Os indicadores de casos e mortes por Covid-19 no Espírito Santo demonstram queda na curva epidêmica da doença, porém o ritmo de redução é lento. Pelo menos dois fatores têm contribuído para essa lentidão, cujo reflexo é um tempo ainda prolongado no alto patamar que o Estado se encontra de infectados e óbitos. São necessários mais dois meses, aproximadamente, para que a média de mortes fique abaixo de um caso por dia.
Um dos componentes que favorecem a descida mais devagar é a diferença temporal da epidemia no Estado. Enquanto a Grande Vitória já experimenta diminuição consistente dos indicadores, há municípios fora da Região Metropolitana ainda subindo, e de maneira acelerada.
"A curva do interior é diferente, apesar de a população ser mais ou menos do mesmo tamanho da Grande Vitória. Quando olhamos para a curva de casos e óbitos no interior, ela é mais baixa e alongada porque são várias regiões que têm cidades com momentos epidêmicos diferentes e, quando soma tudo, a curva fica mais alongada. Já a Grande Vitória funciona como se fosse uma cidade só", explica o professor Etereldes Gonçalves Junior, do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE).
Simultaneamente a essa diferença temporal da epidemia, o Espírito Santo vivencia um momento de maior flexibilização de atividades e, portanto, mais pessoas expostas ao risco de infecção pelo coronavírus.
"O fator regional não explica tudo. Se olhar a curva da Grande Vitória, ela também desce mais lento do que subiu por conta da maior exposição da população", pontua Etereldes.
Assim, observa o professor, apesar de haver mais atividades liberadas, medidas como distanciamento social, uso de máscaras e higienização constante das mãos não devem ser negligenciadas porque a pandemia não acabou e o risco de contaminação permanece em todos os municípios do Estado.
Questionado sobre como o Espírito Santo deve chegar ao final do ano neste contexto de pandemia, Etereldes estima que a média móvel de óbitos, num intervalo de 14 dias, vai levar cerca de dois meses até registrar menos de uma morte diária. A média móvel, que hoje está em 17,29 e teve pico de 37,07 em junho, é uma avaliação que mostra a tendência de comportamento da Covid-19 no meio de variações fortes de um dia para o outro.
"Mantendo a velocidade média de descida registrada até aqui, precisaríamos de mais 54 dias aproximademente para ter a média móvel de óbitos abaixo de 1, ou seja, ter menos de 14 óbitos ao longo de duas semanas", calcula o professor. Com um cenário mais favorável, isoladamente a Grande Vitória poderá ter essa mesma média de mortes em prazo menor, aponta Etereldes, muito provavelmente no final de setembro.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta