A população do Espírito Santo terá que aguardar a chegada da vacina da Pfizer específica para crianças para que seja iniciada a imunização desse grupo. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), há 393.089 pessoas entre 5 e 11 anos no Estado que poderiam tomar a nova vacina, contudo, a pasta ainda aguarda orientações do Ministério da Saúde.
A Sesa ressaltou que a imunização de crianças é fundamental para protegê-las e permitir o alcance de 90% de cobertura vacinal da população total. “Vacinas são seguras, eficazes e devem ser disponibilizadas para toda a população. A imunidade de rebanho não é opção de saúde pública para nenhuma faixa etária”, disse o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou nesta quinta-feira (16) o uso da vacina da Pfizer para imunizar crianças a partir de 5 anos contra a Covid-19. Com isso, a bula do produto no Brasil passará a indicar essa nova faixa etária. Até então, o uso só era permitido no país em pessoas com mais de 12 anos.
Agora, cabe ao Ministério da Saúde decidir quando iniciar essa vacinação. Mas isso não deve ocorrer imediatamente porque a pasta ainda não pediu a compra de doses específicas para a faixa etária.
Segundo a Pfizer, o contrato para fornecimento de 100 milhões de vacinas em 2022 inclui a possibilidade de entrega das versões modificadas do imunizante, tanto para combater a nova variante ômicron como para proteger crianças. A farmacêutica confirmou que nenhum a dose pediátrica foi enviada ao Brasil.
A empresa disse que não é preciso realizar um aditivo no contrato. Para garantir a entrega das doses específicas das crianças, basta um pedido do ministério. A Pfizer não informou em quanto tempo pode enviar essas vacinas após ser acionada pela Saúde. Gestores do ministério estimam que as doses comecem a chegar no próximo mês. Procurada, a pasta não se manifestou.
A resolução da Anvisa prevê que as crianças recebam duas doses de 10 microgramas num intervalo de 21 dias e deverá ser publicada na edição extra do Diário Oficial da União nesta quinta.
As vacinas da Pfizer aplicadas no grupo de 5 a 11 anos e nos mais velhos têm o mesmo princípio ativo, mas algumas diferenças na composição.
A dose destinada às crianças equivale a um terço daquela indicada ao grupo de 12 anos ou mais. O frasco do imunizante dos mais jovens tem coloração laranja justamente para diferenciar o produto.
Esse frasco da vacina das crianças também comporta mais doses e pode ficar armazenado por mais tempo (até dez semanas) em temperaturas de 2°C a 8°C, intervalo usado em refrigeradores convencionais do SUS. Já o outro modelo se mantém por até 31 dias nessas condições.
Para começar a aplicação, o governo também precisará inserir o novo público no plano de vacinação da Covid e organizar a entrega das doses específicas aos Estados.
A medida, no entanto, deve enfrentar resistência do próprio presidente Jair Bolsonaro (PL). Em declarações recentes, o chefe do Executivo tem levantado dúvidas sobre a segurança e eficácia dos imunizantes, especialmente nos mais jovens.
Diretores da Anvisa receberam ameaças por causa da análise do pedido da Pfizer. A agência solicitou, mas não recebeu, proteção policial da sua cúpula e dos técnicos mais expostos.
O diretor-presidente da agência, Antonio Barra Torres, comentou o episódio durante o comunicado desta quinta.
"O acirramento dessa violência antivacina vai num viés crescente e é importante que falemos enquanto há tempo, antes que ameaças como essas e outras se concretizem", disse.
Representantes da agência também fizeram questão de ressaltar que os benefícios da vacina superam os riscos.
De acordo com Mendes, a Pfizer apresentou resultados de estudos realizados com aproximadamente 4.000 crianças que mostram uma eficácia de 90% do imunizante quando aplicado neste grupo.
"O perfil de segurança da vacina, quando comparado com o do placebo, é muito positivo. Quando a gente observa qualquer reação [adversa], não tem uma diferença importante entre placebo e vacina. E não há relato de nenhum evento adverso sério, de preocupação, não há um relato de casos graves ou mortalidade por conta da vacinação comparado com o placebo", explicou.
O diretor ainda afirmou que os estudos da Pfizer mostram que o grupo que tomou placebo apresentou uma incidência maior de casos de Covid-19 comparado com quem tomou a vacina. Além disso, o imunizante apresentou eficácia contra a variante delta.
Nos testes, a farmacêutica dividiu as crianças em três grupos e administrou doses diferentes do imunizante para avaliar qual a ideal a ser aplicada nos mais jovens. Em seguida, elas foram divididas em em dois grupos, com dois terços tomando a vacina, e um terço, placebo.
A Anvisa fez 17 recomendações para o Ministério da Saúde seguir quando iniciar a imunização da nova faixa etária.
A agência sugere, entre outros pontos, que a vacinação das crianças seja iniciada após o treinamento completo das equipes de saúde e que ela ocorra em locais específicos, diferente dos adultos.
A sala também deve ser exclusiva para aplicação da vacina contra a Covid, não devendo ser aproveitada para aplicação de outras vacinas, mesmo que pediátricas.
Por precaução, a Anvisa também orientou que a vacina da Pfizer não seja administrada de forma concomitante com outras, mesmo que do calendário infantil.
As crianças que completarem 12 anos no intervalo entre a primeira e a segunda deverão finalizar o ciclo com a dose reduzida.
Outra orientação da agência é para que não seja utilizado o modelo de drive-thru na imunização desse público e que as crianças permaneçam nos locais de vacinação por aproximadamente 20 minutos após serem imunizadas para o acompanhamento de alguma reação adversa.
Nos próximos dias, o órgão deve avaliar o pedido do Butantan para usar a Coronavac na imunização de crianças e adolescentes de 3 a 17 anos. O pedido foi recebido nesta quarta e a Anvisa tem 30 dias para se pronunciar.
Esse é o segundo pedido do laboratório para indicação do imunizante para essa faixa etária. O primeiro, apresentado em julho, foi avaliado pela Anvisa e negado por causa da limitação de dados dos estudos apresentados naquele momento.
Desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, a Coronavac está autorizada para uso emergencial no Brasil desde 17 de janeiro deste ano para maiores de 18 anos.
* Com informações de Folhapress
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