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Entenda por que o índice de letalidade da Covid-19 está aumentando no ES

Entenda por que o índice de letalidade da Covid-19 está aumentando no ES

Taxa em relação à semana anterior subiu de 2,59% para 4,34%. Estado vive escalada do número de mortes nos últimos dias

Publicado em 30 de maio de 2020 às 21:03

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Cariacica - ES - Sepultamento de vítima da covid-19 no cemitério Jardim da Saudade em Nova Rosa da Penha.
Cariacica - ES - Sepultamento de vítima da covid-19 no cemitério Jardim da Saudade em Nova Rosa da Penha. . (Vitor Jubini)

O índice de letalidade do novo coronavírus de 4,34% registrado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) neste sábado (30) mostra um crescimento preocupante desse indicador no Espírito Santo. No dia 21 de maio, o mesmo índice de mortes pela Covid-19 em comparação com o total de casos era de 2,59%. 

A subida da taxa acompanha a escalada do número de mortes no Estado nos últimos dias. Conforme mostrou A Gazeta, o total de óbitos por coronavírus no Estado dobrou em apenas 23 dias e o número de mortes confirmadas por dia tem batido sucessivos recordes. Até este sábado (30), o Espírito Santo já somava 583 vítimas que morreram da doença.

Segundo a Sesa, a taxa de letalidade no Espírito Santo ainda é menor que a média nacional (6%) e mundial (6,3%), e que para manter esse resultado é fundamental a manutenção do distanciamento social. "Para se chegar à taxa de letalidade, divide-se o número de óbitos pelo número de casos e, esse resultado, multiplica-se por 100", explicou por nota.

Médico infectologista Lauro Ferreira Pinto fala sobre o novo coronavírus no Espírito Santo
Médico infectologista Lauro Ferreira Pinto: "Não dá para testar todo mundo". (Fred Loureiro/Secom-ES - arquivo)

Na avaliação do infectologista Lauro Ferreira Pinto, o número mais elevado se deu provavelmente à baixa quantidade de testes que vem sendo realizada. Além de o Estado não ter teste em massa na população, também enfrente problemas para conseguir o resultado das amostras coletadas. Há cerca de 2.600 análises em atraso, o que fez com que o governo firmasse uma parceria com um laboratório do Panará. 

"Este número da letalidade é difícil de interpretar, porque temos poucos testes sendo feitos. Se tivéssemos testagem mais ampla, ele seria, possivelmente, mais baixo. A tendência é de que aumente o índice por termos mais pacientes internados. Em relação ao número de casos iniciais, observamos que muita gente morre depois de um período de 3 a 4 semanas. Quando a epidemia vai crescendo, vão aumentando os números de casos graves e de pacientes hospitalizados. Mas a gente não dá conta de testar todo mundo", explicou o infectologista.

Nesse sentido, se fosse possível identificar um número maior de infectados, por meio da aplicação de mais testes, a proporção de óbitos em relação aos total de doentes, seria menor. Segundo Lauro, o Espírito Santo, assim como o Brasil, enfrenta um período de tendência de aumento na taxa de letalidade, embora não represente, necessariamente, que há mais mortes em relação à totalidade da população doente. 

"A taxa não é muito real, deve, na verdade, ser mais baixa, já que estamos olhando a ponta do iceberg, os casos mais graves. O que eu tenho analisado e que me chamou à atenção é a grande quantidade de óbitos na periferia, talvez porque, como já foi analisado no caso norte-americano, as pessoas mais pobres demorem mais a chegar ao hospital, fazendo com que já ingressem em condições piores. Eu tenho observado poucas mortes em hospitais privados", pontuou.

No mesmo viés, a médica infectologista Cristiana Costa Gomes, coordenadora do projeto do Inquérito Sorológico que vem sendo realizado no Estado, destacou que o índice de letalidade utilizado pelo painel Covid-19 é basicamente calculado em relação a quem interna, ou seja, aos pacientes mais graves. "E estamos começando a atingir um momento de muita atenção, porque a taxa de ocupação nos hospitais tem chegado a 90%", frisou.

COMPARAÇÃO COM OUTROS ESTADOS

Apesar de ter sofrido aumento no indicador de mortes, o infectologista Lauro Ferreira Pinto também lembra que o índice de letalidade no Espírito Santo ainda é inferior ao restante do país, o que se deve ao fato de não haver ainda sobrecarga do sistema de saúde e também à testagem maior do que a média nacional.

"A mortalidade começa a aumentar muito quando há sobrecarga no serviço de saúde, não é o caso daqui. Em alguns locais do país, como no Amazonas, em Manaus, e no Ceará, em Fortaleza, ela pode estar sendo contaminada pela sobrecarga. Se aqui no Estado houver colapso de rede hospitalar, essa sobrecarga vai aumentar. Eu acho que na média está inferior ao restante do país porque a gente não tem sobrecarga do serviço de saúde e porque estamos testando mais do que a média do país."

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