Nos últimos anos, ver manifestantes atravessando a Terceira Ponte se tornou algo frequente. Mas a passagem desses grupos de um lado para o outro depende de autorização da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). Segundo a pasta, o aval é dado por profissionais no local e leva em conta a segurança de quem participa da manifestação e de quem é afetado por ela.
Não existe, contudo, um número mínimo de pessoas que a passeata precisa ter para que seja autorizada a travessia. Os critérios dependem de uma análise feita in loco.
Nesta terça-feira (15), por exemplo, a Terceira Ponte foi novamente interditada, para a travessia de aproximadamente 700 pessoas. O fechamento, ainda que parcial, causou transtornos a quem queria cruzar a via entre Vitória e Vila Velha durante a tarde.
No domingo anterior (6), o ato foi ainda menor. Cerca de 150 pessoas, segundo a Polícia Militar, atravessaram de Vitória para Vila Velha. Como o número de pessoas era pequeno, apenas uma das faixas foi interditada. Ainda assim, a mobilidade na Grande Vitória ficou prejudicada.
O próprio Código Brasileito de Trânsito (CTB) afirma que é proibido ao pedestre “permanecer ou andar nas pistas de rolamento, exceto para cruzá-las onde for permitido” e “cruzar pistas de rolamento nos viadutos, pontes, ou túneis, salvo onde exista permissão”. Como na Terceira Ponte não há acostamento, nem outro espaço para a passagem de pedestres, a travessia é, para todos os efeitos, proibida.
Segundo o coronel Antônio Marcos de Souza Reis, que é subsecretário de Integração Institucional da Sesp, toda travessia da ponte é considerada um evento de alto risco. “Porque não tem acostamento, não tem via de escape, se alguém passa mal, tem que fazer socorro sem ter uma via”, relata.
Ele afirma que raramente os organizadores avisam com antecedência sobre essas manifestações. É mais comum que as forças de segurança fiquem sabendo através do serviço de inteligência, que detecta a convocação para a manifestação.
O coronel explica que, nesses casos, é montado um gabinete de crise, com a Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e guardas municipais de Vila Velha e de Vitória. Um agente designado pela Sesp fica no local e a partir da avaliação dele e das imagens que chegam ao gabinete de crise, é tomada a decisão de dar apoio a travessia da ponte ou proibi-la.
Ele aponta que, no passado, nas ocasiões em que manifestantes quiseram cruzar a ponte e foram proibidos, a consequência tanto para eles quanto para o restante da cidade foi mais danosa.
“Isso causou mais transtornos do que hoje quando é permitida a travessia. Por isso, hoje, se faz o opção de, dependendo do cenário, permitir a travessia para que o impacto seja menor. Já tivemos eventos de manifestação querendo atravessar, já foi impedido e causou o mesmo transtorno ou pior, e ainda teve depredação do patrimônio”, lembra.
O coronel ressalta que não houve nenhum incidente registrado até hoje nas travessias feitas com apoio da Polícia Militar e das guardas municipais.
Sobre a crítica de que há uma viés ideológico nas autorizações para a travessia, com manifestações bolsonaristas sendo beneficiadas em detrimento de outras, ele garante que a decisão é tomada de forma imparcial.
“Não fazemos distinção de ideologia. Quando tem manifestações que saem da Ufes até a Assembleia, a gente usa o mesmo dispositivo. Não tem ocorrência nem animosidade entre manifestantes e forças de segurança”, diz.
O subsecretário reforça que a travessia da Terceira Ponte por pedestres é arriscada e não deve ser feita sem o apoio. Ele orienta os organizadores de manifestações que, caso ainda queiram fazer a travessia, comuniquem às forças de segurança.
Em nota, a Rodosol, concessionária que administra a ponte, disse apenas que a definição sobre fechamento da Terceira Ponte "cabe às autoridades competentes e a concessionária cumpre as determinações e oferece apoio operacional."
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta