O verão começou nesta quarta (21) e uma situação comum nesta estação já preocupa: afogamentos. E o número de ocorrências do tipo no Espírito Santo já assusta - houve uma morte a cada dois dias neste ano. Dados do Corpo de Bombeiros apontam que, entre janeiro e a primeira quinzena de novembro, foram registradas 134 mortes por submersão no litoral capixaba.
Esse valor corresponde a um aumento de 19% das ocorrências na comparação com o mesmo período de 2021, quando 113 pessoas morreram afogadas.
A maioria dos casos, segundo a corporação, aconteceu em lagos, lagoas e represas. De acordo com a capitão Gabriela Andrade, especialista em salvamentos, existe uma falsa sensação de segurança entre as pessoas nesses locais, por causa da "calmaria" da água. No entanto, infelizmente, é aí que o perigo mora.
"A pessoa que não sabe nadar ou que tem dificuldade, ela chega na praia, vê correnteza, onda, e não se arrisca tanto. Só que chega naquela lagoa, vê aquela água parada, tem aquela falsa sensação de segurança, e acaba se expondo muito mais ao risco. É aí que normalmente acontece o afogamento", afirma.
Para a reportagem da TV Gazeta, a especialista também destacou os diferentes perigos presentes nas piscinas. Segundo ela, um dos principais riscos está na bomba de sucção (responsável pela filtragem da água), que pode puxar partes do corpo tanto de crianças quanto de adultos, fazendo com que se afoguem.
"Colocar uma tampa de ralo anti sucção é importante, por muitas crianças são sugadas pelos cabelos por conta da força da bomba da piscina. Caso aconteça alguma situação em que os cabelos ou partes do corpo sejam sugados pelo ralo de piscina, quem estiver no momento vai ter que saber desligar a bomba. Todos da casa devem saber desligar a bomba da piscina", orienta.
Um levantamento da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), publicado em julho deste ano, mostra que o afogamento é a primeira causa de morte mais frequente entre crianças de 1 a 4 anos no País. Ainda segundo a pesquisa, quatro crianças morrem afogadas diariamente.
Capitão Gabriela alerta ainda para outros cenários perigosos que podem terminar em tragédia: "Situações em que os pais, por exemplo, deixam brinquedos na piscina e as crianças vão lá tentar buscar e acabam caindo. Situações em que o pai deixa a criança em uma boia inflável, boia de baço, circular, e tem a falsa ideia de que ela estará segura", pontua.
Na opinião da especialista, para se prevenir, o ideal é que as pessoas aprendam a nadar desde cedo. "Natação é prevenção para toda uma vida", destacou.
Em entrevista à repórter Priciele Venturini, da TV Gazeta, nesta sexta-feira (16), o coordenador de Salvamento Marítimo (Salvamar) Ednardo Rocha Dalmacio deu algumas dicas de como evitar o afogamento no litoral capixaba.
A principal, segundo ele, é que os pais e responsáveis sempre escolham um lugar na praia próximo aos guarda-vidas, para pedir socorro caso seja necessário. Outra orientação é de manter uma distância máxima de apenas um braço em relação à criança.
"A criança não passa pelas fases do afogamento, ela já vai direto pra submersão. As fases do afogamento são: angústia, pãnico e submersão. A criança não tem angústia, ela não entra em panico. Quando pisa em um buraco, ela afunda e já vai direto para submersão. O adulto, não, ele se debate, consegue dar visualização para o guarda-vida ir lá e fazer o resgate dele", apontou.
Outra indicação do especialista é não utilizar qualquer objeto inflável que possa esvaziar ou furar, como é o caso das bóias. O ideal é que as famílias se previnam apenas com coletes salva-vidas que tenham registro nos órgãos competentes.
Sobre a prevenção entre jovens e adultos, Ednardo recomenda evitar o uso de bebida alcóolica antes de entrar no mar. De acordo com ele, o álcool faz com que a pessoa se sinta destemida e, com isso, descarte os riscos existentes na praia. Os reflexos dela, no entanto, ficam prejudicados, além de perder habilidade e força física.
Caso o pior já tenha acontecido, quem estiver presenciando o afogamento deve chamar com urgência os guarda-vidas. "Por isso o ideal é ficar perto deles", frisou.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta