No Espírito Santo, mais de 3,2 mil pessoas já perderam a vida após serem contaminadas pelo novo coronavírus. A pandemia foi medida pela curva de contágio, que tem como vetores principais a taxa de letalidade e o tempo.
No item letalidade, a média móvel - índice que leva em consideração as mortes dos últimos sete dias - vem reduzindo semana após semana, desde o mês de agosto.
Na última semana, a média móvel registrada no Estado foi de 14 mortes por dia. "A diminuição existe, mas o ideal é chegarmos a zero, que será quando a pandemia estará controlada. A queda é lenta se comparada com a subida da curva de contágio", observou Ethel Maciel doutora em Epidemiologia e professora da Ufes.
Entre os motivos para a queda contínua de óbitos está na redução da taxa de transmissão (RT). O marcador que mede quantas pessoas são contaminadas já chegou a 3. Ou seja, um grupo de 10 pessoas era capaz de contaminar 30. Hoje, a RT está em 1,8.
"Quem já estava exposto, como os trabalhadores dos serviços essenciais, fica menos suscetível de ficar doente. O vírus já não tem como circular neste grupo. Sabemos que muitos dos casos de contaminados são de assintomáticos, ou seja, são pessoas que tiveram a doença e nem temos conhecimento pois testamos pouco", pontuou o infectologista Lauro Ferreira.
Outro fato que colaborou para que menos infectados pelo novo coronavírus morressem foram as mudanças no atendimento médico. "Com o passar do tempo, os médicos 'pegaram a mão' no atendimento aos pacientes. Foi um protocolo de aprendizado de como tratar a doença", explicou o infectologista.
A opinião também é compartilhada por Luiz Carlos Reblin, subsecretário de Vigilância Sanitária da Sesa. "Hoje se sabe que quanto mais se evitar ou retardar a intubação, melhor será a recuperação do paciente. O uso de medicamentos também foi mudando, como os anticoagulantes, para combater o processo inflamatório produzido pelo vírus", completou.
O uso de máscaras, álcool em gel e o respeito ao distanciamento por parte da população também colaborou para uma menor taxa de transmissão.
"A curva de contágio subiu rapidamente. Com um número grande de pessoas doentes, também haverá mais casos graves. Como a taxa de transmissão vem diminuindo, a descida da curva ficou mais lenta", observou Reblin.
A idade das pessoas contaminadas também impactou na menor letalidade. De acordo com Ethel Maciel, a doença, atualmente, tem infectado mais os jovens, que não costumam ter comorbidades. "Quando atingidas por uma doença grave, por serem menos vulneráveis, as chances de perder a vida é menor. Os idosos, que são mais suscetíveis ao estágio grave, foram os primeiros a serem atingidos. A faixa etária dos 20 anos é a grande responsável por manter o vírus circulando na sociedade hoje", completou.
Mas tem algo que ainda preocupa os especialistas: as aglomerações do último feriadão de setembro. Na expectativa deles, há possibilidade de que nas próximas semanas o número de casos confirmados de Covid-19 aumente. Essa conta, porém, só será conhecido no final do mês, após o tempo de incubação e aparecimento de sintomas. "A pandemia não acabou e não sabemos com exatidão como o vírus se comportará", alertou Ethel.
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