A possível erupção de um vulcão localizado em La Palma, nas Ilhas Canárias, deixou vários países em alerta. Adormecido há décadas, o vulcão Cumbre Vieja, próximo à costa da África, deu sinais de atividades sísmicas. Acontece que, no caso de erupção, existe uma chance remota que ocorra um tsunami que seria capaz de atingir partes da Europa, América do Norte, países do Caribe e e até no Brasil.
As redes sociais foram tomadas com o temor de que esse possível tsunami chegue a todo litoral do país, incluindo o Espírito Santo. Segundo especialistas, no pior dos cenários, de fato podem ser provocadas ondas no alto-mar de até 100 metros, que chegariam ao Nordeste do país com cerca de 40 metros e, no litoral capixaba, com até 20 metros, conforme estudos. Mas calma: o risco disso acontecer, ainda mais nessas proporções, é baixíssimo.
Segundo o doutor em Oceanografia Biológica e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Agnaldo Silva Martins, a possibilidade de algo assim acontecer dependeria de uma cadeia de eventos catastróficos.
"Dependeria de um abalo muito forte, algo repentino com parte da montanha se deslocando para a água de uma só vez. Se acontecer aos poucos, com a rocha se partindo gradualmente, pode acontecer nada. Mas se toda massa de rocha desabar ao mesmo tempo, isso causaria uma onda que se propagaria pelo Oceano Atlântico”, explicou.
Por anos, os efeitos de uma erupção desse vulcão são estudados pela ciência. De acordo com a doutora em Geologia e professora da Ufes, Luiza Bricalli, ele é associado a uma quantidade de abalos sísmicos muito frequentes. E enfatiza que as chances de algo acontecer são baixas.
Luiza ainda explica que vulcões e terremotos estão associados aos limites das placas tectônicas, que o Brasil está muito longe do limite de uma, e que está mais longe ainda das Ilhas Canárias, que ficam no limite da placa africana e da euroasiática.
"A possibilidade de acontecer um tsunami por aqui é muito baixa, muito pequena. Se especula a questão do Nordeste do Brasil. O Nordeste está mais próximo do limite das placas tectônicas que o Espírito Santo, mas mesmo assim está muito longe do limite das placas.”
Alguns pesquisadores fazem modelos matemáticos para tentar prever como seria o pior cenário possível. Nessa linha, inicialmente a onda teria 100 metros de altura e, a medida que se propagasse pelo oceano, iria perdendo força. Se chegasse ao litoral do Espírito Santo, ela teria de 10 a 20 metros de altura.
Agnaldo Silva Martins destaca que diferente do Oceano Pacifico, onde existem alertas por parte dos governos e as pessoas são treinadas desde a escola para saber o que fazer nesse tipo de situação, no Oceano Atlântico, como não estamos acostumados com terremotos e tsunamis, os países da América enfrentariam problemas com a evacuação da população.
“Ele poderia causar um estrago, avançando algumas centenas de metros ou alguns quilômetros para dentro da costa. Mas demoraria entre 6 e 7 horas para chegar, então daria tempo para as pessoas procurarem abrigo”, explicou.
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