Com estudos da indústria farmacêutica avançados para a aplicação da vacina contra a Covid-19 voltada às crianças, particularmente da Pfizer e da Coronavac, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) espera que, ainda em 2021, seja possível iniciar a imunização dessa faixa etária.
"Nossa expectativa é que, até o final do ano, a Coronavac e a Pfizer também sejam liberadas em idades pediátricas, permitindo ao país avançar com cobertura satisfatória para redução da circulação do vírus no solo brasileiro", ressaltou o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, em coletiva nesta segunda-feira (20).
O secretário fez uma análise da vacinação no Espírito Santo e projetou que, até a primeira quinzena de outubro, 100% dos adolescentes terão recebido a primeira dose do imunizante. Ele destacou que avançar na vacinação da faixa etária de 12 a 17 anos é fundamental para reduzir o risco de transmissão da Covid-19 na comunidade.
"Além disso, para alcançar 90% de cobertura da população total do Espírito Santo, será necessário vacinar plenamente a população adulta, os adolescentes e aguardar a pediátrica, na faixa de 3 a 11 anos", sustentou.
Nésio Fernandes fez uma convocação para toda a população se vacinar - com a primeira e segunda doses, e o reforço nos casos indicados - e garantir que o Espírito Santo encerre o ano com todas as pessoas com o ciclo completo de imunização.
A estratégia do Plano Nacional de Imunização (PNI), que tem mais de 40 anos, precisa ser protegida "de toda e qualquer investida de teses antivacinas", defendeu o secretário. Ele frisou ainda que cabe às autoridades do Sistema Único de Saúde (SUS) preservar a confiança da população na ciência, no próprio sistema, e que a vacina é uma medida segura e eficaz para evitar as mortes por Covid-19.
Também nesta segunda, a Pfizer anunciou que a sua vacina contra a Covid-19 funciona para crianças de cinco a 11 anos. A farmacêutica afirmou que buscará em breve a autorização dos Estados Unidos para aplicar o imunizante nessa faixa etária. Ele é o único que já está autorizado no Brasil para aplicação no público adolescente.
Em crianças em idade escolar, destaca a Agência Estado, a Pfizer testou uma dose muito mais baixa - um terço da quantidade utilizada em cada injeção atualmente. Mesmo assim, após a segunda dose, crianças de cinco a 11 anos desenvolveram níveis de anticorpos que combatem o coronavírus, disse o Dr. Bill Gruber, vice-presidente sênior da farmacêutica, à Associated Press.
A dosagem para crianças também se mostrou segura, com efeitos colaterais temporários semelhantes ou mais leves que os experimentados pelos adolescentes, disse ele. "Acho que realmente acertamos no ponto ideal", disse Gruber, que também é pediatra.
Fora o estudo da Pfizer, o Instituto Butantan foi o único a pedir autorização para uso da Coronavac em populações abaixo de 18 anos. Porém, após a análise das informações enviadas pelo instituto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) negou o aval para aplicação do imunizante em pessoas de 3 a 17 anos.
Segundo os técnicos da agência, ainda faltam dados para confirmar segurança e eficácia da aplicação das doses neste grupo. Os documentos apresentados pelo Butantan apresentavam relativamente poucas crianças e adolescentes para uma faixa etária muito ampla. A decisão não é definitiva, ou seja, pode ser revista pela Anvisa quando forem entregues as informações solicitadas.
Já na China, o governo anunciou há pouco mais de um mês que iria começar a aplicar a Coronavac em crianças a partir de três anos.
No fim de junho, um estudo de fases 1/2 publicado na revista científica The Lancet Infectious Diseases demonstrou que a Coronavac é segura e produz resposta imune em crianças de três a 17 anos.
O estudo observou 550 crianças e adolescentes em busca de dados de segurança, tolerabilidade e imunogenicidade (capacidade de gerar resposta imune) de duas doses da Coronavac, com intervalo de 28 dias entre elas, assim como ocorre para outras faixas etárias. A pesquisa foi randomizada, controlada e com duplo-cego (quando médico e paciente não sabem quem está tomando a substância pesquisada e quem está usando placebo.)
Novos estudos com adolescentes e com crianças - e até bebês - continuam em desenvolvimento e devem crescer, para aprofundar o perfil de segurança dos imunizantes nessas faixas de idade.
A farmacêutica Moderna também deve ampliar os seus estudos em faixas etárias mais jovens. A Janssen está conduzindo um estudo, autorizado pela Anvisa, para ampliar a indicação de idade de seu imunizante.
Como as vacinas são direcionadas, nesse caso, para um grupo que, em teoria, tem menores risco de adoecimento, hospitalização, quadros graves e morte por Covid, é importante ter dados robustos de segurança dos imunizantes.
Além disso, as crianças costumam ter respostas imunes muito mais intensas às vacinas, o que pode possibilitar usos diferentes, como na quantidade de doses e concentração, em relação ao indicado para adultos.
Com informações da Agência Folhapress
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