O secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, criticou a política de "imunização de rebanho" como medida de controle do novo coronavírus em sua conta no Twitter neste sábado (16). Ele afirmou que os defensores da prática devem "entender que vidas podem ser poupadas" e ressaltou que não há evidências sólidas que sustentem a teoria. O Espírito Santo, segundo estimativas, poderia passar de 20 mil mortes. Para conter o avanço da Covid-19, o secretário reforça a necessidade de isolamento social.
A teoria da imunização de rebanho se apoia no fato de que a população está protegida de um vírus, quando uma porcentagem alta de pessoas se vacinou contra determinada doença. Ou seja, mesmo quem não está vacinado estaria imunizado, já que a vacinação em grande escala reduz a circulação do vírus. Como ainda não há vacina para a Covid-19, neste caso a imunização se daria a partir da infecção de um maior número de pessoas para que criem anticorpos, isto é, defesa no próprio organismo.
O problema é que, com mais pessoas infectadas, um percentual maior também teria o quadro clínico agravado, podendo levar à morte, um vez que ainda não há tratamento específico para a Covid-19. Sem contar que um maior volume de pacientes precisaria de internação, pressionando o sistema de saúde por vagas.
Nésio Fernandes ainda fez mais uma postagem logo em seguida afirmando que são necessários "líderes políticos que tragam luz e não calor à luta contra a pandemia". O secretário também destacou que o momento é de haver mais coesão no país "com medidas de distanciamento social capazes de romper a cadeia de transmissão do Covid-19 e salvar vidas".
Um dos principais críticos ao distanciamento social é o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que, nesta sexta-feira (15), fez um post no Twitter afirmando que "o desemprego, a fome e a miséria será (sic) o futuro daqueles que apoiam a tirania do isolamento total".
Bolsonaro, em outros momentos, também já fez a defesa da imunização de rebanho e tem afirmado que, de uma maneira ou de outra, 70% da população será infectada pelo novo coronavírus.
Embora Nésio Fernandes não se dirija diretamente ao presidente em sua postagem, o secretário fez algumas projeções caso o modelo defendido por Bolsonaro seja implementado.
"Suponhamos que, em junho, 10% da população capixaba tenha sido infectada. Teríamos 400 mil capixabas infectados e, com 4% de letalidade, seriam 16 mil óbitos. Vidas valem e não possuem preço. Imagine a propagação desordenada para atingir 70% da população. A letalidade no Espírito Santo varia de 3-4%. Seriam de 12 a 16 mil óbitos. Se considerar a letalidade internacional, de 7%, seriam 28 mil óbitos", estimou Nésio Fernandes.
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