A Prefeitura de Vitória adquiriu um supercomputador e um software que, juntos, fazem o tratamento de imagens das câmeras de videomonitoramento da Capital. Entre as funções está o reconhecimento facial de pessoas que transitam no campo de visão desses equipamentos. O anúncio foi feito na tarde desta quinta-feira (3) em cerimônia na sede do executivo municipal.
Segundo o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), o objetivo é identificar criminosos procurados, ou seja, aqueles que têm mandado de prisão expedido pela Justiça e que estão foragidos.
Contudo, a tecnologia tem o potencial de, no futuro, ser usada para outros fins, como encontrar pessoas desaparecidas, invasões a prédios públicos e até mesmo cidadãos que jogam lixo em local inadequado.
O projeto, que já está em funcionamento em 10 câmeras e que será expandido para 150 até março deste ano, custou R$ 15 milhões. Segundo o município, Vitória é a primeira capital do país a implementar o sistema, que já é usada em locais como Bogotá, na Colômbia, e Chicago, nos Estados Unidos.
Veja abaixo detalhes de como vai funcionar essa tecnologia e como o município pretende aplicá-la.
A ferramenta é composta de duas partes, o software (programa de computador) e o hardware (o computador em si). Este último tem 900 processadores, o equivalente ao poder de 450 computadores domésticos.
Esse “super computador” vai processar as imagens das câmeras de videomonitoramento da cidade. Para isso, ele tem uma memória de 2,5 petabytes, o equivalente a 1.024 terabytes. Para comparação, com 1,5 petabytes é possível armazenar 10 bilhões de fotos.
“Esse hardware é muito potente, justamente porque é um equipamento feito para processar muitas imagens ao mesmo tempo”, explica o subsecretário de Tecnologia da Informação de Vitória, Olavo Venturim Caldas.
Já o programa de computador funciona reconhecendo os rostos das pessoas que passam em seu campo de visão. Ele analisa traços, como distância entre os olhos, entre a boca e o nariz, proporção entre a largura e altura do rosto, entre outros.
Embora identifique todos os rostos, o programa é parametrizado para “reconhecer” apenas aqueles que estão cadastrados na base de dados da prefeitura. As fotos servirão de “referência” para que, através de inteligência artificial, sejam encontradas pessoas específicas.
Segundo o prefeito, inicialmente, só serão incluídas imagens de criminosos que estão foragidos, ou seja, que têm mandados de prisão expedidos pela Justiça.
Atualmente, estão sendo incluídas as fotos dos bandidos mais procurados dos Estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Minas Gerais, disponibilizadas pelas Secretarias de Segurança Pública.
Contudo, a ideia do município é que, no futuro, isso seja ampliado. Ele citou, por exemplo, a identificação de pessoas desaparecidas. As câmeras também poderão dizer se um agressor passar próximo a casa de uma vítima de violência doméstica que tem medida restritiva contra ele.
Em todos os casos, de acordo com o município, só serão incluídas no sistema imagens de pessoas autorizadas pela Justiça.
Há ainda a possibilidade de conectar o sistema da prefeitura com outros, como o da Polícia Federal ou da Interpol (polícia internacional), para ajudar a encontrar até criminosos de outros países.
Segundo a prefeitura, testes demonstraram que a ferramenta é capaz de identificar um rosto mesmo que a pessoa esteja usando máscara, boné, ou tenha um corte ou cor de cabelo diferente da foto de referência.
Além de identificar rostos, há outras “funções” no programa de computador que permite identificar objetos também.
“Se alguém deixa uma mala em um ambiente, esse software está programado para identificar a mala e alertar que ela não deveria estar naquele local”, explica o subsecretário.
Também será possível programar a câmera para que envie um alerta caso seja detectado movimento em um determinado local em um horário quando não deveria haver ninguém por lá. Essa função pode ser usada em escolas e postos de saúde para combater arrombamentos.
Pelo mesmo princípio, uma pessoa que joga lixo em um ponto viciado no meio da noite também pode ser identificada.
As câmeras ainda serão capazes de fazer contagem de público - em uma festa ou manifestação, por exemplo - e ainda alertar para aglomerações repentinas.
“Se alguém passa mal no meio da rua, rapidamente junta um monte de pessoas em volta, uma aglomeração. A câmera pode ter esse tipo de algoritmo para identificar essas situações", exemplifica.
Há também o uso no trânsito, alertando a Guarda Municipal para carros na contramão e estacionamento irregular, entre outros problemas.
Até março, a prefeitura terá adquirido 150 licenças para usar a tecnologia, mas ela não será fixa nos equipamentos. Ao contrário, a ideia do município é alternar as câmeras que serão usadas para esse fim. Há cerca de 300 câmeras externas na cidade e outras 800 serão instaladas em locais fechados, como escolas, postos de saúde e outros prédios públicos.
Via de regra, por questão estratégica, os pontos de monitoramento são aqueles de alto fluxo de pessoas, como próximo ao aeroporto e à rodoviária, próximo a shoppings ou nas praias durante o verão.
Contudo, caso haja um grande evento em algum ponto da cidade, será possível “transferir” a tecnologia para as câmeras do entorno daquele local.
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