam em anos de estudos, e foram elaboradas por profissionais experientes e competentes.
A professora de Língua Portuguesa, Gramática e Literatura do Salesiano, Rosseana Dusi, observa que, de uma forma ou outra, todo governo “imprime sua cara” na prova. A despeito disso, destaca que o Enem é uma prova de habilidades.
“Se o aluno chega com uma fórmula de bolo, tentando adivinhar os temas, talvez tenha mais dificuldade diante de algo inesperado. Mas se conhece os contextos históricos, conhece as temáticas, conhece as habilidades de interpretação, de argumentação, vai conseguir se dar bem. Aquele que vai com as habilidades desenvolvidas, vai conseguir dar conta.”
Na visão da educadora, a maior dificuldade da prova do primeiro dia nem mesmo está ligada ao conteúdo, mas à quantidade de textos apresentados, que podem cansar o estudante e deixá-lo nervoso em relação ao tempo disponível.
“Em geral, os alunos já têm uma estratégia para realização da prova, mas, se não for o caso, é interessante que faça primeiro as questões que considera fácil, que vai conseguir responder mais rapidamente, para depois voltar àquelas que considera mais difíceis.”
Já a professora de Redação do UP Centro Educacional, Ana Paula Oliveira, observa que, via de regra, a proposta textual sempre segue alguns parâmetros, e isso não deve se alterar. Ela destaca que a primeira coisa a que o candidato precisa se atentar são às cinco competências exigidas. São elas:
“Os temas são feitos a partir de eixos que o Inep seleciona, que são temas sociais, culturais, científicos ou políticos, e os assuntos são os mais diversos possíveis. Mas, para elaboração de uma boa redação do Enem, o candidato primeiro precisa ter ciência de que vai ser avaliado nessas cinco competências. Além de, claro, evitar repetição de palavras, fuga ao tema, letra ilegível e rasuras.”
O professor de História do Darwin, Adelarmo Luís de Carvalho, aponta que, em geral, a prova tem dado atenção especial a alguns conteúdos ligados à democracia e cidadania, tanto no mundo clássico, como na Grécia antiga, entre outros exemplos. Ele acredita que esse padrão não deve se alterar.
"Outras temáticas importantes são questões ligadas aos filósofos do Iluminismo, à revolução industrial e à consolidação do modelo capitalista de produção, que é inclusive uma temática que aproxima a história da geografia econômica. A Era Vargas, governo JK, Brasil Colônia e Império, assim como questões ligadas à força do trabalho escravo também costumam ter destaque. E, historicamente, a posição da mulher na sociedade costuma ser abordada, embora, no cenário atual, seja difícil dizer se isso vai se manter.”
O professor de Geografia e Atualidades do Salesiano, Lucas Campos, pontua que desde o governo Temer a prova já vem tomando um novo modelo, tornando-se mais conteudista.
“A avaliação fica cada vez mais conceitual, menos crítica. Acredito que deve ser um pouco mais pragmática. Talvez o governo esteja até blefando, mas, independente de qualquer coisa, há questões que são ‘obrigatórias’ na prova, temas cobertos todos os anos, e isso não deve mudar.”
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