As grávidas e puérperas do Espírito Santo que tomaram a primeira dose da vacina Astrazeneca antes da suspensão pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), realizada em maio deste ano, vão ter que esperar 45 dias após o parto para se vacinar com a segunda dose do imunizante.
No Rio de Janeiro, a prefeitura autorizou, nesta terça-feira (29), que grávidas que tomaram Astrazeneca na 1ª dose recebam a Pfizer na segunda dose.
Segundo a coordenadora do Programa Estadual de Imunizações e Vigilância das Doenças Imunopreveníveis da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), Danielle Grillo, o Estado deve seguir a recomendação do Ministério da Saúde.
“As gestantes que receberam a primeira dose da Astrazeneca devem esperar 45 dias após o parto para receber a segunda dose. Com relação àquelas gestantes e puérperas que ainda não foram vacinadas, elas podem receber vacinas que não sejam desenvolvidas com vetor viral, como a vacina da Pfizer, que foi adotada para este público no Estado”, explica.
Desde maio, segundo recomendação da Anvisa, a vacinação com doses da Astrazeneca para grávidas foi suspensa. A agência explicou que o próprio fabricante a alertou sobre uma “suspeita de evento adverso grave de AVC” que matou uma gestante e o bebê.
A partir de então, futuras mamães estavam sendo imunizadas, na primeira dose, apenas com Coronavac ou Pfizer.
Para as grávidas que já tinham tomado a Astrazeneca, a recomendação do Ministério da Saúde era esperar o fim da gestação e do puerpério — um mês e meio após o parto — para receber a segunda dose do mesmo imunizante.
Nesta terça-feira (29), a Prefeitura do Rio autorizou que grávidas que tomaram a vacina da Astrazeneca contra a Covid-19 na primeira dose recebam a da Pfizer na segunda aplicação. É a primeira capital brasileira a adotar a combinação de imunizantes.
Resultados preliminares de estudos internacionais, citados pelo comitê científico do município, dizem que a mistura das doses traz resultados eficazes contra o coronavírus.
O Comitê explicou ainda que as gestantes deverão procurar seu obstetra e levar um atestado para que recebam a dose de reforço — respeitando a janela de três meses.
Para o infectologista Paulo Peçanha, a decisão de combinar doses de vacinas diferentes, como a que foi autorizada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, para garantir uma imunização total das grávidas é assertiva.
“Quando são contaminadas pelo coronavírus, as grávidas apresentam riscos não apenas para elas, mas também para os fetos. Ainda estamos em um contexto de muitos novos casos diários de Covid-19 no Brasil, e, consequentemente, muitos deles evoluem para a forma grave da doença, inclusive o óbito. Garantir a proteção desse público é fundamental, e doses de imunizantes diferentes já estão sendo aplicadas em outros países”, salienta.
No entanto, Peçanha também salienta que essa decisão deveria ser tomada pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), que é vinculado ao Ministério da Saúde. “O PNI é um programa historicamente eficiente. É fundamental que todos os Estados tenham uma conduta única, contribuindo para uma estratégia de vacinação mais eficiente”, acrescenta.
Quem também concorda com a combinação de doses autorizada pelo Rio de Janeiro é o infectologista Lauro Ferreira Pinto. “A primeira morte por causa da variante delta do coronavírus, segundo o Ministério da Saúde informou, foi em uma grávida. Então, eu me preocupo muito com o risco de Covid-19 neste público. Até novembro de 2020, mais de 330 gestantes morreram por causa de Covid, e outros mais de 300 óbitos estão em investigação”, explica.
Segundo a enfermeira, professora doutora em Epidemiologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel, já existem estudos na Espanha e na Alemanha que comprovam a eficácia da intercambialidade das vacinas.
“Chamamos a aplicação de doses diferentes de vacina heteróloga. Os estudos mostram que fazer essa imunização é seguro e aumenta a eficácia das vacinas. O Canadá, por exemplo, já instituiu isso como política pública do país. Dessa forma, todas as pessoas, gestantes ou não, que tomaram a Astrazeneca e sentiram algum efeito, podem tomar a segunda dose da Pfizer”, explica.
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