Após quase dois anos do primeiro caso confirmado de Covid-19 no mundo, as pesquisas relacionadas ao Sars-Cov-2 (coronavírus) avançaram bastante. Muito já se descobriu, mas há outros tantos aspectos da doença que ainda geram dúvidas, debates, estudos. Nesse contexto, algo já observado é que a infecção pode afetar homens e mulheres de modos diferentes.
A contaminação ocorre da mesma maneira, assim como a forma de prevenção para ambos é a mesma: a vacina associada ao uso de máscara, distanciamento social e higienização frequente das mãos. Contudo, as análises sobre o comportamento da doença ao longo desse período indicam que a biologia que difere os sexos feminino e masculino é um fator que tem peso para a evolução da infecção no organismo.
Os números da doença, no Espírito Santo e no país, apontam que as mulheres se infectam mais, porém são os homens que evoluem mais frequentemente com gravidade e morrem. No Estado, conforme informações do Painel Covid-19 até o dia 13 de setembro de 2021, 305.531 mulheres contraíram o coronavírus desde o início da pandemia, das quais 5.615 morreram, ou seja, 1,83% dos casos. Entre o público masculino, foram 266.566 contaminações e 6.754 óbitos (2,53%), no mesmo período.
A infectologista Ana Carolina D’Ettorres, da Unimed Vitória, diz que os estudos, até o momento, sugerem que fatores hormonais estão ligados à maior proteção das mulheres. O estrogênio, hormônio relacionado às características sexuais femininas e regulação do ciclo menstrual, seria o principal componente dessa “blindagem.”
As mulheres, afirma Ana Carolina, têm uma resposta celular mais elaborada, com tendência de controlar melhor as infecções virais - não só a Covid-19. Mas, com a chegada da menopausa e a redução na produção hormonal, a proteção também diminui, atesta a infectologista.
É o que também aponta o cardiologista Henrique Bonaldi ao analisar aspectos cardiológicos nas pessoas que contraem o coronavírus. A idade é um fator bastante significativo na composição dos riscos da Covid-19 e de doenças cardíacas.
O médico explica que mulheres com menos de 55 anos têm uma proteção natural ao coração que é o estrogênio - o mesmo hormônio que determina as características femininas. Bonaldi conta que na faixa etária inferior, em uma UTI cardiológica, quase 100% dos infartados são homens. Mas, à medida que a idade avança, as mulheres praticamente se igualam nos riscos de problemas cardíacos e, de maneira semelhante, nas infecções por coronavírus.
O cardiologista revela que, quando a Covid-19 evolui a um quadro mais crítico, o problema maior é se o paciente tem uma doença cardiovascular - mais até do que se for um fumante ou asmático, que tem comprometimento pulmonar. Nesse cenário, ressalta Bonaldi, a pior condição, e que precisa ser controlada, é a hipertensão, seja homem, seja mulher.
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