Após circularem nas redes sociais publicações condenando o uso do adoçante sucralose, bastante consumido em restaurantes e mesmo em casa, a reportagem de A Gazeta buscou conversar com especialistas para entender quais os riscos que a substância apresenta à saúde.
Nos posts, faz-se referência, em especial, à presença de cloro na composição, o que poderia aumentar as chances de desenvolvimento de hipotireoidismo em quem faz uso do adoçante, com consequente aumento de peso, indisposição, queda de cabelo, dentre outros efeitos.
De acordo com a nutricionista clínica Thamires Favato, a afirmação sobre a alteração na tireoide é correta, fazendo com que o adoçante possa causar hipotireoidismo por diminuir a absorção do iodo.
"A sucralose aquecida a uma temperatura acima de 90 °C ou usada em bebidas quentes, como chá e café, dá origem a uma reação química que libera outras substâncias. No meio dessas substâncias, algumas pesquisas encontraram os chamados HPAS, hidrocarbonetos que são cancerígenos, além do ácido clorídrico que pode levar a morte se ingerido em grandes quantidades", afirmou.
Já o farmacêutico bioquímico Rodrigo Alves do Carmo aponta um artigo publicado em 2015 por pesquisadores da Unicamp.
"O estudo alertou para os potenciais riscos do uso de sucralose em alimentos quentes, pois, quando aquecido, torna-se quimicamente instável, liberando hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), que são potencialmente tóxicos ao organismo humano (cancerígenos) e também cumulativos. Os HPAs estão presentes, por exemplo, na fumaça gerada pela queima de combustíveis fósseis", comentou.
Ainda segundo ele, o departamento de nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda que, caso seja indicado o uso de adoçantes artificiais, eles devem ser consumidos com moderação e conforme indicado, respeitando um rodízio dos tipos de adoçantes existentes no mercado para não ocorrer grande exposição a uma só substância.
A respeito especificamente do cloro, Do Carmo explica que a sucralose é produzida quimicamente a partir da sacarose, ou seja, do açúcar comum, e que nesta produção em laboratório ocorre a substituição de hidrogênio-oxigênio por átomos de cloro. "Então sim, a sucralose possui cloro na composição, mas o simples fato de ter cloro não é um problema, porque o cloro está presente, por exemplo, no sal de cozinha (cloreto de sódio) e em muitos alimentos, sendo que a própria água que a gente bebe tem adição de cloro", afirmou.
De acordo com o farmacêutico, há estudos em animais demonstrando que a utilização de sucralose, assim como de outros adoçantes como a sacarina, podem levar a alterações da microbiota intestinal. "Essas alterações da microbiota podem contribuir para o desenvolvimento de desequilíbrios metabólicos que levam a obesidade diabetes tipo 2 e doença cardiovascular. Então são necessários mais estudos para elucidar se as alterações observadas na microbiota intestinal em animais estão presentes em humanos também", frisou.
Segundo Favato, a sucralose também altera a absorção do açúcar e o funcionamento da insulina, podendo levar evoluir para diabetes. "Além disso, a sucralose está ligada a problemas digestivos, estomacais e altera a nossa flora intestinal, aumentando os gases e os desconfortos intestinais. Além do uso em bebidas quentes, sugiro prestar atenção no uso de sucralose na cozinha, nas receitas de doces e bolos, pois estas sempre passam de 90 °C", orientou.
Para substituir o uso, a especialista recomendou a Stévia, o Xilitol ou Eritritol para adoçar sucos, chás ou café, que são adoçantes naturais que não causam malefícios quando orientados por um profissional.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta