O governo do Espírito Santo anunciou nesta sexta-feira (11) que o uso de máscaras não será mais obrigatório em locais abertos nas cidades que estão em risco baixo para transmissão do coronavírus. A medida passa a valer a partir de segunda-feira (14).
Já nas regiões classificadas como risco muito baixo, o equipamento de proteção também não será exigido nos locais fechados, mas ainda é recomendado.
Para especialistas, a flexibilização da medida é precoce. Eles apontam que, do ponto de vista da proteção individual, a máscara ainda tem um papel importante em minimizar os riscos de contrair e disseminar a Covid-19, principalmente em locais pouco ventilados ou naqueles onde não é possível manter o distanciamento social.
"A gente que está de fora acha que pode ser precoce porque estamos em um momento de decréscimo, porém com números de casos e mortes ainda muito altos. Mas o governo do Estado tem os números, e tem feito até o momento uma gestão que funciona, então a decisão estratégica é deles", aponta o médico infectologista Crispim Cerutti Junior.
Professora doutora em epidemiologia, Ethel Maciel afirma que, diante do cenário atual, a flexibilização do uso de máscara em locais abertos pode até acontecer. Porém, ressalta que, dependendo da situação, as pessoas ainda devem considerar usar o equipamento de proteção.
Já em relação aos locais fechados, ela acredita que não é o momento de abandonar nenhum cuidado.
Ela destaca que, com essa decisão do governo, não há mais praticamente nenhuma medida restritiva coletiva para minimizar a exposição dos cidadãos à infecção. Então, ela recomenda que as pessoas avaliem o risco individual.
Para reduzir as chances de se infectar, os especialistas recomendam que sejam considerados pelo menos três variáveis antes de abandonar a máscara. Veja detalhamento abaixo:
Locais abertos apresentam menos risco que locais fechados. Caso o local seja fechado, é preciso observar se tem boa ventilação, se as janelas ficam abertas, por exemplo. Crispim Cerutti explica que se, houver ar-condicionado, é importante manter sempre a proteção das vias aéreas.
"No ar refrigerado, as gotículas com vírus são pulverizadas e ficam em suspensão no ar por um período prolongado. Mesmo com distanciamento, a pessoa não fica protegida. Se tiver que escolher o momento em que não devo abandonar a máscara, é no ambiente de ar refrigerado", ressalta.
Mesmo em locais abertos, é importante que a pessoa use a máscara caso não seja possível manter o distanciamento social. Ir à praia com a família é diferente de ir a um bloco de carnaval na rua, por exemplo.
"Se você está em um ambiente bastante amplo, ventilado, com pessoas que não se aglomeram, não tem problema ficar sem máscara, mas essa não é a realidade na maior parte dos locais. Até numa caminhada no calçadão tem muita gente. Você pode passar por uma pessoa que tosse em cima de você", alerta o médico.
A pandemia, e principalmente a variante Ômicron, demonstrou que o tipo e o material das máscaras de proteção fazem diferença para impedir a transmissão do vírus.
Por isso, Ethel Maciel orienta que sejam priorizados os tipos mais filtrantes, como as máscaras cirúrgicas e as PFF2. Ela recomenda que as pessoas que usam transporte coletivo e que trabalham em contato direto com o público devem ficar ainda mais atentas a essa questão.
"Motoristas de ônibus e vans devem usar (a máscara) independentemente da flexibilização, assim como caixas de supermercado e demais pessoas que atendem o público, porque eles estão sob muito risco. É muito importante manter a máscara, e daquelas mais filtrantes", afirma.
A mesma orientação vale para idosos, pessoas que fazem hemodiálise, que tomam corticoides em altas doses e que têm doenças imunossupressoras.
O médico Crispim Cerutti Junior afirma que, mesmo com a flexibilização, as mães e os pais devem continuar mandando os filhos para a escola de máscara.
" Mande-os com a máscara e deixe a gestão da escola resolver se é seguro ou não permanecer no ambiente sem ela. Mas a prudência tem que ser mandatória."
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