Representantes do governo do Espírito Santo vão se reunir nestas quinta-feira (04) e sexta-feira (05) com integrantes dos laboratórios das vacinas Pfizer e a Janssen em mais uma tentativa incisiva de negociar a compra de imunizantes contra coronavírus diretamente, sem depender do Ministério da Saúde.
A informação foi repassada pelo secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, durante entrevista ao Papo de Colunista, na tarde desta quinta-feira (04).
"As empresas vão nos atualizar diretamente sobre o estágio das negociações com a União e se há possibilidade deles cumprirem o critério que temos estabelecido, neste momento, que é a disponibilidade imediata de doses para poder agilizar antecipar a vacinação e não somente atender aos grupos prioritários", explicou o secretário.
Após meses de negociação com os laboratórios das vacinas Pfizer e Janssen, finalmente o Governo Federal decidiu, nesta terça-feira (02), adquirir os imunizantes dessas empresas. A decisão foi resultado da pressão provocada pelo fato da Câmara dos Deputados aprovar o projeto que também dá maior liberdade aos estados e municípios em comprar as vacinas.
"Nós estamos desde o ano passado lutando pelas vacinas. A Pfizer tinha disponibilidade de uma quantidade robusta de doses para atender ao Brasil, caso tivéssemos negociado no ano passado. No quarto quadrimestre, a Pfizer já tinha uma quantidade muito grande de doses disponibilizadas. Porém, o governo federal decidiu não comprá-las no ano passado e agora compra com atraso", comentou Nésio Fernandes.
Na tentativa de acelerar a vacinação contra o coronavírus na população capixaba, o governo do Espírito Santo vem mantendo negociações com seis laboratórios e empresas que produzem imunizantes: Pfizer, Janssen, Sinopharm, Sinovac, Reithera e Bharat Biotech. O governo possui uma verba de R$ 200 milhões reservados para a compra de vacinas.
No entanto, apesar do diálogo com as empresas, há empecilhos que emperram a efetivação da compra. O principal é o fato de quatro deles terem prioridade de negociar com o governo federal - Pfizer, Janssen, Reithera e Bharat Biotech. Essas duas últimas, porém, ainda estão nas fases finais de testes. Já a Sinovac e a Sinopharm ainda não tinham doses disponíveis para a venda.
"Nós temos uma diretriz e um critério que orientam o nosso interesse de compra de vacinas: nós compraremos aquelas que estiverem disponíveis na maior precocidade temporal possível", reforçou o secretário Nésio Fernandes, uma vez que o objetivo é imunizar quanto antes o maior número de capixabas.
A vacina Pfizer é a única que tem registro definitivo aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O imunizante da Janssen recebeu aprovação de autoridades sanitárias de outros países que compõe a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), como Estados Unidos, Canadá e Cuba.
Agora, com a posição definitiva do governo federal em comprar um total de 100 milhões de doses da Pfizer até dezembro e 38 milhões de doses da Janssen no segundo semestre de 2021, o governo do Espírito Santo poderá ter uma conversa mais próxima dos laboratórios para a compra direta.
Nésio Fernandes explica que mesmo se resolvidas todas as questões jurídicas entre governo federal e empresas, o que contará será se há doses agora. "Se as doses da Pfizer forem somente para o segundo semestre, sem nenhuma disponibilidade imediata, e outra vacina, ainda com eficácia inferior, tiver disponibilidade mediata, nós iremos optar, sem dúvida alguma, pela de disponibilidade imediata. Nosso interesse é acelerar o processo da cobertura vacinal contra a covid-19 no Espírito Santo e poder encerrar, de fato, esse capítulo que nós vivemos de ficar contando mortos, perdendo vidas, pois tem esgotado do ponto de vista espiritual, profissional, as pessoas e as instituições", enfatizou o secretário de saúde.
Apesar da demora da União, o secretário Nésio Fernandes diz que a compra da Pfizer e Janssen foi acertada, já que, finalmente, tomou as rédias da imunização nacional.
"Sempre lutamos para o governo federal assumir seu papel de coordenação nacional e que adquirisse todas as doses de vacinas disponíveis no mercado. O Brasil precisa ter pelo menos quatro ou cinco opções de vacinas e não ter fornecedores diferentes da mesma vacina. As tecnologias distintas são importantes por conta da possibilidade de variações do vírus reduzir a eficácia e pela aplicação pelo fato de, em algum momento, a aplicação ser interrompida por problemas de geopolítica internacional, já que o país depende de insumos internacionais", explicou.
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