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Enfermeira que fez vídeo sem máscara colocou pacientes em risco, diz MPES

Enfermeira que fez vídeo sem máscara colocou pacientes em risco, diz MPES

Órgão instaurou procedimento nesta segunda-feira (25) para apurar a conduta de Nathanna Ceschim, que publicou vídeos sem máscara no local de trabalho e ironizando vacina

Publicado em 26 de janeiro de 2021 às 15:07- Atualizado há 4 anos

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Enfermeira/Instagram
Enfermeira foi demitida após divulgar vídeos em redes sociais trabalhando sem máscara. (Reprodução/Instagram)
MPES instaura procedimento para apurar conduta de enfermeira que ironizou vacina

Ministério Público do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça Cível de Vitória, instaurou um procedimento nesta segunda-feira (25) para apurar supostas irregularidades na conduta da enfermeira Nathanna Ceschim, que publicou vídeos nas redes sociais sem máscara no local de trabalho e também debochando da vacina contra a Covid-19.

Após tomar conhecimento das imagens, o Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo (Coren-ES) afirmou que investigaria o caso, já o Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória demitiu a enfermeira na noite de segunda-feira (25).  

Segundo o Ministério Público, o procedimento que analisará a conduta de Nathanna Ceschim terá foco o não uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) no exercício das funções no hospital. "A conduta da profissional de enfermagem coloca em risco a vida e a saúde dos pacientes e até dos profissionais que atuam no referido hospital, e descumpre protocolos sanitários, principalmente em período de emergência em saúde pública em razão da Covid-19", destaca o MPES. 

O órgão disse ainda que a postura da profissional  “gera dúvidas quanto aos seus serviços prestados no hospital em relação aos pacientes suspeitos ou confirmados da Covid-19, em razão da declaração postada nas redes sociais na noite sexta-feira (22/01), bem como aos serviços prestados pelo próprio hospital”. 

Na portaria de instauração do procedimento, o MPES informou que tomou conhecimento de que a enfermeira recebeu a primeira dose da Coronavac contra a Covid-19 no dia 19 de janeiro. No documento, o órgão cita os vídeos publicados pela enfermeira. Em um deles, a profissional mostra o comprovante de vacinação e ironiza: "tomei por conta (sic) que eu quero viajar, não para me sentir mais segura. Porque uma vacina que dá 50% de segurança, para mim, não é uma vacina. Tomei foi água".

Em outra gravação, ela aparece sem máscara no local de trabalho enquanto brinca com um colega que está paramentado com os equipamentos de segurança. O MPES cita também que a Santa Casa, além de se tratar de hospital privado filantrópico, possui contrato/convênio com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) para prestação de atendimento via Serviço Único de Saúde (SUS).

O documento frisa que a unidade hospitalar oferece atendimento a trauma menor ortopédico; atende como serviço referenciado de urgências clínicas (Samu-192); trabalha na manutenção dos demais serviços para urgência e emergência; além de ser referência para atendimento aos pacientes graves/potencialmente graves com suspeita e diagnóstico para Covid-19.

OFÍCIOS

Além da instauração de procedimento, o Ministério Público também encaminhou ofícios relacionados ao caso à Sesa, ao Coren-ES, ao Hospital Santa Casa de Vitória, e à própria enfermeira, que foi notificada para que preste esclarecimentos em relação aos fatos.

No ofício à Sesa, o MPES questiona se Nathanna Ceschim presta serviços ao órgão e, em caso positivo, requer informações do tipo de vínculo (efetivo, contrato, temporário), cargo e outros dados relacionados. Pergunta também se a Sesa possui contrato/convênio com o Hospital Santa Casa de Misericórdia. Em caso positivo, solicita que a pasta encaminhe cópia de documentação, informando o servidor designado para a fiscalização do referido contrato/convênio, entre outras informações.

Ao Coren, o MPES questiona se a enfermeira possui registro para atuar profissionalmente, e se já respondeu a outros procedimentos. Indaga também se foi instaurado processo administrativo em desfavor dela, em razão da postagem nas redes sociais do vídeo em que aparece apenas de touca cirúrgica e sem máscara no local de trabalho. O MPES ainda requisita cópia do procedimento instaurado.

Ao Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória, o MPES questiona se já foi instaurado procedimento administrativo em desfavor da enfermeira, em razão da postagem do vídeo em que debocha da vacina contra a Covid-19 no hospital sem os EPIs.

O órgão também requisita informações do setor em que ela trabalha e o cargo. O Ministério Público pede, ainda, que seja identificado o local do hospital onde a enfermeira aparece no vídeo, entre outros questionamentos.

ENTENDA O CASO

Até segunda-feira (25), Nathanna atuava no Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Vitória. A publicação feita por ela na última sexta (22) mostrava ela de touca cirúrgica, mas sem máscara, em frente a um computador da unidade. O hospital não informou em que área a gravação foi feita. No vídeo, ela brinca com um colega, que aparece na porta da sala com touca, luvas e máscara.

Horas antes, a mesma enfermeira publicou um vídeo em que desdenhava da aplicação da vacina Coronavac. Um comprovante exibido na rede social mostra que a imunização dela contra a Covid-19 aconteceu na terça (19), em Vitória.

"Tomei por conta (sic) que eu quero viajar, não para me sentir mais segura. Porque uma vacina que dá 50% de segurança, para mim, não é uma vacina. Tomei foi água", disse no vídeo.

A reportagem tentou contato com Nathana Ceschim desde o último sábado (23), somente na segunda-feira (25), ela se pronunciou sobre o episódio. Em áudio enviado por WhastApp, a enfermeira disse que nos vídeos apenas expressou sua opinião, mas não fez campanha contra a vacina.

"Os meus vídeos foram apenas exercendo o meu direito de liberdade de expressão como um cidadã. Eu fiz um vídeo caseiro, dentro da minha casa, sem expor ninguém, dando apenas o meu ponto de vista. Por quê? Porque, sim, eu acho a vacina importante, mas não acho que seja a salvação do problema. Foi um ponto de vista meu, eu não fiz campanha contra a vacina, não falei paras pessoas não se vacinarem, eu não fiz nada disso. Foi um ponto de vista meu, tanto que eu falo no vídeo, ‘pra mim, essa vacina não tem segurança, eu não tomei ela pra me sentir mais segura’, foi um ponto de vista meu", afirmou.

Sobre o não uso de máscara no local de trabalho, a enfermeira explicou que tirou o Equipamento de Proteção Individual (EPI) após o fim do plantão, próximo das 19h, para tomar água.

"Foi um plantão bastante tumultuado que eu tive, que eu passei o dia todo de máscara e não bebi uma gota d'água. Foi o momento que eu parei em frente do computador, respirei, tirei a máscara para poder tomar um pouco de água e fiz aquela brincadeirinha com o técnico lá da equipe de Enfermagem, que não teve relação em nada com a vacina", afirmou.

Enfermeira do ES debocha de vacina em vídeo
Enfermeira gravou vídeo debochando de ter sido vacinada. (Reprodução/Instagram)

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