Desde o início da pandemia da Covid-19, o Espírito Santo registrou a maior incidência de casos da doença no País. Dados do Ministério da Saúde mostram que, entre fevereiro de 2020 e 31 de dezembro de 2022, o Estado teve 32.262 diagnósticos positivos a cada 100 mil habitantes.
Na sequência, conforme informado pelas secretarias estaduais de saúde, aparece Distrito Federal (29.067), seguida de Roraima (28.175) e Santa Catarina (26.972).
O levantamento também aponta que na última semana de 2022, chamada de Semana Epidemiológica (SM) 52 , cujo período compreende dos dias 25 a 31 de dezembro, o Estado ocupava o primeiro lugar do número de casos no Sudeste e o quinto do Brasil.
Comparando com todos os estados brasileiros na SM 52, o território capixaba (161,4 casos/100 mil hab.) só fica atrás do Rio Grande do Sul (283,9 casos/100 mil hab.), Minas Gerais (246,7 casos/100 mil hab.), Rondônia (223,1 casos/100 mil hab.) e Goiás (164,4 casos/100 mil hab.)
A incidência de exames de RT-PCR positivos também foi alta no Espírito Santo em 2022: foram 1.996 diagnósticos por 100 mil habitantes, sendo que a média de todo o Brasil é de 4.509 testes. Por conta disso, o Estado figura em terceiro lugar na lista.
Segundo o infectologista Crispim Cerutti Junior, esses números expressam o comportamento da população capixaba nos últimos anos. Apesar das políticas de controle criadas pelo governo estadual, de acordo com ele, alguns fatores territoriais e sociais favoreceram a transmissão do vírus.
"A transmissão ocorre, como já sabemos, pela proximidade. No Estado, temos a área litorânea, onde existe a cultura das famílias passarem finais de semana juntos, todos em uma mesma casa. Temos também cidades que não são de grande porte, então há uma concentração significativa nas zonas rurais. Comunidades mais carentes funcionam ainda de forma mais aglomerada, além da questão do transporte coletivo. Não podemos classificar a população capixaba em uma coisa só, mas existem fatores importantes", afirmou.
Apesar dos altos números, o especialista frisa que a vacinação contra a Covid-19 e a menor agressividade das últimas variantes que surgiram, como a ômicron BQ.1. Além disso, os dados da pesquisa não representam um valor absoluto, mas sim uma amostra da população.
"O que eu tenho observado é que ainda estamos em vigência de uma onda. Mas, agora, temos controle por conta da campanha de vacinação, que surtiu efeito, e o fato de termos um comportamento das variantes, hoje, menos virulento do que nas primeiras ondas", explicou.
Quanto ao número de óbitos, o Espírito Santo também figurou na pesquisa em uma posição significativa. O número de mortalidade acumulada, a cada 100 mil habitantes, é de 368,2, a nona maior do País. O topo do ranking fica com o Rio de Janeiro, onde esse índice chegou a 440,6, e a menor taxa foi no Maranhão, com 155,1.
Já na Semana Epidemiológica 52, o território capixaba ocupa o quinto lugar no ranking, com 0,7 óbito por 100 mil habitantes. No topo, aparecem em sequência Rio Grande do Norte (2 óbitos/100 mil hab.), Rio de Janeiro (1 óbito/100 mil hab.) e Minas Gerais (0,9 óbito/100 mil hab.) e Goiás (0,7 óbito por 100 mil hab.).
"O número de óbitos não foi tão intenso no Espírito Santo por conta das medidas tomadas pelos órgãos de saúde. Outros estados ficaram em situações muito piores", afirmou Crispim. Até esta sexta-feira (13), 14.992 pessoas morreram devido à doença no Estado, segundo o Painel Covid-19 do governo estadual.
Procurada, a Secretaria da Saúde informou que, desde o início da pandemia da Covid-19, "se pautou pela transparência nos dados da incidência da doença, bem como promoveu testagem em massa da população, ações que perduram até os dias de hoje".
"O Espírito Santo é o que mais realiza testagem de Covid-19 no Brasil. No comparativo de testagem por 100 mil habitantes, seja PCR ou Antígeno, o Espírito Santo é o que mais testa, apresenta menor letalidade a cada 100 casos testados. Os dados referentes a novos casos confirmados para a Covid-19, assim como o número de testes realizados e a relação de positivos e negativos estão disponibilizados no Painel Covid-19 ES", afirmou.
Destacou ainda que é por meio do Painel que também é possível verificar o quantitativo de casos e óbitos de acordo com as demais ondas de crescimento da doença em território capixaba.
"Como medida para conter o avanço da Covid-19, a Sesa tem orientado aos municípios capixabas e à população a realização de três importantes ações: vacinação, testagem e uso de máscara quando recomendado, em especial às pessoas idosas, imunocomprometidas e também em locais fechados e ambiente escolar, como publicado na Nota Técnica COVID-19 N° 14/2022", pontuou.
A Sesa ressaltou ainda que pactuou com os municípios a estratégia de intensificação de vacinação no Espírito Santo, onde cada um pode realizar, ao menos, um mutirão de vacinação por mês.
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