Na expectativa de voltar à vida como era antes da pandemia do novo coronavírus, as pessoas anseiam pelo momento de se vacinarem. No Espírito Santo, a imunização acontece desde o dia 18 de janeiro. Até o momento, mais de 1,4 milhão de capixabas já receberam a primeira dose de algum imunobiológico.
Mesmo diante de um cenário de escassez de vacinas contra a Covid-19, há pessoas que desistem de receber o composto após serem informadas sobre a marca do produto. No Brasil, estão sendo utilizadas as vacinas Coronavac, Astrazeneca, Pfizer e, a partir desta semana, a Janssen. Especialistas recomendam que o ideal é tomar a vacina disponível. Dessa forma, a pessoa não fica vulnerável à infecção.
Nas redes sociais, quem fala em escolher a vacina pela marca do fabricante ganha o apelido de “sommelier de vacina”. Nos restaurantes, trata-se do especialista na carta de vinhos ou de bebidas. No atual momento, virou um termo crítico para representar aqueles que escolhem o que acreditam ser a melhor opção de imunizante.
“Se a pessoa escolhe, ela vai ter a vacina que ela escolheu? Isso é inócuo. Esse posicionamento caminha em prejuízo delas próprias porque a gente tem que trabalhar em sintonia com a política nacional de imunização. Essa política visa distribuir as vacinas de acordo com o que as autoridades sanitárias acham mais adequado.”
A opinião é do médico infectologista e professor universitário Crispim Cerutti Júnior. Ele complementa dizendo que “não cabe ao usuário dizer que não vai tomar determinada vacina porque prefere a outra. É preciso atenção porque corre o risco de não tomar vacina alguma”, alertou.
Crispim chama a atenção para o fato de que todas as marcas usadas no Brasil são eficazes na prevenção da gravidade da contaminação e impedem a circulação do vírus, contribuindo para que menos pessoas sejam infectadas.
Na opinião do médico infectologista Lauro Ferreira Pinto, é difícil comparar eficácia das vacinas porque elas foram testadas em populações diferentes. No entanto, assim como Crispim, ele afirma que estudos comprovaram que os imunizantes adotados no país mostraram que houve redução de mortes e hospitalização após a aplicação das doses.
“Com a escassez de vacina, a orientação é usar a vacina que está disponível. Quanto mais pessoas vacinadas, mais próximo estaremos da imunidade de rebanho e mais pessoas protegem as outras. O importante é aumentar a proteção com qualquer vacina para ter proteção mútua”, sugere Lauro.
Como critérios para recusa ou escolha de uma marca, algumas pessoas apontam os efeitos colaterais como febre e dor no local da aplicação. Vale lembrar que a possibilidade de registro de reações são previstas na bula do composto. Para o médico infectologista Paulo Peçanha, “não dá para deixar de vacinar por motivos menos relevantes”.
Assim como os demais especialistas, Peçanha defende que a vacinação é importante para obtenção de proteção individual e coletiva da população. Ele ressaltou que a Astrazeneca, por exemplo, é um dos principais imunobiológicos usados na Inglaterra. Já a Pfizer é uma das mais adotadas nos Estados Unidos. Ambas são aplicadas no Brasil.
“Nem é uma atitude inteligente deixar de se vacinar para escolher qual delas você vai tomar. Os lugares que alcançaram 50% ou mais de cobertura vacinal com duas doses têm presenciado redução significativa no número de casos. Há países que alcançaram resultados significativos com a Coronavac. O importante não é qual das vacinas, mas que tenhamos cobertura estendida alcançando o maior número de pessoas", observou.
Devido a escassez de vacina contra a Covid-19, os especialistas em saúde alertam que é importante que as pessoas recebam a dose ofertada pelo município, de acordo com a estratégia do Plano Nacional de Imunização (PNI). Não há vacina suficiente, de uma marca específica, para imunizar toda a população brasileira.
O infectologista Lauro Ferreira Pinto disse que as vacinas protegem contra a forma grave e a morte provocada pela Covid-19. Isso já foi atestado em ensaios clínicos (quando os cientistas medem a eficácia de uma vacina) quanto na prática (quando a efetividade da vacina é constatada). "As vacinas Coronavac, Astrazeneca e Pfizer se mostraram eficazes em redução de mortes e hospitalização", destacou o médico.
Os médicos apontam que o objetivo com a vacinação é atingir o maior número de pessoas imunizadas. De forma individual, as vacinas podem apresentar eficácia diferente, no entanto, quando a análise é feita de forma coletiva, elas têm a eficácia elevada, contribuindo para diminuição de gravidade, internação e óbito. Dessa forma, quando o país vacinar cerca de 70% a 80% da população, poderá atingir a imunidade coletiva.
A vacinação é a melhor alternativa para quebrar a cadeia de transmissão do vírus. Isso é importante porque, segundo os pesquisadores, quanto mais o vírus circula, infectando as pessoas, maior a probabilidade de mutações ou modificações na sua identidade genética. A partir dessa evolução é que surgem as novas variantes. A preocupação é que não é possível prever se as variantes serão resistentes às vacinas disponíveis.
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