O cenário de escassez de vacinas, que levou ao atraso na aplicação da segunda dose da Coronavac e impôs um ritmo lento de imunização contra a Covid-19 em todo o país, deve se apresentar mais favorável a partir do mês que vem. A expectativa é que, em junho, o Espírito Santo possa zerar a fila dos que aguardam completar o ciclo de vacinação com a Coronavac e que, a partir de julho, tenha um reforço na campanha com a chegada de novos imunizantes para se somar aos que são usados atualmente.
A projeção é do secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, que, em entrevista para o Papo de Colunista nesta quarta-feira (19), fez um balanço sobre a vacinação contra o Sars-Cov-2 (coronavírus). Em sua avaliação, o Espírito Santo passa por "dias de esperança."
"O Espírito Santo tem avançado bem na vacinação, na perspectiva que sempre consegue se consolidar entre os cinco primeiros do país no percentual da população já imunizada. E agora, com a chegada das doses para a aplicação da D2 (segunda dose) da Coronavac, vamos avançar muito nos próximos 15 dias no ranking de desempenho", pontuou.
Com as duas últimas remessas do Ministério da Saúde, o Estado está conseguindo reduzir a fila das pessoas que tomaram a primeira dose, mas não receberam a segunda no intervalo máximo de 28 dias que era o previsto inicialmente. Até a sexta-feira (14), havia mais de 152 mil aguardando. Ainda assim, o volume entregue até o momento ao Espírito Santo não será suficiente para acabar com a espera.
Por outro lado, o Instituto Butantan, parceiro brasileiro na produção da Coronavac, deve receber da China, na próxima terça-feira (25), os insumos para produzir novas doses que, então, serão distribuídas pelo país. No Espírito Santo, há atualmente cerca de 50 mil pessoas que ainda não foram contempladas com a segunda dose e não serão atendidas pela remessa mais recente enviada pelo Ministério da Saúde. Mas, com os novos lotes da Coronavac que vão ser enviados, a expectativa é poder zerar a fila no mês que vem.
Além da perspectiva de completar o ciclo de imunização das pessoas que tomaram a primeira dose da Coronavac, o secretário disse que os próximos dois meses devem se apresentar mais promissores para avançar na campanha de vacinação com a chegada de novos imunizantes ao país. Estão no radar a Sputnik V, a Covaxin e a Sinopharm, embora ainda dependam da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso no Brasil.
A Sputnik V, produzida pelo Instituto Gamaleya, da Rússia, já solicitou autorização da agência reguladora, mas teve o pedido negado no final de abril porque, segundo a Anvisa, deixou de apresentar dados que comprovassem a segurança da vacina. De todo modo, já existe uma mobilização para atender as exigências e liberar o imunizante.
Nésio Fernandes disse que a expectativa é de que no mês de junho possa sair a autorização da Anvisa para a Sputnik, cuja produção no Brasil seria conduzida pela União Química. Um grupo de governadores também se juntou para importar, assim que houver aprovação para utilização no país.
Ainda na previsão do secretário, no máximo até julho, podem chegar 20 milhões de doses de Covaxin, incrementando o rol de vacinas do Plano Nacional de Imunização (PNI). A Covaxin é produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech e, na última semana, a Anvisa autorizou a realização de estudo clínico de eficácia no Brasil. A preocupação de Nésio Fernandes, neste caso, é a Índia não conseguir fazer a exportação, considerando as limitações impostas recentemente porque o país estava priorizando o comércio exterior em vez de imunizar a própria população.
"Agora, a grande novidade neste momento é a vacina da Sinopharm, que também é chinesa. Retornaram as diversas comunicações que fizemos e, no encerramento da negociação, o representante disse que estão sendo negociadas com o Ministério da Saúde 30 milhões de doses; eles estão procurando parceiros no Brasil para fazer o envase", contou.
Nésio Fernandes acrescentou que o imunizante também é aplicado em duas doses, já foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como seguro e eficaz contra a Covid-19, e vai poder fazer parte das novidades dos meses de junho e julho, aumentando a disponibilidade de vacinas no país que, atualmente, adota a Coronavac, Astrazeneca e Pfizer.
"Estamos caminhando para ter, no segundo semestre, uma velocidade maior da vacinação da população brasileira", finalizou o secretário.
Pelo painel de vacinação desta quarta-feira, o Espírito Santo já aplicou a primeira dose em 846.471 pessoas e 314.750 receberam a segunda dose. Levantamento do consórcio nacional de imprensa sobre a pandemia, aponta que o Estado está em 4º lugar no ranking de imunização no país, com uma média de vacinação superior à do Brasil.
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