Após receber menos doses que o esperado, municípios do Espírito Santo foram orientados a mudarem o esquema de aplicação da vacina BCG — que protege de casos graves da tuberculose. O imunizante deverá ser ofertado em menos dias e em menor quantidade nas salas de vacinação de todo o território capixaba.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o Espírito Santo recebeu apenas 8 mil doses neste mês — o que representa 60% do quantitativo previsto, que era de 12 mil. Segundo a pasta, a redução foi comunicada por meio de um ofício enviado pelo Ministério da Saúde aos governos estaduais no final de abril.
Coordenadora do Programa Estadual de Imunizações e Vigilância das Doenças Imunopreveníveis (PEI), Danielle Grillo afirmou que o aviso foi uma "surpresa" e revelou que o Governo Federal alegou que há uma "disponibilidade limitada da vacina em razão de dificuldades na aquisição".
Segundo ela, a menor oferta da vacina BCG é especialmente ruim devido à perda técnica do imunizante, que pode chegar até 50%. "Esse é o nível considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas com menos doses precisamos otimizar a aplicação para não impactar na cobertura", afirmou.
Atualmente, outro complicador se dá pelo imunizante chegar em frascos com 20 doses, cuja validade é de apenas 6 horas depois de aberto. Por isso, além da menor oferta nas Unidades Básicas de Saúde, há a orientação para que ele seja aplicado somente em dias alternados nas maternidades do Estado.
Apesar das mudanças anunciadas, a Secretaria de Estado da Saúde garantiu que o quantitativo de 8 mil doses mensais deve ser suficiente para atingir a cobertura vacinal de 90% das crianças com até cinco anos, visto que o Espírito Santo tem, em média, 50 mil nascidos-vivos por ano.
Conforme divulgado nesta quarta-feira (25) pela Sesa, os municípios capixabas também devem contar com um esquema de agendamento para a vacina da BCG. "Orientamos às famílias que busquem informações junto às prefeituras em relação aos dias e horários de oferta", indicou Danielle.
Ainda segundo a coordenadora do PEI, o Ministério da Saúde adiantou que a redução deve continuar, pelo menos, até o final do próximo mês. "O cenário colocado é de que, a partir de julho, vá sendo ampliada a oferta da vacina BCG gradativamente, mês a mês, até voltar às 12 mil doses", revelou.
No entanto, Danielle ressaltou que a pasta não deu detalhes de como será essa retomada nem adiantou quantas doses serão enviadas aos Estados nos próximos meses. "Isso foi um dos pleitos dos coordenadores estaduais, porque o envio do cronograma de quantidade é fundamental", defendeu.
O Ministério da Saúde esclarece que não há desabastecimento do imunobiológico no país. O quantitativo mensal da vacina BCG varia de acordo com a demanda dos Estados. Entre janeiro e março de 2022 foram distribuídas cerca de 1,2 milhão de doses por mês. Em abril, o quantitativo médio foi de cerca de 500 mil doses. A readequação foi por conta de toda tramitação do processo de aquisição, que envolve compra, o desembaraço alfandegário e autorização pela Anvisa para a entrada do produto no país, que posteriormente é enviado para análise do controle de qualidade do INCQS antes de ser distribuído para as salas de vacina de todo o país.
A pasta também esclarece que no ano de 2019 foram distribuídas mensalmente cerca de 115 mil doses de BCG ao estado do Espírito Santo. Já em 2020 foram entregues 124 mil vacinas, e em 2021 foram fornecidas 149 mil doses ao estado.
A vacina BCG — abreviação de "bacilo de Calmette e Guérin" — serve para proteger as pessoas de formas graves de tuberculose, como meningite tuberculosa e tuberculose miliar. Preferencialmente, a dose (única) já deve ser recebida por bebês recém-nascidos. No entanto, ela pode ser aplicada em crianças que ainda não tenham completado cinco anos.
O Ministério da Saúde afirmou que a readequação dos repasses se dá por trâmites burocráticos do processo de aquisição e distribuição. A pasta também garantiu que não há desabastecimento da vacina BCG no país. O texto foi atualizado.
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