O caso do morador de Aracruz, Magno Sérgio Gomes, de 46 anos, que morreu na manhã do último sábado (27) por suspeita de intoxicação por uma substância tóxica presente no peixe baiacu, repercutiu nacionalmente e acendeu um alerta sobre os riscos de consumir a iguaria.
No Espírito Santo, a cada ano, são registrados, em média, 6 casos de intoxicação por ingestão de baiacu. Os dados foram levantados pela Secretaria de Estado de Saúde, por meio do Centro de Informação e Assistência Tóxica (CIATox-ES), a pedido de A Gazeta. Do início 2020 até o fim 2023, foram contabilizados 25 registros, com uma morte.
Intoxicação por baiacu no ES
Segundo a família de Magno Sérgio, a causa da morte dele por envenenamento. Em virtude disso, é normal surgir algumas dúvidas sobre a forma correta de consumir o peixe ou se ele é realmente comestível. Em entrevista ao G1 ES, o especialista em peixes, João Luiz Gasparini, explicou que os baiacus são peixes venenosos, mas comestíveis.
“No Brasil, existem pelo menos 20 espécies de baiacus. No Espírito Santo, há pelo menos uma dezena. Todos possuem uma toxina chamada tetrodotoxina, que é muito potente e pode causar de uma leve dormência (quando ingerida em baixa quantidade) até a parada cardiorrespiratória (se ingerida em grande quantidade)”, detalhou.
O especialista esclareceu ainda que as toxinas são o maior fator de risco na hora de se comer o baiacu e algumas espécies são mais perigosas. Segundo ele, a maior concentração da toxina se encontra na vesícula biliar, mas, em algumas espécies, pode estar espalhada em todos os tecidos, inclusive músculos e ovas, vísceras e pele.
“Varia de espécies para espécie. Outra dica importante é jamais comer as espécies menores (do gênero Sphoeroides), elas parecem ser mais perigosas. O baiacu-arara é tranquilo. Todos consomem sem problema”.
José Luiz Gasparini afirma que, além de analisar qual espécie de baiacu pode ser ingerida, uma limpeza rigorosa precisa ser feita no animal antes dele ser servido. O correto, segundo ele, é nunca romper a vesícula biliar no momento de retirar as vísceras.
Para que isso ocorra, deve-se usar uma faca amolada, com muito cuidado, pois a pele da barriga do animal é semelhante a um couro com espinhos pequenos. “É difícil de cortar, daí a necessidade de solicitar os serviços dos profissionais que estão nas peixarias e mercados. Os limpadores de peixe - eles detêm conhecimento e fazem com muito cuidado e capricho”, orientou.
Comeu algo diferente e suspeita de envenenamento ou intoxicações em geral? Ligue para o Centro de Informação e Assistência Tóxica que pode ser acionado 24h pelo telefone 0800 283 9904.
*Com informações das repórteres Viviann Barcelos e Viviane Lopes, do g1ES
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