Cerca de 40 dias antes da assinatura do contrato entre o governo do Estado e a Rodosol, em 1998, a concessão da Terceira Ponte e da Rodovia do Sol foi alvo de uma ação civil pública. Começava assim uma série de embates, que se acirraram ainda mais a partir de 2013. Houve tentativa de encampação (tomada de posse pela administração pública), congelamento e suspensão do pedágio, obras que foram acrescentadas e outras não feitas, até a disputa, na reta final, sobre quem é o credor de uma dívida milionária acumulada ao longos dos 25 anos de contrato.
Para fazer o encerramento da concessão, a Agência de Regulação de Serviços Públicos (Arsp) contratou, em 2020, uma fundação carioca para fazer a análise dos 25 anos do contrato e apontar se houve desequilíbrio econômico-financeiro. O estudo, a que A Gazeta teve acesso, realizado até o ano de 2019, aponta que o governo capixaba deve à Rodosol. A estimativa é de que a dívida oscile entre R$ 300 milhões a R$ 350 milhões.
“Observou-se que o contrato de concessão nº 001/1998 está com a sua equação econômico-financeira desequilibrada, cujo ônus está sendo suportado pela concessionária”, aponta trecho do estudo, produzido pela Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos (Coppetec).
O valor da dívida, de acordo com o estudo, equivale a perdas ocorridas ao longo da concessão, no chamado desequilíbrio econômico-financeiro do contrato. Elas foram se acumulando ao longo dos anos, nos diversos eventos ocorridos.
Em duas décadas e meia, ocorreram seis aditivos contratuais, uma comissão parlamentar de inquérito da Assembleia Legislativa, tentativa de encampação (tomada de posse) por parte do governo, estudos de equilíbrio econômico-financeiro, auditoria do Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES) e vários processos na Justiça estadual, sendo o principal deles uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES).
Alguns eventos resultaram em impactos no contrato, aumentando ou diminuindo o tamanho da dívida, considerando que muitas delas precisam ser atualizadas até a data presente. Confira alguns desses acontecimentos:
O contrato de concessão com a Rodosol para fazer a gestão da Terceira Ponte e dos 67,5 quilômetros da rodovia se encerra em 21 de dezembro deste ano. A partir do dia seguinte, o governo do Estado passará a administrar os dois ativos, através da Ceturb, empresa pública que hoje gerencia o Transcol e o Aquaviário. A situação é, em princípio, provisória, até que uma nova empresa seja contratada para a concessão.
Por nota, a Rodosol informou que não se manifesta sobre o assunto.
Já o governo disse que pretende recorrer no TCES do resultado do estudo. Segundo o procurador-geral do Estado, Jasson Hibner Amaral, a demanda é para que a conta seja refeita.
O governador Renato Casagrande também não dispensou a possibilidade de judicializar a questão, caso não seja encontrada uma solução no âmbito do Tribunal de Contas.
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